Capítulo 1

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Filho de Hagoromo e irmão mais velho de Ashura, eu Indra como possível sucessor de meu pai tinha muitas obrigações. Se tornou costumeiro em minhas manhãs, acordar com os raios de sol queimando meu rosto pela fresta da janela.Tomar chá com meu pai e meu irmão, nossas conversas eram baseadas em como estava vilarejo e se o povo estava aprendendo o ninshu, algo que minha família dominava bem. Nunca fui de jogar conversa fora, acho que sempre tive preguiça de conversar mais do que o necessário. Eu me despedi dos dois na mesa e ia treinar meu ninshu, mas sempre fazia uma pausa ao entardecer, porque era quando aquele lugar ficava mais bonito.

Logo após nossa vila tinha uma grande montanha atrás dela existia um bosque, que havia um lago e perto deste lago, havia uma árvore. Mas não era qualquer árvore, era uma linda cerejeira, que tinha galhos viçosos e as pétalas de suas flores eram tão delicadas e graciosas. Era brilhante como aquela árvore iluminava o bosque, Aishiteru, o nome mais singelo e significativo que poderiam dar para ele. Aquela água vitalícia e a cerejeira eram o sinônimo de Aishiteru. Eles pertenciam a família Hana, Eram comerciantes fortes e uma família cheia de tradições. Também ouvi falar sobre histórias daquele bosque, que um espírito de uma mulher o guardava mas nunca acreditei nessas histórias.

As vezes eu caminhava por aquele bosque, me deitava em frente a árvore e à olhava, lá eu me sentia em paz, era harmônico. Com o tempo, me acostumei com a paz que transmitia estar naquele lugar, meus dias estavam diferentes, meu mundo que parecia preto e branco foi inesperadamente colorido em tons pastéis, e eu gostava disso.

A cada dia que se passava, eu sentia mais aspiração pela cerejeira, queria tê-la para perto de mim, queria tê-la para mim. Me faltava algo, parecia que não era assim que tinha que ser, que faltava algo para minha existência estar completa, eu já era um homem. Eu procurava o motivo das minhas lamentações e não compreendia, eu tinha muita coisa.

E em um dia qualquer estava lá novamente, acabei adormecendo sem perceber no tronco da árvore. Foi então que eu acordei no anoitecer e ao olhar em frente me apareceu uma mulher de dentro das águas, sua pele era quase branca, seus olhos eram verdes como a grama do próprio bosque e seus cabelos. Seus cabelos eram róseos, como as pétalas da cerejeira, eram longos e encantadores. Ela ali naquele estado, subiu a superfície e eu não pude não perceber, o quanto ela era linda. Me levantei depressa, meu pulso estava rápido, um arrepio sobre a espinha e por fim, quente por dentro, não sei como não cambaleei no mesmo momento.

Coberta de beleza, a luz da lua iluminava sua pele que refletia sobre as águas e eu não tive como não admira-la, fiquei sem fala, será que ainda estava dormindo?

-Você. Quem é você? - Ela estava se aproximando de mim, e parou subitamente quando lhe disse estas palavras e franziu o cenho.

- Ora essa, como não sabes quem eu sou? Sou Indra filho do senhor Hagoromo. - Olhei-a sem acreditar, quem era aquela mulher? eu já a vi em algum lugar? Com certeza não, se a tivesse visto, eu com certeza não esqueceria nunca.

- Sou o espírito desta árvore em que você se deita todos os dias.. vim aqui porque precisava te dizer.. - O que ela acabara de dizer? espírito da cerejeira? Certo que já ouvi falar sobre coisas do tipo mas nunca imaginei de uma árvore..

-Então, o que tem a me dizer, Cerejinha..? - Fui me aproximando mais da garota, meus olhos estavam petrificados naquelas esmeraldas, perdi o fôlego quando me aproximei o bastante para sentir sua respiração.. pude ver mais de perto seus lábios róseos, sua pele de seda e seus grandes olhos esmeraldinos.. Eles com certeza eram o mais hipnotizante.

-Estou apaixonada pelo senhor, quero que me faça sua e somente sua para sempre. - Ela me olhava exasperada, unindo suas mãos ao seu peito e olhando para o chão, corada. Não acreditei quando ouvi suas palavras, o que aquela mulher estava dizendo? Meu coração parecia que iria pular da minha garganta.


Eu não vi quando abri a boca, não vi quando suspirei fundo, não vi quando peguei em suas mãos e não vi quando jurei o meu amor.

-Eu te juro, meu amor, que serei somente seu para sempre. - Disse as palavras sem mesmo pensar, não precisava pensar.. aquela mulher em minha frente era tudo. Tudo o que eu queria para mim mesmo.


-Nessa vida eu infelizmente não posso ser sua, minha família me criou para ser um espírito que guarda todo o nosso poder. Eu queria ser sua, queria que fosse meu, mas não posso ir contra a minha família.- Ela se afastou e negou com a cabeça tremendo, vi lágrimas cairem sobre seu rosto.

- Hoje a lua é testemunha das minhas palavras, eu prometo me reencontrar com você. - Peguei em suas mãos novamente e selei o nosso amor com um beijo, foi inexplicável aquele beijo, desesperado e carinhoso, foi lisonjeiro, como uma promessa de que haveria outros.

E naquele dia eu conheci o real significado da palavra beleza, ela era o próprio adjetivo. Cerejeira se tornou minha árvore preferida, a lua foi a única testemunha de nós dois que de desconhecidos viramos amantes, sim eu estava apaixonado, minha existência que era vazia ganhou um novo significado não era algo que me faltava e sim alguém, e era ela.

Passamos a nos encontrar todo anoitecer eram juras e mais juras de amor, em um de nossos encontros  gravei nossas iniciais (A + I)
na árvore junto a ela, eu queria eternizar nossos laços, o tempo passou e me acostumei com sua bondade e beleza eu pensei que a felicidade não podia ter fim, mas o destino era cruel e não fomos destinados a continuar juntos eu tinha que servir a meu pai, e ela servia como fonte de poder de sua família.

Desde então.. nunca mais vi seus cabelos róseos, nem mesmo a árvore e o bosque das águas vitalícias, não pude mais vê-la.. Como esperado do filho mais velho, me tornei o sucessor de meu pai. Tive de me casar e ter filhos,era o que meu pai e o que todo o clã queria, eu tinha uma vida boa e era feliz sim, mas nunca consegui esquecer ela, as vezes eu até mesmo sonhara com ela, se aconchegando em meus braços e eu a apertando para um abraço quente, eu a olhava no fundo dos seus olhos e lá eu me sentia em casa. No dia da minha morte não muito cedo e nem muito tardia, meu pensamento pairou nela, e que um dia, eu voltaria para reencontrar a flor de cerejeira.

Akai ito: Destinado a te encontrarOnde histórias criam vida. Descubra agora