O Baile de Máscaras

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Wiltshire, Meu Chalé, Junho de 1835
Baile de máscaras para as bodas de Benedict e Sophie Bridgerton.

Quando a carruagem das Broughams parou em frente a entrada do Meu Chalé, os olhos das quatro meninas que estavam ali brilharam. Tudo estava lindo, digno de um conto de fadas. Todas as pessoas estavam fantasiadas, e também de máscaras. Parece que esta noite, a proposta era realmente que ninguém se reconhecesse.
Ao entrar na casa, o Sr e a Sra Brougham, assim como suas filhas, foram para uma das mesas. Elas estavam encantadas. Dulcie e Antonia vão até a mesa de doces, e começam a conversar. Era assim sempre, começavam a conversar, e parecia que nunca paravam. Eram melhores amigas, sempre inseparáveis, e tinham uma relação não só de sangue, mas sim de alma. Elas sabiam tudo uma sobre a outra, todos os segredos, medos e novidades. Uma das coisas que Dulcie mais amava era saber que sempre, independente de qualquer coisa, Antonia estaria ali por ela, assim como Dulcie também estaria por Antonia. E aquilo era uma coisa só delas, que nada nem ninguém poderia estragar ou atrapalhar. Amizades assim são raras e especiais demais...

– Dulcie... Está vendo ali? Tem um homem encarando você. – Ela apontou para um dos cantos, onde um homem agora olhava para elas duas.

Dulcie desvia o olhar para onde Antonia apontou, e olha para ele por um tempo. Até que consegue reconhecer o homem... Era ele? Que estava olhando pra ela agora? Dulcie tinha se convencido de que provavelmente não iriam se encontrar mais...

– É o homem que você disse que conheceu ontem? Na recepção? – Antonia pergunta, e é claro que ela sabia, até por que as duas tinham passado a noite conversando sobre isso. Dulcie vê um sorriso se formando no rosto de Antonia. Ela com certeza tinha herdado o dom casamenteiro de sua mãe, e só esperava o momento certo para usá-lo, e agora Antonia com certeza tinha seu próximo alvo.

– Sim, é ele. – Dulcie assente, e percebe que Klaus está se aproximando das duas.

– Ah meu Deus, ele está vindo pra cá! – Antonia desvia o olhar e sorri, olhando para Dulcie, que parecia confusa.

Klaus se aproxima das duas, sorrindo discretamente, e as cumprimenta – Boa noite senhoritas...

– Boa noite... – Dulcie responde, ainda surpresa por Klaus estar ali.

– Boa noite senhor Klein. É um prazer conhecê-lo, sou Antonia Brougham. – Antonia diz, ainda sorrindo. Ah, Antonia... Não poderia ser diferente.

– Também é um prazer conhecê-la, senhorita Brougham. E é bom revê-la. – Klaus diz para Dulcie.

– Sim... – Responde Dulcie. Antonia, sendo Antonia, se vira para Klaus e diz – Ah, senhor Klein, infelizmente tenho que ir, minha mãe deve estar me procurando! Mas Dulcie ainda pode ficar aqui, então aproveitem a companhia um do outro. – Antonia sai com um sorriso de orelha a orelha, deixando um Klaus confuso e uma Dulcie envergonhada.

– Ahn... Não achei que fosse ver o senhor hoje, aqui.

– Por que? Eu vim a recepção ontem, mesmo que praticamente obrigado por meu primo Oliver, então infelizmente tive que vir ao baile também. – Klaus responde.

– É, faz sentido. – Assente. Quando falou com Klaus na recepção, Dulcie achou que ele não tinha gostado de suas perguntas, e que talvez tenha ficado bravo. Mas se tivesse, ele não falaria com ela hoje, não é?

No meio do salão, uma música lenta começa a tocar, e alguns casais começam a se juntar para dançar. Dulcie se vira para lá, observando.

– Quer dançar? – Klaus pergunta e estende sua mão para ela. Bom, uma dança não faria mal a ninguém, pensou ele.

Dulcie sorri e aceita sua mão – Sim, claro. – Os dois seguem juntos para o meio do salão, começando a dançar juntos, com a devida distância. Olhando sobre o ombro de Klaus, Dulcie pôde ver Antonia do outro lado do salão observando os dois e sorrindo. Revira os olhos e sorri, aquela Antonia...

– Como me reconheceu? Achei que as fantasias e as máscaras serviam exatamente para o contrário. – Dulcie pergunta.

– Vi a carruagem de sua família chegando, estava com Oliver lá fora.

– Ah sim. Espere, Oliver? Oliver Crane? – Dulcie pergunta, o único Oliver que conhecia na região era Oliver Crane, vizinho de sua família. O coitado vivia sendo perturbado por Dulcie e suas irmãs, além de sua mãe, Eloise, que estava determinada a casar o filho com uma delas.

– Sim, conhece ele?

– Conheço, os Cranes são vizinhos de minha família, praticamente crescemos juntos. Mas não sabia que era primo desse Oliver.

– É, eles me convidaram para passar um tempo em Romney Hall. Acham que pode me ajudar a melhorar, de alguma forma, como se isso fosse possível... – Ele dá uma risada sarcástica. Era assim desde que Atena, sua noiva, tinha falecido em um naufrágio quando vinha da França para a Inglaterra. Sua família achavam que ficar cercado por eles faria com que ele melhorasse, ou se animasse, mas pra Klaus, isso era impossível. De qualquer forma, ele achava que não precisaria suportar isso por muito tempo mais. Pra Klaus, ele só tinha duas opções de destino: Viver o resto da vida afundado em angústia; ou morrer.

Não conseguindo segurar a curiosidade, Dulcie pergunta – Melhorar de quê?

Klaus suspira profundamente, e balança a cabeça – Da tristeza, já deve ter percebido isso ontem.

Dulcie fica em silêncio, mas olha pra ele depois – Do que está fantasiado? Ainda não consegui descobrir. – Diz com uma risada.

Ele acompanha sua risada – Também não faço ideia, mas Amanda insistiu em me arrumar. E já percebi que você é a chapeuzinho vermelho, ficou muito bonita, aliás. – Ele sorri. Com certeza Dulcie é muito bonita, isso ele não negaria. Isso o fez pensar no porquê dela não ter casado ainda, com certeza os homens deviam cair aos seus pés...

– Sim, chapeuzinho vermelho... – Dulcie sorri com o elogio.

Klaus fica encarando seus olhos em silêncio, e Dulcie apenas observa, até que diz – O que foi?

Sem perceber, Klaus fica estudando os olhos de Dulcie por alguns bons minutos. Não sabe porque, mas tem algo neles... Algo nos olhos dela que chamam sua atenção. – Nada. Só estava observando seus olhos. Eles parecem... Espelhos. Que refletem sua alma. São muitos lindos.

Dulcie sorri, e sente suas bochechas esquentarem. Ninguém nunca tinha falado daquele jeito com ela. Na verdade, tinham sim, mas nunca daquele jeito, tão especial e verdadeiro. – O-Obrigada... – A música termina, e os dois se separam.

– Obrigada pela dança, senhor Klein. – Dulcie diz ao saírem do meio do salão, sorrindo. Ela observa ele se afastar, sem dar uma resposta. Vai na direção oposta a ele, voltando para onde Antonia e agora Sarah estavam. Não sabe o que tinha acontecido direito, mas suas irmãs com certeza teriam muitas perguntas, e ela, quase nenhuma resposta...

Klaus apenas assente, sorrindo discretamente. Não entendeu bem o que aconteceu, mas precisava sair dali, ficar sozinho. Se afasta de Dulcie, e vai para um dos corredores que dava para o jardim, onde poucas pessoas estavam. Acende um cigarro, e suspira, cansado.

Continua...

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⏰ Última atualização: Apr 18, 2020 ⏰

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