Capítulo II

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22 anos depois

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Judith havia feito um bom trabalho me criando e nunca escondeu minhas origens. 

Ela e meu padrinho Francisco, sempre me mantiveram perto de meus familiares que haviam se estabelecido aos arredores de Barcelona, como havia pedido minha mãe em seu leito de morte. Mantinham a cultura viva, apesar da situação difícil em que viviam, eram felizes. Tinha orgulho de minhas origens e os ajudava como podia. 

- Tessa.. - escuto a voz de minha madrinha atrás de mim- 

Estava apoiada na parede da janela, observando o campo aberto que se alargava a minha frente, perdida em meus pensamentos, mal pude notar que Judith adentrara no quarto. Viro pra ela e me deparo com um sorriso largo em seu rosto, havia arrumado um pretendente, com toda certeza.

- Sim madrinha - digo me virando para ela com um sorriso no rosto- 

- Precisamos conversar! - disse com um sorriso radiante iluminando seu rosto.

- Pois não madrinha. - disse me acomodando em uma cadeira que me dava a visão da grande janela sem muito esforço. Judith se posiciona logo atrás de mim e começa a mexer em meus cabelos, começando a falar logo em seguida. 

- Minha filha! Você acabou de completar 22 anos e ainda não arrumou ninguém - abri minha boca pra responde-la mas sou impedida de falar qualquer coisa - O Rei dará um baile daqui a duas luas, um baile de máscaras - disse toda empolgada-

- Madrinha, não quero te chatear, mas você sabe muito bem o que acho desses bailes. São desnecessários. Enquanto muitos bebem e comem com fartura, exibindo seus bens e outras jóias caras, outros morrem de frio e fome do outro lado do muro. Me perdoe, mas eu não irei e sobre eu ter um marido, nós já conversamos sobre isso.

Ela fingiu não ouvir meu discurso e prosseguiu ainda assim.

- Filipe, o filho do Rei estará lá. E é importante para nossa família que você vá. Seu tio Carlo, meu marido te tem como uma filha assim como eu, recebemos o convite e não podemos recusar um convite do rei. Vai ser bom para os negócios de nossa família minha filha. 

Parei de ouvir assim que ouvi ela dizer sobre Filipe, fiquei confusa, ele não passava de um mito? Foi apresentado aos súditos apenas quando nasceu, poucas vezes fora visto e sem mais nem menos havia sumido da memória de todos. Ninguém sabia como era seu rosto, sua voz e muito menos como estava hoje em dia, com seus aproximados 25 anos.

- Madrinha, te tenho como mãe e tio Carlo como meu pai. Mas não posso ir contra meus valores em um baile porque o filho do Rei voltou. Fora que não tenho nenhum interesse de conhecê-lo. Deve ser corrupto e libertino como o pai.

- Ora menina, não fale besteira, vá por favor e lhe prometo nunca mais tocar nesse assunto de casamento.

- Se eu for, esqueça desse assunto de tentar me arrumar um marido. 

Ela vem até mim e me envolve em um abraço aconchegante, retribuo seu abraço, sussurro bem baixinho pra ela - te amo mamãe - beijo sua bochecha

- Eu também te amo minha Ciganinha teimosa

Judith era uma ótima mulher, a chamava de madrinha e de mãe, ela sempre sonhou em ter um filho, mas tinha dificuldades para engravidar. Depois que minha mãe faleceu cuidou de mim com todo amor e carinho que havia em seu coração e sou extremamente grata a ela por isso. 

- Agora vou ver minhas crianças, com licença Madrinha. 

- Vá, mas por favor tome cuidado. Não se meta em confusão de novo. 

CiganaOnde histórias criam vida. Descubra agora