Capítulo 31

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¦ Espanha, 2016
...

Eu estava morrendo de vergonha, nem coragem para lhe olhar na cara eu tinha, passei a limpar as lágrimas e me virei aos poucos para ela, com certa cautela eu tentei tocar sua mão, eu precisava dela, do seu abraço de mãe, me sentia culpada por ela estar chorando agora.

Quando cheguei perto ela se afastou de mim e se levantou passando as mãos no rosto e aquilo doeu em mim, baixei o rosto ainda sentada na cama e apertei com as mãos a borda inferior do meu vestido.

_ Mãe desculpa, me perdoa! _ Falei baixinho.

_ Como você pode Cristina, justo com ele, um homem que estava prestes a se casar e você vai engravidar dele? Eu não te eduquei dessa maneira Cristina Silva! _ gritou e eu encolhi os ombros voltando a soluçar.

_ Mãe eu juro que não sabia que ele tinha uma noiva quando eu descobri eu já tinha cometido o erro de me entregar! _ Falei a olhando e ela suspirou me olhando com desgosto.

_ Eu tinha tantos planos para você minha filha, eu estava juntando todo o meu salário para colocar você numa escola, ir a universidade e deixar essa vida de empregada que eu não sonhei pra você e você desperdiçou tudo isso! _ Falava cansada totalmente arrasada e aquilo partiu meu coração.

_ Me desculpa, por favor! _ Falei com aperto no peito.

_ Pára de se desculpar, pára porque não vai mudar nada! _ Gritou _ Você viu? Viu que o pai dessa criança se casou hoje e nem olhou para trás, pra você, te seduziu, levou para cama e decidiu fazer a vida dele perto da mulher que ama, a essa altura estão do outro lado do mundo felizes, enquanto você está aqui, grávida e desonrrada! _ Gritou passou a me bater, eu apenas me encolhia eu merecia esses tapas por ser tão burra_ Porquê Cristina, porquê? _ Falou chorando e parou de me bater.

Eu abracei meu corpo e fiquei olhando para ela que nem me encarava direito, ela estava desiludida, eu sei que sim, eu conheço ela, minha mãe sempre fez tudo pra mim, passou fome, foi humilhada, passou frio, tudo somente por mim, e eu não soube retribuir seu sacrifício esse tempo todo, eu me entreguei numa paixão que nunca existiu, nunca foi recíproco.

_ Eu tiro... _ Falei e ela olhou para mim sem entender _ Eu tiro essa criança mãe, e posso estudar, ir para uma universidade, tudo por você e prometo não errar de novo mãe! _ Falei e ela me olhou horrorizada.

_ Você não vai tirar nada, que pecado cruel, essa criança não teve culpa das vossas borradas, ela não pediu para vocês pra vir ao mundo, não fala besteira! _ Falou incrédula.

_ Então o que faço? Vou ter um filho sem pai? Não posso cuidar dele sozinha, o Mário se casou e não vai larga-la para ficar comigo, ele apenas quis sexo e eu burra caí nisso e me apaixonei! _ Gritei cansada de tudo, destruída por dentro e por fora.

_ Que pensasse nisso antes, agora está feito! _ Gritou e eu olhei para cima puxando meu cabelo de tanta frustração.

_ Não quero desiludir você, não quero que me olhe com esses olhos de decepção, não quero conviver com esse erro mãe! _ Falei me levantando.

_ Já está feito e não vai mudar, vocês fizeram isso, vocês vão arcar com a consequência, amanhã mesmo eu vou falar com a dona Lorena, você não vai cuidar sozinha! _ Falou decidida.

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