Capítulo 1

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O destino, como os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho.
Machado de Assis

Segunda-feira, 8:30 da manhã
Ariana

Sabe aqueles dias em que absolutamente TUDO está dando errado? Pois é, eu estava em um deles! Eu sabia que fazer uma mudança totalmente sozinha era complicado e já tinha me preparado psicologicamente para isso, porém isso aqui já está ficando ridículo, tão ridículo que eu até esqueci de me apresentar. Meu nome é Ariana May Bennett, tenho 29 anos e sou a nova chefe do departamento de cirurgia do trauma do Bethesda General Hospital.
Eu sei o que você deve estar se perguntando: sim, eu sou bem jovem pra ser cirurgiã, quanto mais chefe de alguma coisa, mas quando você se forma na faculdade aos 19 anos e é considerada um "gênio" meio que abrem exceções para você.
Agora outra pergunta deve vir à sua mente: o que diabos está dando errado? Bem... Isso é mais complexo do que parece.
É o seguinte, eu sou mãe solteira. Não eu não tive filhos cedo nem nada que vc deve estar pensando, na verdade eles são meus irmãos , infelizmente nossos pais morreram quando eu tinha 17 e Azari e Nathan 3 e 2 anos, respectivamente. Eu estava quase me formando na faculdade e decidi que de forma alguma ia deixar eles com qualquer outra pessoa da minha família já que aqueles sanguessugas só queriam eles por causa da herança dos meus pais, então os adotei, usei a herança pra nos manter enquanto terminava a faculdade e como apoio durante a residência.
Vocês devem estar me achando louca, os meninos também acham e fazem questão de falar aos 4 ventos que tem a mãe mais maluca do mundo (eles sabem toda a verdade, mas mesmo assim preferem me chamar de mãe), porém olhando para trás não faria nada de diferente.
Ok, talvez eu faria uma coisa de diferente se pudesse voltar ao passado: mandar os meninos matarem aula pra me ajudar com essa mudança ridícula.
Sério, qual a dificuldade da empresa de frete colocar as coisas NO MEU ANDAR. Sim, eles erraram o meu andar e isso é só uma das coisas que estão dando errado no meu dia.
Ao chegar no prédio eu descobri uma coisa a qual eu não havia me atentado, não tem elevador, só escada, e isso seria tremendamente aceitável se eu não morasse no 10 ANDAR, honestamente, como eu fui tão burra?
Para melhorar, ainda deixaram as coisas 3 andares abaixo, ou seja, terei que subir tudo! SOZINHA! Porque esse prédio tem moradores predominantemente idosos, o que me deixa sem opção de ajuda. Agora vem a pergunta de 1 milhão de dólares: como que eles erraram o andar? Essa é maravilhosa, eu torci o tornozelo no caminho pra cá e me levaram pro hospital, o mais humilhante de tudo é que foi para o hospital onde vou começar a trabalhar amanhã, sendo que eu nem sabia que ia começar amanhã já que adiantaram a minha apresentação ao cargo e avisaram por e-mail, e-mail este que eu não atualizo desde a noite anterior.
Enfim, no momento estou sozinha levando as coisas mais leves para o meu apartamento e pensando como que eu me meti nessa furada e averiguando a minha situação, como faço na chegada de um trauma: tô sem mobília, sem carro (o meu carro só chega segunda da semana que vem), tá chovendo lá fora, sem bateria no celular, meu carregador tá perdido nas caixas, pé doendo por não achar a minha caixa de medicamentos, sozinha e o pior, morrendo de fome.
Decido que tenho duas opções: surtar e chorar ou sentar no chão e meditar para me acalmar. Honestamente, a primeira opção é a minha favorita mas já que o apartamento está trancado (esqueci de mencionar, a síndica do prédio está com a minha chave e saiu por causa de uma emergência) e eu não quero me humilhar em público sento na frente de uma porta qualquer e tento meditar, detalhe, eu não sei meditar. Depois do que foram alguns minutos de silêncio enquanto mentalmente mandava a minha mente calar a boca eu ouço uma voz:

-Ahn... olá?- era uma voz masculina e eu abro os olhos e olho em sua direção.

O dono da voz era um homem alto, magricela e vestia um suéter por baixo de um sobretudo juntamente com uma bolsa na lateral do corpo, o cabelo estava levemente bagunçado e nos seus olhos eu via a mais pura confusão

Neighbors || Criminal MindsOnde histórias criam vida. Descubra agora