O pedido

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Bakugou enterrou suas mãos na jaqueta corta-vento, tentando se proteger do frio. Odiava trabalhar no frio, principalmente quando era sexta. Suspirou, olhando o relógio que ficava no visor da moto. Faltavam duas horas para seu turno acabar; mal podia esperar para se enrolar no meio das suas cobertas.

Por força do hábito, puxou o celular do bolso para checar suas notificações. Fazia algumas semanas que não se falavam, mas Bakugou ainda esperava alguma reação dele, além dos prints ocasionais sempre que postava uma foto. Mas, como sempre, não era o caso; suas notificações estavam vazias. Bufou e enfiou o celular novamente no bolso.

— Bakugou! — Ouviu Camie gritar de dentro da pizzaria. — Vem!

O rapaz desencostou-se da sua moto, entrando no restaurante pela porta da cozinha. Ugh, quente demais.

— Eu ainda não entendo como você consegue ficar lá fora no frio — resmungou Camie assim que seu colega parou no balcão. — Por que você não fica aqui dentro?

Bakugou deu de ombros.

— Aqui é quente pra caralho.

Sua colega fez uma careta:

— Se você diz, né. Tá perdendo as melhores fofocas.

Bakugou fez sua melhor cara de "e eu com isso?", esperando Camie terminar de empilhar as caixas de pizza. Em seguida, a moça pegou as notas fiscais para mostrar-lhe os endereços e trocos.

— O outro motoboy que tá aqui de bico vai chegar em cinco minutos, por isso você não vai precisar andar tanto pela cidade — informou.

Bakugou soltou um grunhido, juntando as caixas para mais uma rodada de entrega. Seguindo seus cálculos, faria mais uma duas até poder ver o conforto da sua cama. Ajeitou os pedidos dentro da caixa da sua moto e quando estava prestes a fechá-la para começar sua rota, ouviu Camie gritar seu nome de novo:

— Bakugou, calma! — Ela pediu, mesmo que o loiro estivesse parado, apenas a esperando. — Tem mais um pedido para você. Por algum motivo, o rapaz pediu que fosse você quem entregasse, então...

Katsuki franziu o cenho, pegando a nova caixa na mão. Deu uma olhada no endereço, era totalmente fora da rota que faria. Bairro de gente rica, também. Torceu o nariz; sabia que alguns clientes pediam por um motoboy específico só por achá-lo bonito, mas não lembrava de já ter ido nesse endereço antes para acontecer algo assim. Olhou para Camie, buscando alguma justificativa, mas ela só deu de ombros.

— Não sei de nada — constatou. — Vai que seja o amor da sua vida, né?

Bakugou revirou os olhos.

— Vai se foder — murmurou, fazendo a garota rir. Observou Camie voltar para dentro do restaurante, em seguida olhando novamente para o endereço. Fantástico.

***

Bakugou fechou novamente a caixa, não sem antes checar o último endereço da sua rota. A casa no bairro de gente rica. Só de pensar sentiu calafrios. Antes de sair, mandou uma mensagem para Camie, pedindo para ela avisar que demoraria mais uns quinze minutos para chegar na casa do cliente. Baixou a viseira do seu capacete e deu partida na moto.

Bakugou sempre tentava manter seus pensamentos focados no trânsito — nunca se envolveu em um acidente e se orgulhava disso. Bem, a não ser que brigas de trânsito contassem como acidente, aí as coisas se embaçavam —, mas naquele momento não estava conseguindo. Algo estava deixando-o desconfortável naquela entrega, talvez por ter sido alguém que pediu especificamente para ele levar a pizza. Quanto mais próximo chegava do seu destino, mais seu desconforto aumentava. Suspirou fundo; era só mais uma entrega. Chegaria e no máximo em cinco minutos já estaria partindo, pronto para mais uma rodada de entregas.

o estranho da videochamada ▽ todobakuOnde histórias criam vida. Descubra agora