Cap 18

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De fato, a consciência estava voltando aos poucos. Fazia cinco minuto ele aparentava estar voltando à si. Primeiro mexera um dedo, depois um braço inteiro; pouco depois a pernas e, então, mexera o corpo inteiro. Mas no ponto de vista de Sungjae, ao ter os olhos abertos e a escuridão do seu subconsciente iluminado por uma forte luz branca, foi como se a sua consciência tivesse voltado naquele exato segundo brusca e instantaneamente.
Em torno da luz branca borrada, manchas se moviam para perto dele, aos poucos tomando forma e ganhando contornos. Logo ele estava diante de Momo, Sooyoung e Heechul . Mas parecia que faltava alguém.
Sungjae desmaiara na beirada da piscina, logo depois de sentir que caíra para trás estando cruzando o limite entre a vida e a morte e respirar profundamente tirando a cabeça da água. E naquele momento ele vira algo que o deixara completamente atordoado. Uma pessoa que não deveria estar ali.
E agora – infelizmente, Sungjae sentia – ela não estava mais ali. Ou, pelo menos, ele ainda não a havia visto. Porque no segundo seguinte, detrás de Sooyoung , que sorria abertamente, ela surgiu, olhando-o com o carinho e a felicidade de estar de volta. Os cabelos estavam lisos caindo sobre os ombros e escorregando pelas costas, a pele limpa e macia. Roupas novas, limpas e arrumadas lhe vestiam o corpo. Rose sorria, não só com os lábios, mas com cada traço do seu rosto.
Por um minuto inteiro Sungjae só conseguiu abrir e fechar a boca sucessivamente, sem nada dizer. Milhares de perguntas surgiam em cada canto da sua mente. Ele sentiu-se tonto, mas quando Rose tocou sua perna por cima do lençol que cobria seu corpo ela pareceu mais real e toda a agonia dissipou-se.
Só então Sungjae percebeu que estava em um quarto de hospital.
- Oi – foi a única coisa que ele pôde dizer.
Rosie adiantou-se e abraçou o amigo, respondendo com uma risadinha:
- Oi.
Tom sorriu, mas sua expressão continuava interrogativa.
- Como... Como v-você...?
Sooyoung riu e olhou para Heechul e Momo.
- É isso que todos nós queremos saber – disse ela.
E o sorriso alegre de Rosie desapareceu enquanto aquela felicidade anterior sumia, diluída em outro sentimento não tão bom. Tristeza.
Ela suspirou e puxou uma cadeira para perto da maca de Sungjae. Sentou-se com calma e um olhar sóbrio.
- Então é melhor vocês se prepararem... – e continuou – Porque a coisa está prestes a ficar feia!
Heechul Momo se entreolharam.
- Feia como?
- Bom, eu descobri que...
Mas antes que Rosie pudesse dizer mais alguma coisa, Sooyoung levantou a mão ao ar, balançando-a impaciente.
- Espera um pouco! – ela disse. – Rosie , começa a história pelo que aconteceu com você e o Jung , certo? Vamos com calma.
Sungjae concordou com a cabeça e Rose também.
Rose maneou a cabeça; o lábio crispado de maneira aflita.
- A verdade é que não tem muito o que contar sobre o acidente – ela disse. – Quando o carro explodiu, o Jungkook jogou-se em cima de mim e eu desmaiei. Quando eu acordei ele não estava mais lá.
- Então ele também...
- Eu acho que sim. A gente não sabe como ou porque os corpos somem quando o ataque dá certo, mas eu suponho que o mesmo tenha acontecido com D.O e Nanjoom– Rose suspirou alto e continuou. – Depois eu segui pela estrada e desmaiei. Acho que um casal me ajudou e me levou para um hospital, mas isso não é importante, eu acho que ainda estava meio dopada com todos os remédios que tomei lá. O importante dessa história toda – ela disse. – É isso.
E tirou do bolso um pequeno cartão de papel dobrado com um símbolo de três estrelas e um G maiúsculo entrelaçado com uma circunferência na frente e uma tabela na parte de dentro, com duas ou três assinaturas feitas a caneta de tinta azul.
Tom pegou o cartão hesitante das mãos de Rose e analisou-o curiosamente.
- É um cartão bibliotecário? Parece um.
- É, de fato, um cartão bibliotecário – disse Rose . – Mais do que isso, é um cartão de locação de livros da biblioteca municipal daqui. As assinaturas são claramente do Jung – ela passou o cartão para Sooyoung e Momo, que concordaram. – E eu botaria minha mão no fogo pelo fato de que ele colocou esse cartão no bolso da minha calça quando pulou em cima de mim, quando o carro explodiu.
Sooyoung deu uma última olhada no cartão e passou-o para Dougie.
- Ele pegou esses livros lá? – ela perguntou.
Rose consentiu com a cabeça, e depois disse:
- Eu fui atrás e consegui os livros que ele leu – então tirou uma pedaço rasgado de papel do bolso, onde estava escrito um texto por ela mesma. – Copiei esse trecho de um dos livros, mas isso é pouco perto de todas as coisas que o Jung conseguiu descobrir.
Ela entregou o papel para Sungjae, mas ele continuou encarando-a com um olhar frustrado.
- Ele descobriu muita coisa.
- Ele deduziu muita coisa – ela corrigiu. – Mas são teorias completamente plausíveis que tornam essa coisa toda de maldição ainda mais complexa. Parece que teriam pessoas que, no passado, acreditavam que a maldição era só o começo de algo muito maior. Depois a ciência gerou muito ceticismo e essas histórias desapareceram no tempo, mas só esse texto, que eu tirei de um livro muito velho sobre a história local, é um poema de um velho senhor que morou nessa região no século XVII e as pessoas acreditavam ser um profeta. Esse texto é supostamente uma das suas profecias, e ler isso é de arrepiar cada pêlo do corpo.
O final do discurso de Rose foi a deixa para que Sungjae baixasse os olhos para o surrado pedaço de papel e começasse a ler, em voz alta, o texto copiado pela própria menina.

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