Zahir (árabe); algo que uma vez tocado ou visto jamais é esquecido — e vai ocupando o nosso pensamento até nos levar à loucura.Eu não me importava de acordar cedo. Sério. Realmente não me importava. Porém devemos estar de comum acordo que com cedo eu quero dizer 10/11hrs da manhã e não 6hrs da madrugada. Madrugada sim! Se ainda está escuro no céu significa que o ciclo ainda está em processo de conclusão então devemos aguardar até que definitivamente amanheça e inicie outro dia. Quem diabos definiu que o dia poderia começar antes mesmo de clarear? Não faz sentido algum!
Certo, estava de mal humor. Eu absolutamente me importava de acordar de madrugada. Mas já que estava acordado, depois de muito esforço para levantar da cama, seguiria para minha costumeira rotina de sempre.
Jogar uma água no rosto, escovar os dentes, estralar um braço aqui, o outro ali. Fazer aquela agachadinha básica para esticar o corpo e por fim, vamos as vestimentas. Tudo básico, por favor. Tons escuros nunca nos decepcionam.
Agora let's go to inferninho particular.
🍭
Eu gostava das aulas de harmonia pois a sala ficava em frente a da turma de história da arte que coincidentemente ou (como eu particularmente preferia chamar) por obra do destino era uma das matérias do segundo ano de artes cênicas da qual minha leve (não tão leve assim) paixão platônica cursava. Obviamente eu não enxergava muito do ser que iluminava minha vida pois havia um vidro que separava as duas salas e é claro também era a prova de sons.
Lá estava eu, observando metade da cabeleira escura que eu conseguia distinguir de longe, completamente abobalhado e perdido em pensamento de como formaríamos o casal mais lindo daquela instituição, até que fui literalmente jogado para a realidade quando em um solavanco minha cadeira foi empurrada para frente pela mesa de trás. Virei-me irritado para o garoto da classe de trás afim de entender o motivo do mesmo ter interrompido minha maravilhosa ilusão.
— Desculpa, foi sem querer. — Curvou-se levemente, abocanhando novamente o pirulito que havia deixado de lado para se pronunciar.
Apenas concordei virando-me para frente planejando voltar para meu incrível mundo da fantasia, falhando miseramente visto que o abençoado de trás que havia feito o mesmo ato anterior. Olhei-o com o meu melhor olhar de fúria, esperando por uma explicação do outro.
— Desculpa de novo. — Sorriu quadrado. Analisei-o. Primeiras impressões; chamativo, muito chamativo. E um rosto claramente novo. — Eu sou um pouco ansioso e acabo balançando a classe involuntariamente mas juro que agora não vai se repetir.
Suspirei e concordei novamente me virando na esperança de que agora pudesse finalmente ter sossego. Como eu não tinha visto ele? Estava assim tão apaixonado pelo menino da sala ao lado ao ponto de ficar cego? Porque não era possível não notar aquele pontinho amarelo gritante no meio de tantos zumbis mal vestidos que provavelmente colocaram a primeira roupa que viram pela frente, todos padrões e neutros. Não que o amarelinho estivesse bem vestido, pelo contrário. O que era aquela jaqueta amarela, eu odeio amarelo! E aquela bandana/faixa preta prendendo seus cabelos para o alto? Nem sabia que ainda existia essas coisas. Brega, completamente brega. Mas quem era eu para julgar? Mal havia penteado meus cabelos hoje. Oh! Na verdade eu nem cheguei a pentear! Meu Deus, será que Taehyung teria me visto descabelado? Peguei meu celular para tentar dar uma amenizada na juba usando a tela do aparelho como espelho.
Bom, aquela foi a primeira e única vez que eu notei e falei com o amarelinho durante boas duas semanas que seguiram sem anormalidade alguma e vale lembrar; sem solavancos em minha cadeira, obrigado.

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Limerência
Roman d'amourA vida de Jung Hoseok se resumia ao típico cotidiano que todo jovem comum na sua idade tinha; uma boa relação com os pais, cursava dança em uma das maiores faculdades de Seoul e tinha muitos planos para seu futuro. E ah! Havia também a famosa paixão...