Morte

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Como deve ser a sensação da morte? Será que é como cair em um buraco e não conseguir encontrar a saída?  É sentir o pânico em cada parte do corpo até que ele te sufoque? É fechar o olho e de repente acordar em um lugar branco, e receber a notícia que tudo chegou ao fim?

Eu nunca tive medo da morte, acreditava que a qualquer momento podia estar conversando com alguém e do nada tudo chegaria a o fim.
Essa sensação não me apavorava, eu pensava que era como cair em um lento e profundo sono, ao que não acordaria mais, e encontraria minha paz.
Só que com o passar do tempo, percebi que realmente eu não tinha medo da morte, tinha medo de mim,  medo do que eu pudesse fazer pra finalmenfe encontra- lá.
Não consiguia pensar em nada ou ninguém,  mas só no grande vazio que tomava conta de tudo que eu era.
Mas antes de pensar em como podia acabar com tudo,  pensava : será que alguém sentiria minha falta? Então não tinha mais medo de mim, tinha medo de não ser lembrada.
Como as pessoas poderiam lembrar de mim?
Como a menina que era fascinada pelo passado? Como a garota que recortava parte de suas poesias favoritas e colava na porta do armário?  Eu queria algo grande e majestoso,  assim como o pôr do sol em dias de inverno, assim como o primerio "eu te amo".
Então em uma noite de inverno eu sentei na varanda e fiquei olhando pra lua, ela sempre esteve aqui, não importa quanto tempo passe, ela sempre vai estar aqui, quantas pessoas ela já viu nascendo e morrendo, quantas auroras e crepúsculos ela ja precensiou,  então eu percebi que queria isso, queria algo que permanecesse, mesmo quando eu já tivesse partido, e a única coisa que iria ficar, eram minhas palavras, elas sempre estariam aqui,  permanecendo quando eu não consigui ficar, 
elas eram a minha vida, transformadas em frases que se tornariam parágrafos.
Então percebi que podia partir, porquê minhas palavras nunca morreriam.

Você me destruíuOnde histórias criam vida. Descubra agora