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Jungkook chegou animado à ópera no dia seguinte. Ansiava por encontrar Taehyung novamente, para que finalmente pudessem terminar sua música. Apesar do progresso da noite anterior, a letra ainda precisava ser finalizada. Jungkook progredia escrevendo sua ópera, agora baseando-se em partes da música para dar continuidade a trama, concretizando no fim duas formas distintas de expressar uma melancólica narrativa.

Apesar de ter chegado mais cedo e se posicionado em seu órgão, Jungkook não viu Taehyung em momento algum, sequer no ensaio. Estava começando a ficar aflito e já ia levantar-se para procurá-lo, quando, poucos minutos antes da ópera se iniciar, o diretor apareceu, se dirigindo à plateia:

- Sejam muito bem vindos para o espetáculo desta noite, meus caros espectadores. Sinto muitíssimo por informar tão tardiamente o cancelamento desta apresentação. Devido aos rumores que circulam ao redor da misteriosa figura que anda causando desordem em nosso palácio, como todos devem estar à parte, o então intitulado Fantasma da Ópera é o responsável por inúmeros problemas envolvendo a segurança, a confiabilidade e credibilidade de nossas apresentações. Como sempre, estamos buscando um fim para sua trágica atuação neste local tendo sempre em vista o que irá beneficiar nossos adorados clientes. Sendo assim, algumas apresentações noturnas, como esta, serão suspensas, para que o período seja totalmente voltado à busca pelo misterioso fantasma. Peço a compreensão de todos e desculpas por quaisquer transtornos, além do desejo de que retornem para casa em segurança e voltem mais vezes aos nosso genuínos estabelecimentos teatrais. Tenham uma boa noite.

Jungkook suava frio durante todo o pronunciamento do diretor. Ficou sem saber o que fazer ou que pensar, permanecendo em seu respectivo posicionamento até depois de toda a plateia ter se dirigido para fora do teatro. Só então o organista passou a guardar os seus pertences rapidamente, desesperado para encontrar Taehyung.

Jungkook só percebeu a flor em cima de seu órgão quando estava quase saindo so local. Pegou-a rapidamente, aliviado pelo violinista ter ao menos dado um sinal de vida. A belíssima flor foi repousada novamente sobre o órgão enquanto Jungkook lia o bilhete preso ao seu caulhe, agora repousando em suas mãos.

" O jardim está despedaçado. A máscara quase foi retirada à força por aqueles que não compreendem minha verdadeira identidade. Eu tive que me esconder, por que sou feio. Mas eu ainda quero te encontrar."

Jungkook leu o bilhete atentamente, por fim concluindo que Taehyung precisava de ajuda. O organista deixou seus pertences ali mesmo, sobre o órgão, repousando ao lado da flor, e se dirigiu o mais rápido possível para os aposentos do fantasma.

O coração do organista concretizava batidas disparadas e desesperadas, que ansiavam por saberem o paradeiro de Taehyung e se o mesmo estaria bem. Se algo acontecesse com ele apenas pelo fato de ele fazer o que ama e não se sentir pronto o suficiente para se mostrar à sociedade, Jungkook nunca iria se perdoar.

No meio dos corredores, se deparou com uma trupe de guardas fazendo a ronda noturna. O coração do músico ficou ainda mais disparado, mas foi possível disfarçar o destino do organista, pela alegação de verificar o estado do órgão de outro salão da ópera, que ficava na mesma direção. Finalmente, foi possível chegar ao esconderijo do violinista.

Jungkook abriu aflito a grande porta de madeira, se deparando com uma cena da qual nunca se esqueceria.

Todas as flores haviam sumido. O grande e belo jardim havia desaparecido. A máscara, as telas, o violino, tudo tinha ido embora sem deixar sequer um rastro.

Havia apenas um smeraldo, novamente preso à porta que levava ao terraço. Jungkook já estava familiarizado o suficiente com os manifestos de Taehyung para saber o que aquilo significava.

Enquanto isso, Taehyung praticava no terraço, sentado sobre parapeito do local, tocando seu violino e ensaiando a melodia de sua nova canção. O jardim havia sido completamente transferido para a torre, inevitavelmente trazendo alguns danos e mortes vegetais consigo. O diretor provavelmente havia decidido revistar o andar de seu esconderijo novamente após a saída do violinista do palácio, sncontrando assim o precioso local. A perda era lastimável, mas não havia nada que o violinista podia fazer, sendo que estava sendo investigado. E, acima de tudo, elas já haviam cumprido sua função. A fonte de
inspiração para sua criação já havia aceitado o criador.

Todas as suas telas, tanto esboçadas quanto completas, estavam escondidas sob o palco do teatro da ópera, abaixo de um alçapão. Era arriscado, mas era o único local no qual não seriam encontrados.

Havia um aviso na superfície da máscara, que repousava ao lado do músico. Taehyung havia deixado-a no esconderijo na noite anterior e, quando chegou no local neste dia, a encontrou rabiscada, com uma ameaça ao Fantasma da Ópera.

" Onde quer que você esteja, estes serão seus últimos momentos neste local. Irei te encontrar, independentemente de qualquer coisa."

O diretor estava ficando cada vez mais enfurecido. Ele havia cortado inúmeras flores e rasgado o tecido de várias telas, deixando-as perto da máscara. Temendo que o mesmo voltasse no dia seguinte para destruir seu refúgio completamente, Taehyung optou por esconder seus bens mais valiosos.

Pensando em todas as perdas, Taehyung repousou o violino ao seu lado e apenas fitou o chão, a milhares e milhares de metros de distância, pensando em quanto valeria continuar dali para frente. Considerando que quase não tinha casa, sua família estava longe e ele seria banido e proibido de frequentar o local de seus sonhos, Taehyung pensou seriamente que seria melhor se jogar.

Foi quando sentiu um par de braços fortes rodearem sua cintura. E então lembrou de sua razão para continuar.

Ainda o abraçando, Jungkook se pronunciou:

- O que houve, Tae? Eu entrei em desespero no momento em que o diretor da ópera avisou sobre o cancelamento das apresentações noturnas devido ao fantasma, assim que notei sua flor fui correndo ao seu esconderijo, mas só encontrei o smeraldo que estava na porta que dava acesso a este terraço. Você está bem?

Taehyung, disfarçando sua vontade de chorar, respondeu:
- Estou sim, meu amor. O diretor e seus guardas destruíram alguns de meus pertences, mas salvei o que pude. Porém, não acho que eu vá sobreviver nesta ópera por muito tempo.

O organista, após ouvir as palavras do outro músico, virou - o para si cuidadosamente, logo o descendo do parapeito do terraço. Então o abraçou o mais forte possível, escondendo o rosto de Taehyung na curvatura de seu pescoço e acariciando sua nuca, finalmente se manifestando:

- Você vai conseguir sim, Tae, pois eu estarei ao seu lado e não lhe deixarei cair. Nós vamos concertar as coisas. Vamos nos mostrar fortes o suficiente para que você finalmente tenha coragem para mostrar o seu belo eu interior ao mundo, sem receio dos julgamentos alheios.

Taehyung o olhou com os olhos marejados, transbordando amor e orgulho. Naquele momento, ele soube que tudo valera a pena. A criação das flores, os bilhetes misteriosos, todo o tempo de espera. Valia a pena pois ele amava uma pessoa maravilhosa, por quem e ele estava disposto a lutar. Ele amava alguém único e insubstituível, que via a sua verdadeira face através da máscara, e não o achava feio ou o considerava um monstro. Jungkook o via como ele realmente era, e achava isso a coisa mais bela e singular do mundo.

Kim Taehyung amava Jeon Jungkook, e isso era tudo o que importava.

Sem se segurar, Taehyung segurou firmemente na nuca do organista e o puxou para um beijo casto, cheio de amor. Ficaram assim por um bom tempo, até que Taehyung finalmente se afastou, pronunciando:

- Vamos terminar nossa música. Já sei como retirar esta máscara e viver como eu realmente sou em meio ao mundo sem qualquer ressentimento.

As Flores Do Século XIXOnde histórias criam vida. Descubra agora