Capítulo 3

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Narrador.

Era o dia da purificação de Elizabeth para o casamento que seria amanhã, após receber as instruções, tirou a roupa e colocou o robe indo para o banheiro, limpar as unhas, tomar banho e pentear todo o cabelo, ao terminar as tarefas foi com a instrutora para o tanque próprio para o mikvé, onde a noiva mergulha em água da chuva para se purificar antes do casamento e consequentemente a primeira noite com o marido.

Assim que a menina terminou, se secou e se vestiu para terminar a purificação, o próximo passo era os cabelos, ela foi colocada sentada de frente para um espelho, sua madrasta também estava ali junto com a mãe e a irmã do noivo felizes, diferente de Elizabeth que se mostrava com medo do que aconteceria a seguir.

"Nossa, seus cabelos são enormes, vamos ter que cortar um pouco antes." - Proferiu a mulher antes de amarrar os cabelos de Eliza na metade das costas, rapidamente passou a tesoura nos fios da menina que já chorava sem esboçar nenhuma feição no rosto, talvez porque ainda não acreditava que estava fazendo aquilo. A máquina de cortar cabelo foi ligada e assim que a mulher estava perto de cortar os cabelos Eliza gritou fazendo todas as mulheres da sala paralizarem.

"Não! Eu não quero! Se for pra fazer isso, não quero me casar." - Disse ela em voz alta, se levantando para afastar seu cabelo da mulher que queria corta-lo.

"Elizabeth! Você precisa fazer isso, sabe como é, e a menos que você use lenços para o resto da vida vai ter que raspar!" - Odélia se aproximou da menina com medo da reação que isso iria causar as familiares do noivo, e tocou no ombro de Eliza vendo o quanto a menina estava com medo.

"Eu prefiro! Eu posso usar lenços para sempre, só não quero raspar meus cabelos, não agora." - Todas as mulheres na sala a olharam com decepção, aquilo não era o correto, mas foram bem avisadas que Eliza não era como as outras garotas, ela estava tentando ser porque sabia o quanto era importante que se casasse, mas as vezes não dava para segurar sua personalidade forte. Pela família Kapfer, Baruch não se casaria com Eliza mas ele gostou da menina, e mesmo sendo um casamento arranjado os dois tem que consentir e assim foi feito.

Odélia tinha medo de ver Elizabeth surtando daquela forma pois sabia o quanto foi difícil arranjar pretendentes para ela, todas as famílias sabiam do que aconteceu com a mãe de Eliza e por isso tinham medo de se repetir, mas por sorte a família Kapfer deu essa chance, Baruch já tinha visto Elizabeth algumas vezes antes de surgir a possibilidade de casar com ela, sua beleza era encantadora.

...

Faltavam poucos minutos para cerimônia, que seria bem demorada, mas todos já estavam preparados e acostumados com isso, Elizabeth se encontrava um pouco nervosa mas sua madrasta já estava tratando de acalma-la, o vestido era longo e, bufante, um modelo antigo, os cabelos dela estavam em volta de um fino lenço branco e o rosto com uma maquiagem leve, o carro havia chego e seria o momento de ela e sua família irem para o salão.

A cerimônia estava no final, algumas crianças já até dormiam enquanto os noivos dançavam, a família de Elizabeth estava aos prantos de felicidade mas a menina apenas continuava seria com as suas mãos nas de Baruch que a conduzia alegremente.
Ela só conseguia pensar que o pior estava por vir, nada apagaria da sua memória o que a professora disse, a relação sexual seria dolorida para ela, além de já não ser algo que ela quisesse.

Assim que terminaram de se despedir de todos foram para o apartamento deles, estava tudo mobiliado, era a primeira vez que Eliza estava o vendo assim, a decoração era simples e neutra. A garota seguiu para um dos quartos que tinham, era pequeno mas com 3 quartos, 2 pensados para as crianças que queriam que eles tivessem, Eliza entrou no maior e abriu o guarda roupa vendo que suas roupas já estavam ali, quando escutou os passos de Baruch, fechou a porta na cara do rapaz e a trancou o deixando confuso do outro lado.

"Está tudo bem? Por que não posso entrar?"

"Eu vou me trocar, é rápido" - Ela respondeu com um pouco de dificuldade para tirar o vestido, quando conseguiu, deixou a peça dentro do guarda roupa num compartimento vazio, limpou o rosto com um lenço úmidecido vestindo-se com uma camisola longa em seguida.

Elizabeth destrancou a porta vendo Baruch entrar e se aproximar dela que ia se afastar mas parou assim que ele tirou o lenço de seus cabelos. Ela já sabia o que fazer, então começou pegando uma toalha para forrar em uma das camas, após isso, se deitou respirando fundo e Baruch que ja havia se trocado, deitou por cima dela que insistia em continuar de olhos fechados.

"Abra os olhos, por que você está assim?" - Perguntou preocupado levando as mãos para o rosto da esposa.

"Por que eu não quero. Não quero fazer isso"

"Mas é o que a gente faz, estamos casados agora." - Ela então abriu os olhos e assentiu tentando não olhar para ele, que já havia erguido a camisola e retirado a calcinha, na primeira pontada de dor ela tentou segurar e quando viu que ia piorar o empurrou.

"Eu não quero! Não agora, estou cansada e vou dormir."

"Mas Eliza...Amanhã vai ser sem falta não é? Não quero que pensem que eu não consigo te dar um filho mas também não quero te machucar."

"Não parece que não quer." - Respondeu antes de se levantar para deitar na outra cama que tinha no quarto, deixando o garoto confuso do outro lado, pensando se isso era normal, talvez fosse mas o mal humor dela não fazia sentido para ele, afinal haviam acabado de se casar.

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Por que ela teria que raspar o cabelo?

A principal razão desse costume é proteger a mulher dos olhares de outros homens. Além disso, cobrir os cabelos é um sinal para o mundo, e também para a própria mulher, de que ela está casada. É um símbolo de recato.

Mas algumas judias ortodoxas usam lenços para cobrir os cabelos.

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