YOUNG BLOOD | Timothée Chalamet

☆Prólogo☆

...

A festa na casa da Claire Hudson foi louca, mas não tanto quanto eu, que tive que passar a noite lá depois de beber todas e vomitar até as tripas no banheiro dela. Me tranquei em seu quarto e apaguei totalmente depois das 3h da manhã. Dessa vez eu fui longe, porque eu mal me lembro das merdas que fiz. A casa da Claire é a uma quadra daqui, e todos estavam apagados quando eu sai, preciso de ar fresco por isso decidi vir para casa andando.

Meu vestido preto tem um pequeno rasgo do lado da bainha curta que mal cobre as minhas coxas. Ele é justo ao corpo e tem alças finas, estou com um pouco de frio, mas manchei na noite passada a minha jaqueta com bebida e quanto estava bem louca decidi atear fogo nela, não tem problema porque tenho muitas outras no closet, que são bem parecidas.

Estou acostumada a ir todas as sextas em alguma festa ou casa noturna, Nova Iorque não é igual a Vegas mas temos pessoas que conseguem nos entreter tanto quanto a cidade do pecado. E com a minha identidade falsa ninguém me impede de curtir uma noite agitada na cidade.

Pego as chaves na minha bolsa, e me atrapalho deixando as mesmas caírem no chão. Assim que me abaixo vejo que ao lado do carpete tem um pedaço de papel que está dobrado. Abro e leio as letras pequenas:

"Sr. Kemp, para realizarmos a venda rápida das solicitações de biscoitos amanteigados que recebemos esta semana, é necessário encaminhar para padaria A-6589 3 sacos com a farinha de trigo de sua indústria o quanto antes, para que não hajam problemas inconvenientes para nós dois."

Será que é alguma piada de mal gosto? Meu pai não trabalha em nenhuma indústria de farinha de trigo...Eles devem ter confundido os "Kemp". Pego o papel dobro e guardo na bolsa, está cedo demais para me preocupar com piadinhas sem graça.

Ainda me sinto um pouco tonta, e assim que finalmente consigo acertar a fechadura tento entrar o mais discretamente possível em casa. O relógio da parede marca 06h25. Minha mãe ficou até tarde no plantão de ontem, como todas as sextas. Ela é enfermeira, e passa uma boa parte da semana no hospital, bem mais do que na própria casa.

Ela ama a profissão, mas sabemos que tudo isso começou a 3 anos atrás quando eu ainda tinha 14 anos...assim que o meu pai começou a estar ausente. Ele vive viajando nesse novo emprego que arranjou, como contador, atendendo a clientes em diferentes lugares pelo país. Minha mãe poderia parar de trabalhar se não fosse essa merda toda que se passa entre ela e meu pai, eu estou bem ciente que ela não faz hora extra no serviço por dinheiro... mas enquanto eles não se metem na minha vida pessoal, eu também não me meto na vida pessoal deles.

Tiro os saltos e começo a caminhar em direção as escadas que levam ao andar de cima, mas sou impedida pela voz da minha mãe vindo da cozinha.

- Não podemos envolver ela nisso! Você não entende? - conforme me aproximo da cozinha, noto que as nossas malas de viagens estão perto da entrada da sala de estar, que estranho, será que meu pai está de volta? - Aubert! Você me prometeu... não dá mais eu estou indo embora hoje, e quero por favor que você se mantenha longe de nós... - nessa hora decido entrar na cozinha.

Minha mãe me vê e para de falar no mesmo instante, a sua aparência está péssima, quer dizer, ela continua linda com seu cabelo ondulado e loiro num tom mais escuro sobre os ombros, ela está vestida com uma blusa branca simples e uma calça jeans não muito justa, ela parece elegante ainda com suas roupas comuns, mas seus olhos...sempre tiveram um verde lindo, vivo, mas agora me encaram sem brilho, ela parece assustada e exausta.

-Adeus Aubert... - ela diz e finaliza a chamada. - Elena, acho que precisamos ter uma conversa. - ela diz e da a volta no balcão de mármore branca da nossa espaçosa cozinha. - Primeiro eu quero saber onde você estava até agora, não me lembro de receber um pedido seu para passar a noite fora. - sua expressão preocupada da lugar a uma carranca.