Timothée
Expirei profundamente expulsando o ar dos meus pulmões assim que percebi que tinha acordado de fato. Meus olhos abriram com dificuldade e minha cabeça doía.
Que horas eram?
Os raios solares invadiam meu quarto pela janela alegando que o dia estava ensolarado, mas eu não queria deixar minha cama.
Eu fedia à álcool.
Flashbacks da noite anterior me fizeram desejar estar morto. Eu não canso de passar vergonha, puta merda.
Não consegui decidir qual parte foi mais vergonhoso, as lembranças voltavam assim que eu me forçava a lembrar o que tinha acontecido. Eu cantando música sobre boquete, eu quase caindo de bêbado e depois sendo rejeitado pela Aurora após tentar beijá-la.
Agora me parece uma boa hora para ir visitar minha família na França.
Mas apesar de tudo eu também sabia que a devia um pedido de desculpas, era a minha reputação que estava em jogo.
Me lembro exatamente da sua justificativa por ter recusado o beijo: eu não estava sóbrio. Cara, ela poderia ser mais encantadora? Sei que ela só fez a sua obrigação, mas acredito que nem todas que tivessem no seu lugar teriam tido a mesma atitude. Vejo no twitter e instagram o tempo inteiro garotas me mandando mensagem dizendo que querem me beijar - automaticamente coloquei Aurora parte desse grupo uma vez que me chamou de gostoso, sim eu nunca vou esquecer isso -. Acho que essas garotas não teriam recusado, mesmo eu estando bêbado.
A insegurança é um ponto que mexe comigo ainda, mesmo depois da fama. Hoje eu sei que a atração que sinto por Aurora é recíproca e entendo o seu posicionamento, mas de alguma forma me doeu lá no fundo ter sido rejeitado, apesar das circunstâncias.
No colegial eu sofria bullying por ser magro demais, as pessoas me chamavam de esqueleto o tempo inteiro e eu era rejeitado por todas as meninas. Não é atoa que eu dei meu primeiro beijo no último ano do colégio. Enquanto meus colegas transavam com suas namoradas eu estava perdendo o bv.
Me tornar famoso foi como uma recompensa dos anos "perdidos" que tive na adolescência para conhecer as garotas, no primeiro ano em que fiquei realmente conhecido resolvi usar meu salário para pagar um psicólogo, já que meus pais não tiveram condições para gastar com algo que estava fora da lista de despesas diárias da casa quando eu não era um ator.
Eu conversava bastante com a minha irmã Pauline, ela sempre foi muito aberta e protetora em relação à isso, suas amigas que frequentavam nossa casa também.
Minhas consultas foram de mensalmente para semanalmente. Me ajudou muito, mas ninguém é feito de pedra e eu ainda tenho minhas recaídas, pelo visto.
Resolvi tomar um banho e lavar toda a roupa de cama, estava me sentindo um gambá dentro de uma lata de lixo.
Se eu estivesse na casa dos meus pais minha mãe iria debochar da minha cara por ter bebido mais do que eu consigo aguentar, meu pai iria me zoar também...as vezes eu sentia falta de morar com eles. Nova York parecia grande demais para mim, mesmo sendo minha cidade natal.
4:31 p.m.
Enrolei a tarde toda para chamar Aurora no instagram e pedir desculpas.
Quando eu parava para pensar em nós era estranho. Eu nunca tive esse tipo de relacionamento com uma fan antes, sei que ela não quer ser considerada como uma mas eu não sei rotular o que somos e o que temos. Nos conhecemos no meio da rua, com um monte de fans ao redor e ela me parou para elogiar o meu trabalho.
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new york city T. CHALAMET
RomanceNova York nunca esteve tão brilhante com a chegada de Aurora. O lugar perfeito para passar as férias da faculdade e ser quem ela mais almejava ser: ela mesma. Timothée está em sua cidade natal aproveitando o tempo livre para se afastar um pouco dos...