c a p i t u l o 2

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p e t  e r

Não estava nos meus planos enfrentar minha irmã também, mas até parece que ela ia deixar Mia sozinha por algum mísero momento. Ou melhor, até parece que Mia não tinha comentado nada sobre o que eu lhe disse na aula. Por que mulheres são tão grudadas? Que droga!

— Bro, 'cê ta bem? – Victor coloca a mão no meu ombro – Vai amassar toda a garrafa.

Olho pra garrafinha de água na minha mão, droga de novo! Respiro fundo.

— Eu só preciso fala com aquela lá. – jogo a mesma garrafa no lixo.

— Desencana Peter! Ela nitidamente não sabe de nada. – Arthur passa a mão nos perfeitos cabelos arrumados.

— Não interessa! A família dela que fez essas merdas todas, impossível que nunca tenham falado pra filhinha deles.

— Trabalho é trabalho, no fundo você sabe que isso é só perseguição besta! Nem você sabia do trabalho do seu pai, bro. – Victor tenta pela milésima vez me convencer.

— É porque aquele não era o trabalho dele! Caralho, cê 'tá comigo ou não? Sua paixonite pela Emma 'tá ficando foda. – pego um cigarro e me afasto.

— Peter! 'Cê vai levar bomba assim! Não acabou o dia ainda. – Mais uma vez Cafflin tenta me convencer.

— Beleza, bro.

É impossível ela não saber de nada, é a porra do pai dela! E por culpa dele, o meu pai morreu naquela merda de prisão, nada mais justo dessa família sofrer tanto quanto a minha. Meu pai não era aquilo, ele não sabia sobre aquelas porcarias de droga, como ele podia ser um traficante e ninguém saber? Eu era seu filho, ele nunca esconderia isso de mim, eu sei. Eu tenho certeza disso.

— Meu Deus! Desculpa, eu não queria te sujar, droga eu sou um desastre!

Fico meio atordoado depois da batida, minha camiseta escorre alguma coisa com cor de chocolate, olho pra frente, Mia.

Isso só pode ser o inferno! Até assim vocês querem acabar comigo? Que baixo Mia, principalmente pra você, esperava algo mais elaborado.

— Oi? Ninguém aqui quer acabar contigo Peter. – Ela se afasta ainda sem graça

— E eu acredito nessa suposta inocência sim. 

Seus olhos azuis parecem ainda mais confusos, o que?

Sabe, eu realmente não faço ideia do que você tem contra mim, mas eu nunca te fiz nada! E se eu fiz me desculpa, de verdade, eu só não aguento mais todas essas indiretas sem sentido! – seu tom de voz começa a aumentar e o brilho nos seus olhos também — E olha que eu fiz de tudo pra gente se aproximar e você sempre me corta, então já que é essa sua vontade, só me deixa em paz, não precisa jogar todas essas indiretinhas atoa. – uma lágrima escorre — Desculpa pela camiseta, de novo.

Ela enxuga a lágrima solitária com as pontas dos dedos e vai embora.

Passo as mãos pelo cabelo e sigo pro vestiário. Ela sempre foi tão sincera, todas as vezes com tudo o que eu falava ela nunca demonstrou saber de nada... e se...Não. Impossível. Foi uma grande apreensão de drogas, não tinha como esconder isso por tantos anos. Mia era esperta o suficiente pra isso, e ainda tinha Emma, ela deve – precisa –  ter comentado alguma coisa com a melhor amiga.

— Eita Peter! O que aconteceu aí? – vejo Louis assim que entro no vestiário.

— Nada McAdams.

— Pode contar comigo, bro, 'tô do seu lado. Pra tudo que precisar.

— A Mia, me falou umas coisa que me deixou,sei lá, com dúvida.

— Advogados sabem mentir muito bem, e ela é filha de um. Não se deixa enganar por uma aparência bonitinha.

— Eu sei, eu sei. Mas porra, e se o Cafflin tiver mesmo razão? E se ela não souber de nada?

— Peter, foca, eles deixaram seu pai pra morrer naquela prisão! – Louis da dois tapinhas no meu ombro e sai.

Droga, e agora?

✨✨✨

— Olha aqui Peter Filler, você pode ir já me explicando o que aconteceu entre você e a Mia! – a voz da minha irmã chega junto com um empurrão.

— Não aconteceu nada, oras.

— Me engana que eu gosto! Quando vai entrar nessa cabeça de vento que nosso pai era culpado? E que os Watson não tem nada com isso! 

— Ele não era culpado!

— Lógico que era!! Você sempre se fez de cego, Peter, todo aquele dinheiro? Presentes? Ele tava cada vez mais ocupado, chegando mais tarde, e nitidamente ele usava também. E olha pra você agora , reprovado um ano, quase dois, acabando com sua saúde e sanidade por causa da droga de um traficante, que infelizmente era nosso pai!

— Exatamente, ele era nosso pai! Não pode ser simples assim, e se ele era tão foda assim, como foi pego? Emma não faz a porra de sentido nenhum!

— Vê se acorda, ok? Eu te amo muito, mas a Mia não tem um dedo nessa história e você só ta se acabando por alguém que não merece. Ele já foi, 'tá na hora de viver sua vida.

— Emy! – chamei

— Pode falar – ela suspira e olha pra mim.

— A Mia não sabe sobre o caso? Nada?

— Como eu já disse trinta milhões de vezes, ela sabe de uma grande apreensão de drogas que o pai ajudou a resolver, mas não faz ideia de quem era. – ela sorri fraco – Se cuida, Peter, é sério! 

— Valeu, por tudo.

Suspiro pela milésima vez e pego o porta retrato da escrivaninha. Meu pai, minha mãe, Emma e eu. Ele não podia ser culpado, ele sempre esteve ali, sempre me apoiou, todo mundo passa por problemas, a distância era isso, era só uma fase ruim no casamento ou qualquer merda dessa. Mas e se  ele realmente fosse culpado? E se tudo o que Emma falou fosse verdade? 

Ele era tudo, ele era uma herói, ele me entendia, e do dia pra noite tudo foi tirado. As lágrimas vem com tudo, por que ele não 'tá aqui? Seria tudo mais fácil.

Eu sinto sua falta pai, eu sinto muito sua falta.

Ele e Ela [Em Edição]Onde histórias criam vida. Descubra agora