Vida Marginal

Capítulo 2

¦ Espanha, 2016

...

Eu nunca tinha visto uma mesa tão farta, tinha pão, manteiga, leite e queijo, podia ser pouco para muitos, mas para mim era a melhor coisa do mundo.

Puxei a cadeira me sentando com as meninas em uma das cinco mesas que tinha na sala, olhei em volta e havia muita gente comendo, sorrindo, se abraçando, felizes, queria que a minha mãe viesse, mas o médico disse que ela precisa de descanso por isso a deixei no quarto.

_ O que está fazendo? _ perguntou Natália assim que me viu embrulhar pão com queijo num guardanapo.

_ Vou levar um pouco para a minha mãe, ela deve estar com fome! _ Falei a olhando e elas sorriram singelas.

_ Não se preocupe, a Olívia já levou o pequeno almoço para ela! _ Falou Gabriela.

_ Que simpática! _ Falei sorrindo _ Então vou comer! _ Falei e servi leite em meu copo.

Eu comia feito uma condenada, a cada mordida eu agradecia, nunca imaginei comer algo tão bom pela manhã, era maravilhoso.
Parei de apreciar quando percebi que as meninas olhavam curiosas para mim.

_ Admiro bastante o seu amor pela sua mãe! _ Falou Natália.

_ Verdade, eu nunca tive a oportunidade de ter alguém para chamar de mãe! _ Falou Gabriela e aquilo foi triste de ouvir.

_ Eu gosto muito dela, ela sempre cuidou bem de mim mesmo sofrendo, mesmo vivendo na rua! _ Falei limpando a boca e elas me olharam emocionadas.

Não conheço a história delas, nem faço ideia de como vieram parar aqui, mas eu aprendi uma coisa, que olhando nos olhos das pessoas você consegue ver além do que aparentam , e sinto que passaram por coisas difíceis.

_ Cristina! _ Falou uma voz feminina atrás de mim e eu me virei_ Está gostando do café da manhã? _ perguntou Olívia.

_ Sim, muito obrigada! _ Falei sorrindo.

_ Venha comigo um pouco, vou lhe apresentar o seu professor! _ Falou e eu fiquei espantada.

_ Professor? Eu vou aprender a ler e escrever? _ Pergunto maravilhada e ela assente_ Finalmente, um sonho meu se tornando realidade! _ Falei me pondo em pé.

Me despedi das meninas e segui o caminho com a Olívia, atravessamos o corredor e logo paramos de frente para uma porta vermelha, Olívia abriu e nesse acto revelou-se uma sala de aula linda e na secretária de frente, um professor lendo um livro, mas assim que nos viu se colocou em pé e sorrindo veio até nós.

_ Seja bem vinda Cristina! _ falou o homem alto e robusto.

_ obrigada! _ Falei sorridente.

Ele tinha os olhos castanho escuro, pele branca e pálida, rosto peculiar, cabelos grisalhos num topete e usava uma roupa confortável.

_ Ela será a sua aluna exclusiva, no turno da manhã, para alfabetização, precisa ser lapidada e você é o melhor para isso! _ Falou Olívia.

_ Muito bem, amanhã, 8hrs pontualmente, estaremos aqui, não gosto de atrasos! _ Falou simpático olhando para mim.

_ Pode deixar, será tudo certinho, 8hrs aqui! _ Falei entusiasmada e rimos.