Capítulo 1

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RED EYES


- Desculpe - me, você não passou no teste - A mulher velha e cheia de reboco na cara cospe as palavras sem ao menos olha pra mim.

- Como? - Ela paira sobre o ar, e coça o queixo.

- Você não se encaixa na nossa vaga, está muito acima do peso - Olho para mim mesma através do espelho e procuro algum vestígio de gordura. Isso só pode ser alguma brincadeira.

- Lia por favor, eu preciso muito dessa vaga, eu... eu tento emagrecer antes dos desfiles, por favor, eu imploro - Por dentro eu estava queimando de raiva, queria xinga-la de todos os nomes, e poder dizer que a crosta de reboco na cara dela tá pior que parede mal rebocada, mas infelizmente preciso dessa vaga, desde que o maldito do meu pai abandonou minha mãe e eu, preciso me virar de alguma forma pra arrumar um emprego, mesmo pagando pouco ajudaria nas despesas de casa, minha mãe se recusa a entrar em qualquer empresa de advocacia, após nos mudarmos para a parte " Xexelenta" como diz minha mãe, da parte da cidade, não ficou fácil convencê-la a aceitar arrumar algum serviço por aqui.

- Lucy entenda, somos uma empresa conceituosa, não podemos sujar o nome da Fashion niss pondo qualquer uma no quadro de funcionário, sinto muito que não tenha passado no teste, deixe seu currículo no nosso banco de dados, se algum dos nossos funcionários sair, ligaremos pra você - De gorda fui pra segunda opção, eu mereço!

- Seguinte agora quem não quer essa merda sou eu, passar bem! - Ela me olha assustada antes de me levantar e sair batendo a porta de sua sala, todo mundo me encara após eu sair, não hesito de perguntar rudemente a garota morena com cabelos longos. - Tá olhando o que!? - Ela me encara assustada e abaixa a cabeça. Saio a passos pesados do prédio, e caminho até em casa, o apartamento não fica tão longe do centro, pelo menos algo de bom, caminho rapidamente pela calçada sentindo o vento quente bater contra meu rosto. Mais uma entrevista foi por água a baixo, só pode ser meu dia de azar.

***


Suspiro e sento - me no sofá, meu couro cabeludo coça, como vou contar a minha mãe que não consegui a vaga? Massageio as contemporâneas e jogo a cabeça pra trás. Talvez eu deve - se tentar uma vaga de garçonete ou faxineira, mas nem lavar uma louça eu sei, Virgor sempre fazia tudo pra mim, até isso meu pai levou da gente, Maldito, maldito! Queria poder tacar gasolina nele e na magrela da sua nova namorada e depois atirar fogo.

Ligo a TV, e a mulher da reportagem comenta sobre a nova onda de prostituição através de trabalhos falsos, tem que ser muito idiota pra cair nessa.

" Sete jovens morrem de overdose essa semana "

- Já chegou? Como foi a entrevista? - Minha mãe aparece atrás de mim, e me olha sorridente, não posso falar que falhei novamente.

- Foi bem - Sorrio forçado, e ela ergue uma sobrancelha.

- Você falou isso nas últimas quatro entrevistas, e em nem uma delas você conseguiu a vaga - Ela cruza os braços e fecha a cara. Não posso falar a verdade, risco de ela dar outro chilique.

- Dessa vez é diferente, eles gostaram do meu currículo, disseram que vão me ligar pra fazer o exame toxicológico, apenas me mandaram ter calma e aguardar - Minha voz falha no final, e mamãe não parece acreditar na desculpa esfarrapada.

- Lucy, você sabe que te criei como uma princesa, então não acei... - A interrompo completando sua frase.

- Eu sei mãe, não aceite qualquer coisa como trabalho, os Heartfilias não comem migalhas - Repito sua frase de sempre - mas o que vier terá que ser isso, nossas contas já estão atrasadas, e mal temos comida na geladeira.

Red EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora