Prólogo

36 3 0
                                    




— ... Em suma, a habilidade de transmutação se faz muito importante para auxiliar a resolução dos conflitos entre os não-mágicos, que, com isso, conseguem gerar conhecimento e construir valores éticos e morais para as futuras gerações ao levar esses contos para reflexão mais aprofundada... — O discurso de Dimitry fora interrompido pelo acender repentino das luzes. O som dos saltos batendo contra o piso de madeira ecoou mais alto do que de costume pela sala, talvez pelo fato de metade dos alunos ainda não terem acordado e a outra parte estar gemendo baixinho pelo incomodo da mudança repentina de iluminação.

— Acho que já é o suficiente, Dimitry. — Pandora soltou, ríspida. Largou o grimório sobre a mesa que soltou um leve grunhido em resposta. Os espectros mágicos, que projetavam a apresentação interativa, já haviam entrado na caixa escura, fugindo da luz. Com um estalar de dedos da professora, a caixa desapareceu. — Aliás, já havíamos ouvido o suficiente a duas apresentações atrás...

Dimitry mordeu o interior das bochechas. Não costumava demonstrar timidez, mas a desaprovação de um professor na frente de toda a turma fariam qualquer rosto avermelhar. Os colegas despertavam aos poucos, levando os olhares curiosos e debochado à ele.

— Achei que minhas instruções fossem claras: "Magias essenciais na história e exemplos de sua importância". — Ela fez um gesto para que o garoto se sentasse, ele deu um passo a frente e desapareceu, reaparecendo sentado em sua carteira enrijecendo sua feição em tranquilidade, mantendo sua imagem inabalada. — Truques de mágica fúteis como aqueles não se qualificam nem como entretenimento. — Os olhos dourados de pandora faiscavam, o tom de deboche e desprezo envolviam sua fala. Afinal, uma bruxa capaz de selar as forças mais destrutivas já conhecidas em uma caixinha de musica sempre sentiria-se superior as demais entidades mágicas. — Você tem sorte desta apresentação não ter peso suficiente para rete-lo, mas vai influenciar bastante nos seus resultados finais. Me espere ao fim do período, quero trocar algumas palavrinhas com você.

E o clima ficasse mais pesado naquele momento, provavelmente tornaria-se palpável.


Voltando para casa, Dimitry dedicou alguns minutos de sua caminhada a extravasar sua decepção e vergonha através de feições fechadas e múrmuros baixinhos. Apolo caminhava ao seu lado contando da aula de combate onde aparentemente haviam derrotado uma duzia de lobos de cristal, sendo que apenas um dos alunos se machucou.

— O lobo arrancou a perna dele com uma mordida só... Foi incrível! — A empolgação em sua voz era notável e talvez preocupante, mas nada fora do comum. — Por sorte a enfermeira tinha comprado poções pela manhã.

— Não seria mais inteligente usar simulações mágicas e...

— Não.

— Mas...

— A experiência real faz o nivelamento da aula, aqueles que não se sentirem confortáveis em morrer a qualquer momento durante o ano letivo nem mereceriam estar lá...

— Cite mais uma vez as palavras daquele asno que eu te exilo para uma dimensão de insetos gigantes! — Uma pausa nas caretas para um olhar mortal ao amigo. Apolo riu perante a ameaça, evidenciando as intenções da provocação em sua fala anterior terem rendido o resultado esperado.

— Você guarda muito rancor! Ele ainda pergunta de você as vezes: " E seu amigo fadinha, hein? Já arranjou uma princesa para servir? HAHAHAHA!" — Imitou a voz grossa e a risada forçada do professor de defesa mágica, ao ver Dimitry começar a erguer a mão e rogar uma maldição, tratou de envolver os ombros dele com o braço e aperta-lo. — Calma lá estressadinho, teve um dia ruim?

A falta de resposta e o desviar do olhar responderam a pergunta. Apolo suspirou passando a mão pelos cabelos curtos a fim de tirar alguns fios da testa e ajeita-los.

A última fada madrinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora