Sobre os amigos de Midoriya

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Bakugou gostaria de dizer que desde o início sabia — e ainda por cima, avisou — que aquilo não era uma boa ideia. 

Quer dizer, era de conhecimento básico da Internet que entrar no Omegle com chamada de vídeo era pedir para, no mínimo, ser traumatizado por alguma criança de doze anos ou um cara de 40. Quer dizer, qual era o problema das pessoas?

Mas é claro que Kirishima não ligava o suficiente para isso, e ainda fazia questão de arrastar o próprio Katsuki e Midoriya juntos para testar pegadinhas em desconhecidos. Claro, depois de meia hora online, Bakugou já tinha certeza que se visse mais um velho pelado, além dos xingamentos padrões que já estava utilizando, colocaria cloro em seus olhos. E, por algum motivo muito oculto, os discursos de censura que Midoriya dirigia aos tarados do outro lado da tela parecia não surtir efeito algum.

— E então? Prontos para mais uma? — Kirishima falou sem se abalar, como se Bakugou não tivesse xingado até a quinta geração da famíla de Midoriya poucos segundos atrás por conta de suas lições de moral. 

O loiro apenas resmungou, enquanto seu outro amigo — ou algo assim, pois bem, Bakugou ainda tinha seu orgulho e Midoriya ainda era, ah, Midoriya — apenas suspirou resignado. Kirishima comemorou e honestamente, se ele quisesse tanto assim ver pessoas peladas, ele podia muito bem abrir um site pornô ou simplesmente pedir para o próprio Izuku tirar suas roupas. Diferente do que muitos pensavam, o loiro não era burro; Kirishima parecia um idiota sofrendo por amor: se Bakugou ouvisse mais um comentário sobre como a droga do Deku era maravilhoso, inteligente ou sei-lá-o-quê, ele mataria alguém (e as chances desse alguém ser Kirishima eram altas demais). 

Kirishima, alheio ao seu diálogo interno, apertou enter e os três ficaram esperando para se conectar com alguma outra pessoa. Bakugou respirou fundo, contando até dez para manter a pouca paciência que ainda restava em seu ser, pensando se Kirishima ficaria bravo se ele socasse seu computador.

Mas no fim, para a surpresa de Bakugou, esse tipo de medida não iria ser necessária, pois a pessoa do vídeo não tinha mais de trinta anos.

E não parecia ter menos de quinze, também.

Na verdade, era um cara que parecia ter mais ou menos a sua idade. Ele encarava a câmera meio perdido, como se não soubesse como tudo aquilo funcionava exatamente. Seus cabelos eram metade prateados, metade vermelhos e uau. Aquilo não deveria ser tão descolado quanto parecia. Ele também tinha uma cicatriz no rosto e... Bem. Aparentemente, sentir-se atraído por cicatrizes era uma coisa agora na vida de Bakugou.

Puta que pariu — falou em um suspiro sem conseguir controlar sua boca, atraindo a atenção de todos, inclusive do garoto por trás da tela. — E pensar que a única pessoa que eu gostaria que estivesse mostrando o pau parece ser a mais decente.

O silêncio que prosseguiu foi pesado e constrangido. Midoriya o olhou em choque, enquanto Kirishima sufocou uma risada. O estranho, entretanto, não saiu da conversa como esperado, apenas parecia surpreso e encabulado, encarando seus dedos como se eles fossem a coisa mais interessante do mundo.

— Então... — O garoto por trás da chamada de vídeo tentou. — Aparentemente, eu não sou o único a ter problemas com pessoas nuas se expondo nesse site. E... Oi, Midoriya.

— Todoroki, quanto tempo. — Seu amigo respondeu fraco, e foi só aí que o loiro notou o quão ferrado estava. — Pois é né, o Bakugou aqui já estava dizendo que iria arrancar seus próprios olhos se visse mais alguém nu.

O rapaz riu sem graça, um tanto confuso, e Midoriya não demorou para apresentar Kirishima e Bakugou para Todoroki. O loiro tentou manter sua melhor cara de paisagem enquanto observava o garoto do outro lado do vídeo falar sobre como Momo e Jirou tinham o feito testar o Omegle, pois tinha perdido uma aposta e não fazia ideia de como o site funcionava. Todoroki confessou, também, sua surpresa ao ver a quantidade de pessoas que gostavam de ficar peladas e que eram adeptas de seitas satânicas. Bakugou, por outro lado, estava mais interessado em se perguntar como exatamente alguém não sabia o que era Omegle, mas não iria julgar — até porque, depois do que falou, nunca mais poderia julgar qualquer pessoa.

A conversa não se estendeu muito, mas tanto Midoriya quanto Todoroki pareciam felizes em se ver. Bakugou olhou para seu coturno, quase gritando para Kirishima apertar esc de uma vez.

Todos se despediram, e então, o cômodo ficou em silêncio quando a imagem de Todoroki sumiu.

— O que foi, porra? — perguntou irritado e bastou isso para Kirishima começar a rir descontroladamente. Midoriya o acompanhou, para ajudar em seu humor.

Eles nunca esqueceriam daquilo.

Bakugou se levantou ainda reclamando, dizendo que precisava voltar ao seu próprio dormitório e que eles poderiam se foder.

Ao chegar em seu quarto e sentir seu gato contrabandeado enroscar-se em seus pés  — pois fodam-se as regras contra animais no dormitório —, refletiu que realmente tinha trabalhos para fazer. Aproveitaria o momento, pois Kaminari, seu colega de quarto, não estava — o que era uma bênção, pois aquele cara não sabia calar a boca.

Resmungou, mas no fundo, sentia-se aliviado por poder focar sua mente em outra coisa que não era seus amigos e o cara que parecia estar dividido ao meio.


n/a: oioi

enfim, vou confessar uma coisa: eu vi até a 3temp de bnha (pq eu tava acompanhando os lançamentos etc mas me perdi k) e dps nunca mais vi bosta nenhuma, mas eu sou simplesmente apaixonada por esse ship, então KKKKKKKKKKK

a história vai ter quatro capítulos a princípio, eu escrevi ela pensando no Midoriya e no Bakugou se conhecendo no fundamental, cursando o médio separados e, depois, reencontrando-se na universidade. 

(talvez eu escreva mais dela, vamo vê né)

créditos da capa da fic: brttpaige no tumblr.

o estranho da videochamada ▽ todobakuOnde histórias criam vida. Descubra agora