Uma encrenca que vale a pena

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O bar do Luiz era um boteco que os Bastardos usavam como fachada para a distribuição da mercadoria para os "chicos" que repassavam para os clientes, a frente era pintada de preto e vermelho desbotado e haviam várias mesas de ferro enferrujadas onde os frequentadores costumeiros tomavam pinga e cerveja.

O rap tocado a distância foi o primeiro anuncio do grupo, logo um Mustang 69 preto e quatro motocicletas estavam estacionando junto ao meio fio e  os poucos que estavam no local se apressaram a sair.

- Boa noite chefe, vamos ter reunião hoje? - o senhor Luiz era um homem baixo, gordo e de cabelos brancos que carregava um guardanapo no ombro e usava camisas velhas do seu time de futebol, era um bom homem: leal e discreto.

- Os filhos da puta que estão tentando entrar no nosso território vão vir. - Erick respondeu indicando as entradas para Felipe e Luan que acenaram se preparando.

_ Vão precisar das "meninas"?

_. De boa - o homem levantando a blusa mostrando a arma. - Prepare a sala e deixei uma porta aberta.

O grupo contava com dez garotos, sendo que o mais velho parecia ter no máximo dezoito anos. O líder que se identificava como Coringa estava em frente, ostentava uma tatuagem do personagem que deu origem ao apelido no braço direito e outras dezenas no resto do corpo. O grupo foi revistado mesmo que de mau grado e Felipe os guiou até a sala do fundo onde Erick e o resto dos homens estavam.

_ Finalmente tenho o prazer de conhecer o chefe - o rapaz declarou cheio de segurança e falta de bom senso que provinham da idade.

_. Vamos direto ao assunto, certo? Eu não sei de que buraco que vocês saíram e quem deu a porra da ideia de vir na minha cidade tentando vender essa merda no meu território, mas vocês já foram avisados.- A expressão de Erick era impassível, ele soube no momento que aqueles garotos entraram na sala que aquilo não seria somente uma conversa, o tal de Coringa manteve um sorriso debochado durante sua fala e agora tinha se aproximado deixando somente a mesa entre eles.

_ Ninguém vai dizer onde a gente vende nosso "corre ", playboyzinho. - a frase foi acompanhada pelo cuspe do rapaz no chão. - O que você vai fazer?

Foi uma questão de segundos, o punho do homem acertou o rosto do garoto o fazendo cambalear enquanto o resto começou a trocar socos e chutes. Erick e o marginal trocaram uma dúzia de golpes até finalmente o jovem ser derrubado com um gancho cruel do primeiro que em seguida se pôs sob o garoto desvencilhando uma sequência de socos contra o rosto do infeliz.

Quando um dos garotos da gangue fez menção de interferir Erick puxou a arma em sinal para seus homens fazerem o mesmo rendendo o grupo que logo estava com as mãos levantadas em redenção.

_ O que eu vou fazer seu pirralho ignorante é dar um último aviso, se eu ouvir que um de seus filhos da puta está perto do meu território vou fazer questão de meter uma bala na cara de cada um para o funeral ser de caixão fechado, entendido? - mesmo quase desacordado ele concordou. _. Agora desapareçam, bando de idiotas metidos a gangstas.

Braham desvencilhou um último chute contra o estomago do rapaz que foi rapidamente carregado pelos amigos e acendeu um cigarro escutando o som de tiros para o alto e a risada dos companheiros tirando um sorriso involuntário dele, os bandidos de hoje em dia são vergonhosos.

Enquanto isso Renata tinha acabado de deixar Lara em casa, a mulher já tinha tomado um banho e colocado o pijama e agora estava fumando seu sexto beck do dia olhando a rede social de Erick Braham.

A maioria das fotos eram de motores, carros e motos. Havia várias em bar de motoqueiros popular da cidade, algumas dele tocando guitarra o que a fez bufar irritada pelo tamanho do clichê que estava perseguindo na internet, mas seu coração deu um solavanco quando alcançou uma em que ele sorria aparentemente distraído.

Uma mensagem no Whatsapp de um número desconhecido apareceu em suas notificações e ela quase gritou lendo o texto.

E: Espero que tenha minha resposta logo, bravinha.

Bravinha? Ele realmente estava dando apelidos para ela as quatro da manhã.

L: Não sei do que você está falando ...

E: Mentir não te cai bem kkkk

L: Você quer a verdade? Se você não tivesse sua personalidade e não tivesse sido tão cuzão durante toda semana, sem mencionar nosso primeiro encontro eu dormiria com você sem problemas.

Lara mandou a última mensagem no calor do momento e quase apagou, mas os três pontinhos mostrando que ele estava escrevendo apareceram logo depois do envio.

E : Então você admite que pensa em transar comigo ! Por que não deixa esse orgulho de lado e vamos nos divertir juntos? Tenho certeza que seria mais gostoso ...

A mulher olhou a mensagem incrédula, o que aquele imbecil pensava que iria conseguir com uma mensagem daquelas? Será que ele imaginou que ele imaginou que eu vou responder que sim como uma putinha carente?

L: Agradeço, mas não. E só para você saber que se por um milagre eu concordasse não seria só gostoso .... Você não conseguiria fuder outra sem pensar em mim.

_ O que foi, mano? Esta sorrindo igual besta para o celular... _ Luan lhe estendeu o copo de uísque que todos estavam bebendo para encerrar a noite no bar do Luiz.

_. Nada, só mais problema que eu estou me metendo.- ele bebeu rindo abertamente, ele tinha conseguido a irritar, sua mente imaginou como ela estaria com o rosto corado e olhar sério, talvez ela usasse camisola, ou baby-doll, talvez fosse daquelas mulheres que dormem só de camiseta ou nua, de qualquer maneira ela ficaria deliciosa.

_ Caralho pela sua cara é problema com mulher, foge mano.

_ Porra, pior que vale a pena a encrenca.

Lara não estava se aguentando, queria saber se a mensagem tinha surtido o efeito esperado. Era frustrante  a maneira que ele a fazia querer arrancar as roupas num segundo e querer socá-lo no outro, contudo ela não podia negar que a deixava extremamente excitada. Quando o som de mensagem tocou ela quase derrubou o celular e as palavras fizeram grunhir de raiva.

E: Te vejo na segunda, bravinha.


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