Todas as vezes em que Wesley saia de seu trabalho tarde da noite descia as escadas do prédio em que trabalhava para pegar um táxi e ir para casa, já tinha um motorista de confiança que sempre o esperava no mesmo horário, tinham intimidade o suficiente para que Wesley fizesse piadas com ele o chamando de motorista particular, o taxista Lenny claramente dava um sorriso amarelo. Podia se dizer que os dois eram colegas, não eram desconhecidos mas também não eram intimos o suficiente para se considerarem amigos. Naquele dia em questão, Lenny não apareceu obrigando Wesley a pegar uma corrida em outro carro. Entrou em um táxi qualquer e viu através do retrovisor o motorista olhar para ele esperando que indicasse o endereço do destino, Wesley disse e então o taxista começou a tirar o carro do lugar. Nos próximos dez minutos durante o trajeto nenhum dos dois disse qualquer coisa, até que o taxista disse algo.
— Posso ligar o rádio? - Ele perguntou.
— Claro, fique à vontade. - respondeu Wesley.
Wesley reparou no crachá pendurado no porta luvas que indicava o nome Tim, o taxista não havia se apresentado. Wesley gostava de saber o nome das pessoas que dirigiam pra ele.
Tim ligou o rádio, procurou a estação que queria ouvir e de repente se deparou com uma frase estranha.
“…Portanto é recomendável que todos fiquem em casa nas próximas vinte e quatro horas e não saiam em hipótese alguma, quem estiver longe é bom buscar um abrigo próximo seja na casa de parentes ou até mesmo dormir em seus empregos, apenas saiam da rua…”
— O que foi isso? - perguntou Wesley assustado.
— Não sei, acho que deve ser alguma radionovela, alguém recitando um audiolivro ou algo assim. - respondeu Tim calmamente, parecia estar acostumado a ouvir aquela estação.
Wesley olhou pela janela do carro e tudo do lado de fora parecia perfeitamente normal, havia pedestres nas calçadas e outros carros em um trânsito bastante denso e movimentado, estavam todos agindo normalmente sem nenhum pânico. Talvez realmente fosse alguém lendo um audiolivro, pensou Wesley. Tim havia mudado de estação, não era possível saber o que foi dito logo após aquela frase que o assustou, porém Wesley havia ficado curioso e a música que estava agora tocando na estação escolhida pelo taxista não o agradava. Após alguns minutos o carro entrou em um túnel que ficava logo abaixo de uma ponte, Wesley ouviu um barulho emitido por seu celular e o retirou do bolso, como já esperava era apenas um aviso de que o seu chip estava sem sinal, não se importou pois era o que sempre acontecia naquela parte do trajeto. A viagem seguiu silenciosa até o destino onde Wesley pagou pela viagem em dinheiro, o motorista agradeceu e seguiu viagem buscando por novos clientes.Wesley suspirou fundo entrou no prédio de seu apartamento, e foi em direção às escadas e se deparou com uma enorme faixa de bloqueio dizendo que as escadas estavam com alguns problemas e precisava ser reparada, ele achou isso muito estranho. Quer dizer, seria comum ver um aviso de defeito em um elevador, mas em escadas, isso era novo pra ele.
De qualquer forma, ele se sentiu aflito. Wesley era um sujeito muito supersticioso, desde que ficou preso em um elevador cerca de cinco anos atrás ele não gostava de utilizar o aparelho por medo de acontecer algo parecido novamente. Naquele dia, ele não teve escolha.
Ao chegar em seu andar abriu a porta de seu apartamento e começou a retirar toda a sua roupa de trabalho e se preparar para um longo e relaxante banho quente, enquanto estava na ducha se perguntava o que havia acontecido com Lenny.Após o banho, Wesley preparou para si uma lasanha de microondas e foi para a sala assistir TV enquanto comia antes de ir dormir e voltar a trabalhar no dia seguinte logo cedo, essa era a sua rotina.
Wesley se lembrou da frase que havia escutado no radio do táxi mais cedo, ele havia realmente ficado curioso para saber do que se tratava, rodou por todos os canais até encontrar um noticiário, se deparou apenas com notícias sobre a economia do país, que não estava em um bom momento.
Foi até seu quarto e pegou seu laptop, o ligou e digitou no buscador da internet a mesma frase que tinha ouvido no radio, “Portanto é recomendável que todos fiquem em casa nas próximas vinte e quatro horas e não saiam em hipótese alguma, quem estiver longe é bom buscar um abrigo próximo seja na casa de parentes ou até mesmo dormir em seus empregos, apenas saiam da rua”. Ele digitou a frase esperando encontrar de onde vinha este trecho, ao apertar o botão de busca ficou indignado com os dizeres "nenhumresultado encontrado". Desligou o laptop e tratou de ir dormir ainda pensando na frase, por algum motivo ela o intrigava, tinha uma estranha sensação de que aquilo era real mesmo que tudo parecesse tão normal, ficou perdido em seus pensamentos até cair no sono.
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Harkness...E Outros Contos
Historia CortaA cada capítulo uma história diferente é contada, entre diversos personagens, gêneros, localizações e segredos do simples romance ao profundo terror cósmico.