Capítulo 2

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Elizabeth.

Havia acabado de sair da casa de Baruch, e resolvi ir visitar minha amiga Carly, ela não é judia e vive uma vida normal, de uma adolescente normal, viramos amigas por puro acaso num mercado a cinco anos atrás, tento visitar a casa dela quando posso. Carly morava com sua mãe, as duas eram muito unidas e a tia Emy me trata muito bem, elas viviam em um apartamento e o porteiro já até me conhecia.
Toquei a campainha assim que cheguei até a porta que logo foi aberta por minha amiga e a abracei, entrando no apartamento, Carly e eu nós sentamos no sofá para conversar, ela queria saber de tudo sobre o meu noivado, foi a que mais se chateou com isso.

"Estou começando a meio que gostar da ideia de me casar, pelo menos não vou ter que morar com minha madrasta, ela quer muito que eu saia de casa e meu pai não se importa mesmo. Mulheres casadas só devem satisfação ao marido e dependendo do homem, pode ser um casamento tranquilo, Baruch parece ser bom." - A cada palavra dita por mim Carly esboçava uma feição diferente, como se fossem as piores coisas do mundo. Na verdade eu só estava repetindo coisas que Danya me disse, uma amiga minha que se casou a uns meses atrás, ela me contou umas coisas sobre o casamento afim de me animar com isso.

"Se você diz...Mas eu ainda acho que você merecia coisa melhor, não estou falando do marido e sim de uma vida melhor."

"Mas eu já desisti disso, essas coisas eu pensava quando era uma garota sonhadora que achava que minha mãe viria me buscar num cavalo branco, ela até veio mas foi tarde demais. Minha mãe me abandonou Carly."

"Ela veio? E o que ela queria?"

"Me entregar os documentos para ter cidadania inglesa, e ainda me pediu para ir morar com ela, depois de todos esses anos ela vem me buscar, ela disse que é porque soube que vou me casar."

"E por que você não aceitou? Isso seria perfeito, quem me dera receber uma proposta dessas."

"Eu nem sei se é verdade, minha mãe nunca se importou comigo, vinha me ver uma vez a cada três anos e dessa vez foi depois de seis. Além do mais, isso seria fugir como ela fugiu, meu pai nem gosta de quando ela vem me ver."

"Ah entendi mas tentar não seria problema, enfim, isso não tem haver comigo então eu só espero que você esteja fazendo a escolha certa, de qualquer forma eu vou estar aqui por você."

"E eu também!" Emy falou aparecendo, vindo da cozinha e sorri a ela antes de abraçar Carly, elas eram muito importantes pra mim.

"Eu sou muito grata em ter vocês, queria poder ficar mais mas minha madrasta vai desconfiar, eu disse apenas que estava indo visitar a família do Baruch."

"Eu conheço bem aquela lá, melhor você não irritar ela mesmo." Emy já tinha brigado com minha madrasta algumas vezes, todas por causa de mim, com tantos filhos pra cuidar e ainda tem tempo pra me encher.

Me despedi das duas e sai seguindo para minha casa que não era longe dali, o bairro era apenas de judeus ultraortodoxos, então morar ali era mais barato, até porque ninguém queria, por isso Carly e Emy moravam naquela região, era mais em conta para elas e tranquilo, já haviam se acostumado com os olhares das pessoas.

Entrei em casa seguindo direto para meu quarto, não queria ter que escutar a enxurrada de perguntas que Odelia iria me fazer, minha madrasta era a esposa perfeita e por isso queria que eu fosse também, Ziva, minha meia irmã demoraria para se casar, ela tinha apenas 10 anos e por isso Odelia depositava todos seus conhecimentos em mim mas na maioria das vezes isso não era bom, ela queria ter tido mais filhas meninas mas Deus só deixou ela ter quatro filhos, na última grávidez teve muitas complicações que fizeram ela não conseguir mais engravidar novamente, até porque se o fizesse correria risco de vida, meu pai disse para eu nunca tocar naquele assunto, Odelia ficava muito mal.

Estava secando meus cabelos com a toalha, havia acabado de sair do banho quando escutei as batidas na porta, que logo foi aberta por Odelia que entrou sorrindo, soltei a toalha e comecei a pentear meus longos fios, esse era um trabalho demorado devido ao tamanho e a quantidade de cabelo, Odelia teria tempo de sobra para falar ou reclamar, ela adorava fazer isso.

"Consegui marcar sua aula de educação íntima para amanhã, uma professora vai vir tirar todas suas dúvidas!"

"Mas já? Achei que isso só acontecia perto do dia do casamento."

"Mas está perto, quanto antes melhor, conversei com a mãe dele e ela também está ansiosa, você gostou do apartamento que a família do Baruch vai presentear a vocês? Eles tem vários alugados, e este estava reservado para vocês, não é incrível?"

"Sim é, nós visitamos o apartamento ontem, parece ser bom, a senhora Kapfer vai começar a escolher os móveis, eu preferi deixar para ela e Freida escolherem tudo."

"Deixou a melhor parte para elas? Quero participar disso também, mas por enquanto é melhor você ir dormir, a professora vai vir amanhã de manhã, vou falar para os meninos e a Ziva ficarem dentro do quarto, não quero que nada atrapalhe vocês. Boa noite." - Assenti a tudo que ela disse e logo a mesma saiu do quarto. Como já tinha terminado de pentear meus cabelos, fiz uma trança e fui dormir.

...

Ao terminar de soltar meu cabelo que agora estava ondulado por conta da trança, me vesti com uma meia calça da cor da minha pele, saia longa e camiseta de manga longa, optei por amarrar os cabelos num rabo baixo e sai do meu quarto indo para a cozinha onde Odelia conversava com a mulher que supus ser a professora, quando me viram, sorriram e fiz o mesmo me sentando em seguida. Odelia logo se levantou e saiu para nós deixar a sós.

"Ouvi falar bem de você, vou começar te explicando algumas coisas e depois você pode fazer as perguntas, tudo bem?" - Assenti com a cabeça e peguei uma xícara, colocando um pouco dó chá que estava em cima da mesa para tomar.

"Supunho que você já saiba o quanto é importante o matrimonio, é sagrado, e o propósito dele é criar uma familia, e família é tudo. Você e seu marido vão se encaixar como um quebra-cabeça, ele vai entrar no seu orifício e assim vão realizar o benção que é a vida, mas isso já foi ensinado pra você. Quando estiver no seu período fique longe do seu marido e não vá ao mikvé, quando parar de menstruar vai usar esses panos para verificar sua limpeza, quando saírem limpos durante sete dias, você vai ir ao mikvé e voltar a dormir com seu marido." - Ela me mostrou o pequeno pano que tinha uma cordinha bem fina, e ensinou com as mãos como eu deveria fazer.

"Então só vamos dormir juntos durante a metade do mês?"

"Sim, a saudade faz bem, até porque Deus quis assim e é seu dever seguir os desejos dele. Você é forte e vai conseguir fazer tudo muito bem, eu espero" - Ela disse sorrindo e bebeu um pouco do chá da sua xícara, já eu ainda estava pensativa quanto a tudo que ela me disse.

"Por que tenho que ser forte? Vai doer?"

"Digamos que sim, no começo, depois de umas 7 vezes de relação já não vai sentir mais tanto incômodo, mas antes disso vai conseguir engravidar, você é jovem e deve ser bem fértil, eu espero que seja. Tem alguma dúvida?"

"Acho que não..." - Respondi em voz baixa olhando o chá dentro da minha xícara. Estava um pouco perplexa.

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