Capítulo 8

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É parte da cura o desejo de ser curado.
Sêneca

Sábado, 18:56

Ariana

Fazem exatos 10 minutos que eu encaro o meu guarda roupa. Você deve estar se perguntando se eu estou tendo uma crise fashion na qual não tenho nada para vestir. Não é isso. A calça Jeans e a blusa de tricô creme estavam milimetricamente colocadas na minha cama ao lados de minhas botas que iam até acima dos joelhos
O problema era o incidente da cozinha que ainda rondava a minha cabeça. Eu não sei como chegou naquele ponto, provavelmente era culpa minha mas tudo o que eu menos precisava era assustar Reid. Eu gostava dele, gostava de tomar café e conversar banalidades, gostava do silêncio sem pressão quando andávamos de carro e gostava ainda mais de ouvir suas falas que mais pareciam saídas de uma enciclopédia.
"Ignorar ele também não é a melhor solução" tento me convencer de que é tudo mais uma das minhas paranóias, talvez seja a fome batendo mas acabo por ter um lapso de coragem e decido finalmente me vestir. Coloco a roupa e prendo o cabelo em um rabo de cavalo alto e dou uma olhada no espelho, sinto falta de algo e decido olhar a caixinha de joias e ao abrir vejo algo que nem lembro mais que tinha: um colar com a estrela de Davi. Não consigo evitar sorrir, fazia muito tempo que nem olhava para a joia e até achava que tinha perdido. Em um impulso a coloco no pescoço juntamente com brincos e me sinto pronta. Saio do quarto e encontro Reid olhando a minha estante da mesma forma que eu olhava a dele.
Encosto na parede e fico apreciando enquanto seus olhos passam por cada um dos títulos da estante até que ele percebe que eu o encaro e fica envergonhado

-D-desculpa eu não queria invadir o seu espaço

-Tá tudo bem- digo sorrindo - fiz o mesmo no seu apartamento afinal

-Não esperava que você lesse tanto- ele admite olhando para os títulos presentes

-Quando você é a mais nova e avançada em uma escola seus melhores amigos acabam sendo os seus pais e os livros- digo olhando para a estante -Como não podia levar a primeira opção para a aula acabava que nos intervalos encontrava companhia nas páginas de hamlet, guerra e paz, dom quixote e orgulho e preconceito

-Não sabia que você era assim- ele fala baixo, creio que não era para eu ouvir

-Assim como?

-Assim como eu- ele fala me olhando profundamente -sozinha...

-É... eu não falo muito sobre isso porque depois de um tempo consegui fazer um amigo e fomos inseparáveis, ainda somos na verdade -digo dando de ombros -mas antes dele..... pode-se dizer que eu era esquisita e sozinha

-Tenho certeza que isso não é verdade

-Pois pode ter, se visse como eu me vestia na escola nem chegaria perto de mim -falo enquanto pego a minha bolsa

-E como seria?- ele inquiri curioso

-Devo ter uma foto em algum lugar, mas no momento nós temos que ir ou nunca vamos chegar no Rossi- estou abrindo a porta e ele passa pela mesma

-Não pode nem me contar?- ele estava curioso e eu me divertindo

-Não tem o mesmo impacto visual- respondo após trancar a porta e me viro para ele -Acho que vou ter que deixar para a sua imaginação fértil- estava na ponta da escada e vi que Reid ainda estava parado -O que foi?

-Alguma chance de ser uma daquelas pessoas que usa fantasias na escola?- ele pergunta

-Reid, vamos

-Você sabe que a minha mente não vai parar não é? - agora ele já estava ao meu lado no pé da escada

-Eu sei, essa é a minha diversão- lhe direciono uma piscadela -Agora vamos por favor porque eu tô morrendo de fome

Narrador

Os dois jovens descem animadamente as escadas do local enquanto o homem tenta a todo custo adivinhar sobre o que exatamente a mulher estava falando. Para qualquer um que visse de fora era nítido o clima de descontração, porém um observador mais atento focaria em algo a mais na atmosfera: a bolha que se formava quando um estava na companhia do outro. Mesmo em conversas banais ela era formada e fazia com que o foco de ambos fosse dirigido diretamente um para o outro, era como se nada mais existisse no mundo.
Eles não percebiam, muito menos faziam de propósito, entretanto quando Ariana e Spencer estavam juntos o um novo universo de compreensão e carinho era formado.
Assim seguiram o resto da noite e, mesmo após chegar em seu destino, foi difícil dissipar a energia que eles tinham juntos. Era perceptível para aqueles presentes o quanto o jovem doutor havia ficado mais leve desde que conhecera a morena, eles obviamente aprovavam, haviam visto o jovem sofrer demais pela sua falecida namorada nos últimos dois anos. A própria Penélope temia que nunca mais veria paz na vida de Spencer, tudo mudou quando a vizinha chegou e pareceu, do seu jeito desengonçado, dar cores a vida antes preto e branco de Reid.
O mesmo valia para ela, mesmo que aparentemente a mulher fosse sempre sorridente e lidasse relativamente bem com as adversidades o seu interior ainda era um emaranhando de cicatrizes ainda não totalmente cicatrizadas e que diariamente doíam, menos quando estava na companhia de Reid, era como se por todo o tempo em que estavam juntos ela não tivesse preocupações, nesse período de tempo ela podia, inconscientemente, ignorar o resto e por deus, como ela gostava dessa sensação.
Sim, ninguém é capaz de mudar nada de outra pessoa mas o apoio que um encontrava no outro era o suficiente para que o processo de cura que ambos desesperadamente precisavam começasse e de forma silenciosa os dois agradeciam por isso.

NOTAS FINAIS
Antes de tudo eu já não tenho nem cara para pedir desculpas pela demora, mas novamente foi a faculdade (agora acompanhada de crise de criatividade) que me fez demorar tanto para atualizar
Novamente, esses personagens são importantes para mim e , mesmo que demore, continuarei escrevendo essa história
Se você segue acompanhando e seguindo a história te agradeço DEMAIS
No mais, espero que estejam gostando e não esqueçam de favoritar e comentar, eu adoro quando interagem :)
Até a próxima ❤️

Neighbors || Criminal MindsOnde histórias criam vida. Descubra agora