Parte Seis

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Acordei com um leve peso do meu lado, não estava conseguindo me situar com clareza mas o toque gentil me disse quem estava ali.

"Olá Ibur..." - Digo olhando para o Ibura, que estava com algumas algas enroladas nos seus braços. - "Como você está se sentindo?!"

"Eu que deveria está perguntando isso, sabia?!" - Ibura me abraçou gentilmente e colocou a cabeça no meu ombro. - "Você ficou alguns ciclos desmaiado... Três para ser sincero que nem o Char."

Três ciclos dormindo?! Aquela quantidade de poder que liberei deveria ter sido bem assustadora.

"O Charond está bem?" - Indago Ibura que sorriu para mim. - "Que foi?!"

"Ariel não saiu de perto do Char todo esse tempo, só agora que o Charond acordou que Ariel desapareceu." - O riso do Ibur me dizia que isso não era tudo que ele queria dizer. - "O Ariel estava envergonhado com os irmãos, pois eles disseram que fazem gosto pelo que foi descoberto."

"O Ariel é companheiro de alma do Charond, não é isso?" - Ibur ficou surpreso mas foi a própria guardiã do selo que nos contou. - "Eu fiquei sabendo recentemente, pela guardiã."

"Ela também falou sobre mais alguma coisa?!" - Ibura estava receoso mas com o quê eu não sei.

"Sim... Só confirmou o que eu já sabia." - Puxei o rosto de Ibur para perto e o beijei. - "Meu companheiro, você é e sempre será parte do meu mundo."

Sorrindo ele me abraçou e repousou a cabeça no meu ombro, estávamos tão submerso no nossa bolha que nem percebemos o Rei Netuno.

"Vejo que estão bem, meus jovens." - Risonho como sempre, Rei Netuno se aproximou. - "Você se encontrou com sua mãe, Kayke?"

Fiquei paralisado com o que ele falou e Ibur também ficou, Netuno sorriu como se tivéssemos sido pego fazendo algo errado.

"Anfitrite... Quantos anos não ouço esse nome, vinte e cinco para ser mais exato." - Agora ele perdeu o sorri como se fosse triste se lembrar dela. - "Minha irmã fez de tudo para que você crescesse bem, jovem Kayke."

Ibura e eu ficamos igualmentes surpresos em saber disso, Netuno é meu parente mais próximo.

"Intrigante não é?! Eu não poderia contar pois foi pedido dela." - Netuno dizia com pesar na voz. - "Ela me fez prometer que não iria te contar nada, até que estivesse pronto... Mas minha irmã sempre foi muito enigmática."

"Quer dizer que eu sou mesmo um netuniano?!" - Digo apertando a mão do Ibur, ele estava me olhando engraçado.

"Sim, mas sua outra metade é abissiana." - Netuno dizia nadando até uma coluna de corais e se encostando nela. - "Geralmente, os filhotes que nascem mestiços ou híbridos, tem a cauda mais puxada para a ancestralidade dos pais. Meu pai Okeanos era um gigante dos mares, Cetus perto dele parecia um filhote de delphinidae."

Estava surpreso vendo-o falar com tanta intimidade sobre sua linhagem ancestral.

"Mas... isso só o tornou mais arrogante... Criando monstros que chamou de Oceânides, os donos primordiais dos seus domínios." - Netuno sorriu como se tivesse dito algo engraçado. - "Foram eras que lutamos contra suas loucuras até selarmos ele no fundo do mar, nas fossas abissais para que nada o despertasse... Do fundo das fossas abissais nasceu uma civilização de seres poderosos, tão poderosos que viram em nós, os filhos de Okeanos uma ameaça ao equilíbrio dos Mares, criando as armas abissais.. São quatro armas o Tridente de Poseidon, a Bandeira Tempestuosa, a Lança Ciclone e o Arpão Glacial." - Suspirou com leveza, e seu olhar seguiu para a Baía de Cetus. - "Estou te contando isso só para dizer que você é o príncipe dos abissianos, o abissiano que ascendeu ao posto de Guardião dos Mares, um posto que é seu por direito, seu direito de nascença meu filho."

Guardião dos Mares - Contos SOS (1° Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora