Folhas de Outono

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Estados Unidos, 1.838

          Era outono, uma das épocas mais encantadoras pelas folhas que circulavam as ruas durante o vento, algumas voam ao balançar das árvores dando uma vasta mistura de cores espalhadas pelas estradas de cascalhos e ruelas de pedra da pacata New York.

– Olá pequenina, é a mamãe! – Falava a jovem após longas horas de parto com os seus cabelos desgrenhados e com fios grudados em seu rosto molhado pelo suor – Seu pai teria gostado de lhe conhecer. – Uma lágrima brotou em seus olhos e pareceu despencar como pedra porém logo abrira um sorriso por ver a pequena abrir seus olhos cor de safira e enormes –

– Ela é realmente linda, – Dizia a jovem morena amiga que ajudara no parto da pequena – Jonathan estás feliz aonde quer que esteja, tenhas certeza disso! – Apertou suavemente o ombro da amiga que assentiu – 

– Ele sonhava em ser pai e teria tantas coisas para ensiná-la, – Falou com pesar ao olhar os olhos da pequena tão pura e inocente tocar seu queixo com as mãozinhas quentes e frágeis – Porém não podes, uma vez que foi levado pela doença tão jovem. – Se levantara com um pouco de dor pelas horas de esforço e a colocou no berço simples ao lado da cama –

– Cuidaremos dela Cora, – Sorria de lado para animar a amiga – Daremos um jeito, por Jonathan! 

       Os anos se passaram e Cora quase não conseguira se manter devido às dificuldades de ser mãe solteira e não ter mais a ajuda de seus pais que já haviam falecido. 

– Tens certeza que desejas fazer isso? – Perguntava a jovem Úrsula olhando a amiga com pesar – Ela precisa da mãe, o que eu direi a ela quando perguntares por onde tu andas? – Sentiu seus olhos se encherem de água junto aos da outra jovem – Eu não irei conseguir Cora, por favor não faças isso.

– Eu preciso, talvez eu consiga me virar melhor na Inglaterra e eu preciso tentar, – Dizia enquanto abraçava a pequena que estava prestes a completar três anos de idade – Eu irei voltar para buscá-la, eu prometo que virei pequeno Maple, – Beijava as bochechas repletas de sardas da criança que lhe olhava confusa – Mamãe te ama, jamais esqueça disso! – Entregava a criança para a amiga que ainda estava em prantos – Entregue esta carta para ela, caso eu não volte. É de Jonathan. Ele escrevera enquanto doente no barco endereçada a ela, embora eu não saiba o que há na mesma.

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ANOS MAIS TARDE - Inglaterra, 1.864 

       É um lugar belo, diferente do qual eu cresci e embora tenham sido anos difíceis consegui ser forte e me tornar uma mulher bem resolvida e com uma carreira mesmo em uma sociedade que é contra a independência feminina, uma sociedade que acredita que mulher precisa e deve depender de um homem, embora eu tenha uma opinião claramente contrária. 

– Obrigado! – Dizia sorridente enquanto entregava algumas libras para o senhor que a levara na carruagem – Tens certeza que és aqui? – Olhava encantada para o antigo porém ilustre casarão enquanto o senhor assentiu – Tudo bem, faça uma boa viagem. – Descera da carruagem com sua mala de mão e se decidira sobre entrar ou não – O que eu vou dizer? Tenho tantas perguntas sem respostas todos esses anos. – Se perguntava em seus próprios pensamentos pressionando os lábios para conter as lágrimas –

– Posso ajudá-la? – Dizia o jovem Daniel que passara com um dos cavalos o segurando pelas rédeas – Oh, está chorando senhorita? – Sorriu ao vê-la dar um sorriso de lado e se apresentar – Muito prazer senhorita Mader, não chores por favor, não lido bem com donzelas chorando. – Recebeu uma gargalhada da jovem e se sentiu aliviado por ela ter parado de chorar –

October is Shades of BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora