Efêmero
Na manhã seguinte, Jin Ling ao menos sentia vontade de levantar da cama. Não tendo dormido a noite inteira, era quase como se seu corpo inteiro doesse e pesasse.
YanLi estava há muito tempo batendo na porta, Jin Ling sentia-se mal por ignorá-la. Resolveu olhar a hora, buscando o celular que deveria estar atrás de si na cama. Ligou o aparelho.
Eram nove e doze da manhã. Assim que apagou a tela, pôde observar seu reflexo, o que fez com que baixasse o aparelho rapidamente. Preferia não ver seu rosto deploravelmente inchado, estava desgostoso de si mesmo.
"A-Ling, meu filho... eu quero conversar com você." A mulher ainda insistia, batendo na porta com delicadeza.
Jin Ling, então, decidiu se levantar: ela queria conversar, isso era um bom sinal. O menino caminhou até a porta do quarto (ou, mais precisamente, arrastou-se até ela) e a abriu devagar, retornando à cama após permitir que sua mãe entrasse.
"Filho..." Ela encostou a porta e sentou-se ao seu lado, o observou e tocou seu rosto com cuidado. "Ontem você me disse que ama alguém." Ele desviou o olhar. "A-Ling, não precisa chorar... o amor deve ser algo doce, não pesaroso." Diante do silêncio do menino, ela continuou. "O menino com quem você está namorando, é o Wei Yuan?"
Os olhos de Jin Ling encheram-se com lágrimas. "Eu terminei com ele ontem a noite..." Falou com dificuldade.
YanLi ficou surpresa, reprimindo a vontade de perguntar o porquê para apenas acolher o filho adolescente num abraço. "Vai ficar tudo bem... seu pai não gostaria de ver você chorando, tampouco eu..."
Jin Ling pensou sobre o pai, um homem bom. Apesar de sua tendência a ser um tanto orgulhoso, amou YanLi durante toda a vida e foi um pai tão bom para o Jin quanto lhe foi permitido ser.
"Papai sabia. Ele sabia sobre mim." O adolescente começou a falar devagar, sua voz embargada com o choro. "Nós nunca te contamos, porque não queríamos te decepcionar."
"Tenho certeza de que esse não foi o motivo dele. Estou certa de que ele estava esperando você se sentir pronto para falar sobre esse assunto."
Jin Ling sentia-se seguro nos braços da mãe: sentia que, pela primeira vez, poderia ser cem por cento sincero com ela. "Mamãe... está chateada comigo?" Perguntou, enquanto secava as lágrimas com o antebraço.
"Nunca ficaria chateada com você por um motivo assim." A expressão de YanLi era séria enquanto arrumava os cabelos bagunçados do jovem.
"E o meu tio?"
"Não o culpe, ele apenas não entende... A-Cheng não é uma pessoa ruim."
Jin Ling assentiu, lembrando do que Wei Ying havia contado sobre a adolescência deles. "E a vovó?" Perguntou, com a voz hesitante, como se tivesse medo da resposta.
"Conversei com ela. Não vou deixar que ninguém faça você se sentir errado." YanLi era dócil e gentil, mas, principalmente, era protetora. Ela faria qualquer coisa para proteger aqueles que amava de qualquer dor ou angústia e, obviamente, seu filho estava no topo da lista.
Um silêncio se instaurou. Jin Ling pensava que agora tudo estava bem, que ele não deveria ter sido tão extremo a ponto de terminar com Wei Yuan. Mas logo sentiu-se egoísta novamente; ele sabia que podia estar melhorando, mas se ele não aprendesse a lidar com seus problemas por si só, iria jogar tudo para cima do amante novamente. Não seria capaz de estar ao lado dele de maneira correta.
"Mãe... eu me sinto sujo..." O menino a abraçou mais forte e ela fez o mesmo.
"Você não é sujo e não permita que ninguém te diga o contrário. Filho, você é alguém normal, eu estou do seu lado. Eu te amo e tenho muito orgulho de você."
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Efêmero | Mo Dao Zu Shi | ZhuiLing
FanfictionEfêmero e·fê·me·ro adj 1. Que dura apenas um dia. 2. Que é temporário; passageiro, transitório: "Apesar de sisudo e não propenso a aventuras, Abreu foi tentado pela fascinação do amor fácil e efêmero" (SEN). 3. Diz-se de flor que desabrocha e murcha...