Amor de programa - •°•JIKOOK•°•

1. Novo mundo

Há muito tempo atrás, quando tinha apenas quinze anos, achava que tudo mudaria de uma forma drástica em minha vida quando eu chegasse aos dezoito. Hoje eu vejo que nada de muito drástico de fato aconteceu.
Quero dizer, aconteceram várias coisas, mas nada que me deixasse impressionado. Eu era um adolescente sonhador demais.

Me mudei aos dezessete anos de casa, por objetivo de vida mesmo. Meus pais me bancaram no primeiro mês, mas logo tive que aprender a me virar.
Trabalhava de bibliotecário em uma biblioteca das sete da manhã até às uma da tarde, recebendo um salário suficiente para minha sobrevivência, embora meus amigos achassem que eu merecesse mais, nunca fui muito de me importar com dinheiro.

Bom, eu ainda continuava com o mesmo estilo de roupa de quando tinha dezesseis anos, ainda havia uma camisa vermelha de botões xadrez e usava com gosto, mesmo que tivessem alguns rasgões, mas eu sempre dava um jeito de costurar aqueles túneis. Meu all star jeans ainda era meu calçado favorito e ninguém conseguia tirar ele de meu guarda roupa. Eu sempre achava.

- eu pensei que havia escondido essa merda. - Jin resmungou ao que pegava meu all star de meu guarda roupa. - Sério Jungkook? Até quando?

Suspirando, após me jogar na minha cama de solteiro resmunguei - Eu gosto desse sapato Jin, por que não respeita meu estilo?

- Respeitar eu até respeito, só quero dizer que essa merda está acabada. Olha, vamos no domingo comprar roupas e calçados novos pra você tá? - E fechou a porta de meu guarda roupa, saindo do quarto, enquanto eu fazia uma careta.

- Jin, eu não preciso disso. Sinceramente, eu só saio de casa pro trabalho. E ninguém nunca reclamou do buraco em minha calça jeans. - Eu disse, o seguindo até cozinha, que era um cubículo. - E eu não tenho dinheiro pra comprar roupa, sei que gosta de comprar roupas de marcas, não tenho renda pra isso.

- Eu vou enfiar essa colher de pau no teu cu Jungkook. - Me segurei para não revirar os olhos com isso. Ele realmente era capaz, não queria arriscar. - Pra encher a cara de cerveja com aquele teu amigo Yoongi tu tem dinheiro de sobra, né?

- Eu não bebo tanto, você sabe. E é sempre o Yoongi que paga. Quer dizer, ele disse que quando eu encontrar um emprego com um salário melhor era pra bancar todas as nossas noites de bebedeira.

Jin respirou fundo, colocando os legumes na panela. - Não confio naquele Yoongi. Não sei, não consegui ir com a cara dele. Nunca vi um ser humano soltar tanto palavrão.

- Você também solta.

- Só quando estou muito irritado mocinho. Esse Yoongi não consegue formular uma frase sem ter um palavrão no meio.

- Ele é uma ótima pessoa, ele só é... Bom... - Tentei achar as palavras. Era difícil encontrar um elogio para Min Yoongi. - Bom, ele é uma pessoa confiável que nunca te deixa na mão.

Jin ligou o fogão, colocando a panela no fogo. Parecia um pouco desanimado. Ele realmente odiava o Yoongi?

- O que foi hyung? Você tá tão pra baixo nesses últimos dias...

Ele passou as mãos em seus cabelos rosas que já estavam precisando retocar a tinta. - O Namjoon, ele brigou com os pais dele de novo.

- Por sua causa?

- É. Os pais dele são... Você sabe. Muito tradicionais e, não entendem que o Namjoon seja gay, mesmo que já faça dois anos que ele tenha se assumido. Eles querem que o Namjoon namore uma tal de Hyuna.

- Oh... Isso é... - Não achei as palavras certas. - Sinto muito Jin, tenho certeza que vai dar tudo certo pra vocês.

- Eu não sei se vai dar, Kookie. Faz uma semana que isso aconteceu e nem uma mensagem o Nam me mandou. Não sei mais o que pensar, se ele se casar com ela...

Toquei seu ombro. - Ele não vai, Namjoon é gay, assumido e completamente apaixonado por você Jin. Ele não faria algo assim.

- Namjoon não dá muito ouvidos ao coração, ele age mais pela lógica. Parando pra pensar ele pode viver uma vida muito melhor com a Hyuna, ela pode lhe dar filhos eles não sofreriam preconceito nem pela parte da sociedade e nem pela dos pais.

- Se estivesse no lugar dele se casaria com ela?

- Claro que não. Não iria dar certo. - Ele riu, sem humor. - Respeito qualquer decisão que ele tomar.

Respirei fundo, duas vezes, sem saber o que dizer. Por que os adultos eram tão complicados?

Jin preparou o almoço todo calado, perguntando sobre algumas coisas da minha vida e durante o almoço ele tocou novamente naquele assunto que realmente não me interessava, pelo menos não agora.

- Então você não está gostando de ninguém no momento? - Ele perguntou, assenti. - Está me dizendo isso há dois anos.

- Eu só não acho necessário, sabe? Não gosto de me forçar nessas coisas. Se for pra me encontrar alguém, essa pessoa vai aparecer.

- Concordo com seu ponto de vista, mas... Não se sente carente? Tipo, falta de abraçar alguém? Beijar...

Fiquei corado com aquelas palavras de meu amigo. - Ora... Não, Jin. Óbvio que não!

Na verdade, às vezes eu ficava enjoado de abraçar meu coelho de pelúcia. Eu já tinha dezoito anos, sabia que ele nunca iria me responder.
Mas sinceramente, por mais que às vezes eu quisesse me relacionar com alguém eu nunca me interessava pela pessoa, não mesma intensidade. Eu sempre terminava os relacionamentos em menos de um mês, já era rotina.

- E se eu for aquelas pessoas que não sente atração por absolutamente ninguém Jin?? - Perguntei, um pouco assustado com aquela hipótese.

- Balela, você não encontrou a pessoa certa ainda. Relaxa!

Relaxei os ombros, na cadeira, voltando a comer em seguida. Lavei os pratos após terminar. Conversei com Jin mais algumas horas até que ele precisou ir embora, por alguns problemas pessoais.

- Sua mãe vai ficar boa logo. - Eu disse, abraçando Jin que deu um sorriso triste.

- Te ligo antes de você ir dormir ok? - Beijou minha bochecha e então saiu de casa.

Depois disso os meus planos eram apenas ficar em casa, assistir séries enquanto comia porcarias, mas como sempre Yoongi me ligava para me atormentar e acabar minha paz.

- Boa noite senhor Kid Bengala da Coréia, quanto é o filme? - Ele começou, após eu colocar o aparelho na orelha. - Feliz aniversário filho da puta!!

- Vai a merda Yoongi, e meu aniversário é só mês que vem, pra sua informação.

- Ué, mas como assim não é setembro ainda?? - Ele fez as contas enquanto eu revirava os olhos. - Oh, que merda. Foi mal aí tijolinho.

- Que ótimo amigo eu tenho, mas vem cá, me ligou pra falar algo de útil ou só pra falar asneira mesmo?

- Eu vou enfiar um pé de cabra no seu rabo, tá bom bebê? - Eu nem tinha mais pupilas de tanto que eu revirava os olhos. - Como eu achei que hoje era o seu aniversário, eu havia preparado uma noite especial pra gente... Sei lá... Tô afim de te dar uns beijos.

- Sério amor? Não sabe o quanto esperei por esse momento. Até fiquei duro agora só de imaginar a sua boca na minha. - Ouvi Yoongi fingindo gorfar do outro lado da linha e soltar um "eca". - Pra onde vamos?

- Pra um lugar muito especial. Saiba que, esse será meu presente de aniversário antecipado. Então nem venha encher meu saco depois, ok? Fique bem bonito e cheiroso, vamos para uma das maiores e mais frequentadas boates de Seul.

E lá vamos nós de novo.