Uma garota.
O primeiro amor.
E um verão inesquecível.
Sempre que chegam as férias de verão, Sina Deinert deixa para trás sua vida monótona na cidade grande e vai com a família para Cousins Beach.
A casa de praia que lá se localiza, é seu segundo la...
Na noite em que Josh foi embora, desci para uma de minhas sessões de natação noturna e encontrei Noah, Harvey e Samuel Victoria, nosso vizinho, bebendo cerveja sentados nas espreguiçadeiras. Sam morava mais pra baixo na nossa rua e frequentava Cousins Beach havia quase tanto tempo quanto nós. Era um ano mais velho que Noah, mas ninguém gostava muito dele. Acho que só o chamaram porque não tinham alternativa. Travei na hora, enrolando a toalha mais junto ao corpo. Fiquei na dúvida se seria melhor voltar, porque Sam me deixava nervosa. E eu não precisava nadar, podia deixar para a noite seguinte. Mas não voltei. Tinha tanto direito de estar ali quanto eles — talvez até mais.
Eu me aproximei, fingindo confiança, e os cumprimentei. Só não tirei a toalha. Era estranho ficar ali de biquíni enquanto todos estavam vestidos.
Sam se virou pra mim, estreitando os olhos.
- Oi, Sina. Quanto tempo! - Ele deu uma batidinha na espreguiçadeira ao lado dele. — Senta aqui.
Eu odiava gente que falava "Quanto tempo!". É um cumprimento muito idiota. Mas me sentei mesmo assim. Ele se inclinou e me deu um abraço. Sam cheirava a cerveja e a perfume caro.
- E ai, como vai? - perguntou.
Noah falou antes que eu pudesse responder.
- Ela está ótima. Mas já está na hora de dormir. Boa noite, Sina.
- Não vou dormir agora, vou nadar. - retruquei.
- Acho que você deveria entrar. - interveio Harvey, largando a cerveja. - Sua mãe vai ter um treco se souber que você andou bebendo.
- Que? Eu não estou bebendo.
Sam estendeu sua cerveja, piscando.
- Então beba! - Ele parecia bebado.
Hesitei, e Noah disparou, irritado:
- Não faz isso cara. Sina é uma criança, pelo amor de Deus.
Olhei feio pra ele e retruquei:
- Para de falar como o Josh.
Por um ou dois segundos, cogitei em aceitar a cerveja. Seria a primeira vez que eu beberia algo alcoólico, mas só estaria fazendo aquilo pra contrariar Noah, e não ia deixar que ele controlasse meus atos. Então virei pra Sam e recusei:
- Não quero, obrigada.
Noah assentiu em um movimento imperceptível.
- Agora vai dormir, vai.
Eu me senti como quando Josh e Harvey me excluíam de propósito. Senti minhas bochechas ardendo.
- Sou só dois anos mais nova que você.
- Dois anos e três meses. - corrigiu Noah na mesma hora.
Sam riu, e senti seu hálito de cerveja.
- Droga, minha namorada tinha quinze. - Então olhou pra mim antes de corrigir. - Ex-namorada.
Abri um sorrisinho sem graça. Por dentro, só queria fugir dele e daquele bafo, mas Noah nos olhos nos olhos de um jeito que... Bem, eu estava adorando. Era ótimo roubar um amigo dele, mesmo que seja por apenas alguns minutos.
- Ah, Sina, você é muito fofa. - Sam diz, me tirando do transe.
Senti o rosto vermelho.
- Hã... E então? Por que voces terminaram?
Não sei por que perguntei, eu já sabia a resposta: porque Sam era um idiota. Sempre foi. Lembro que ele tentava dar aspirina para as gaivotas porque tinha ouvido em algum lugar que isso faria o estômago delas explodir. Idiota.
Sam coçou a nuca.
- Não sei. Ela teve que ir pra um acampamento de equitação ou algo do tipo. Namoro a distância não funciona.
- Mas seria só durante o verão — comentei. — Acho burrice terminar só por causa de um verão.
Eu tinha nutrido minha paixão por Noah durante anos letivos inteiros; aquele sentimento aguentaria meses, anos até. Era como um alimento, algo que me sustentava. Se Noah fosse meu namorado, eu nunca terminaria só por causa de um verão — ou de um ano.
Sam me encarou com aqueles olhos pesados, meio sonolentos, e perguntou:
- Você tem namorado?
- Tenho. - respondi, inevitavelmente olhando para Noah.
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