Essas são as suas últimas palavras?

58 7 2
                                    


5 de novembro, às 20:45.

Era o último expediente do Oficial Min antes de tirar férias para tratar da coluna. Por incrível que parecesse, ele estava com hérnia de disco devido à posição que sua coluna ficava a maior parte do tempo, consigo inclinado numa cadeira, quase deitado. Porém, era um momento péssimo para que ele abandonasse o departamento.

Há um dia e algumas horas, uma jovem havia sido encontrada morta em seu apartamento sem nenhum indício de como ocorreu sua morte ou se foi plenamente um suicídio; as provas eram muito vagas e as suposições, falhas. Eles ainda estavam no começo de tudo aquilo, o que deixava tudo num pior momento para se retirar.

— O senhor precisa mesmo ir, Oficial Min? — Namjoon perguntou, arrumando sua mesa que ficava de frente para o menor de cabelos azuis, quase brancos.

— Sim, Oficial Kim. O Hoseok já me ligou três vezes para dizer que os pais dele não param de telefonar, pedindo para eu ir para casa. A mãe dele está preocupada e eu estou perdendo a paciência para atender telefone. — Namjoon soltou uma gargalhada alta, o que fez o Min sorrir.

— Hyung, fique feliz por ter alguém que se preocupa com você.

— Você não tem ninguém porque você não quer, Namjoon, oportunidade foi o que não te faltou — o Min  disse, chaveando as gavetas de sua mesa e fechando seu Notebook, para enfim guardá-lo em sua mochila.

— Eu não tenho tempo para conhecer pessoas, estou sempre muito ocupado. Imagina agora com o caso da garota, não posso me dar ao luxo de sair por aí dando atenção a outra pessoa. O trabalho em primeiro lugar. — Yoongi riu com escárnio e agarrou sua mochila, a pendurando no ombro esquerdo.

— Namjoon, você precisa relaxar. Em algum momento você entrará em colapso. Apesar de não parecer, não estou pronto para perder o meu melhor amigo — Yoongi anunciou quando começou a se afastar de sua mesa e foi andando cuidadosamente em direção à porta de saída da sala dos dois, uma vez que suas costas doíam com movimentos mínimos.

— Ouvir esse tipo de declaração de você é mesmo gratificante, já que és uma nuvem negra.

— À merda, Namjoon — o Min  disse, o que fez Namjoon rir antes da porta ser fechada.

Kim Namjoon e Min Yoongi eram melhores amigos desde a época do colegial. Se conheceram no primeiro ano, numa escola de Seul, fizeram juntos a Academia e quando passaram juntos nos testes não hesitaram em mudarem-se juntos para a mesma província ao que foi divulgado o Departamento em que cada um iria atuar. De início, alugaram um apartamento pequeno (porém, aconchegante), o qual eles dividiam no centro de Gwangju. Mas numa dessas idas e vindas, Yoongi conheceu Jung Hoseok e estes viram a necessidade de estarem juntos uma vez que, depois de um tempo, Yoongi pediu Hoseok em casamento.

Assim, Namjoon ficou com a casa para si, a qual achava demasiado grande para apenas uma pessoa. Se sentia solitário na maior parte do tempo.

— Bom, parece que somos só eu e você por um tempo, sim? — Namjoon se recostou em sua cadeira e colocou o pé na mesa, olhando ao redor da sala.

Aquele cômodo era austero, o chão era de madeira brilhante, sempre encerada, as paredes eram brancas e em cada lado tinha uma decoração única dos dois moradores. Por serem oficiais de alta patente, eles podiam enfeitar as paredes como queriam. Havia um armário na parede da esquerda — para quem estava entrando na sala — que eles guardavam os arquivos de casos recentes, uma bancada de madeira — que mais parecia uma cômoda que não coube em um quarto — do lado direito deste armário com os arquivos de casos passados, caso eles quisessem consultar, e do lado esquerdo era a porta do banheiro.

Eu sou o número 4Onde histórias criam vida. Descubra agora