Capítulo 3 - 1

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Dirijo até em casa, pensativa ainda sobre o papel que tinha devolvido para Caleb

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Dirijo até em casa, pensativa ainda sobre o papel que tinha devolvido para Caleb. Aquela quantia resolveira metade dos meus problemas. Como daqui a pouco Eliara acordaria para irmos ao hospital, deixei a quantia de lado agora.

5 mil.

Certo, não era uma quantia fácil de se ignorar. Pagaria uma enorme quantia de parcelas equivalente a um ano do hospital que papai estava, já que as contas de casa eu ainda continuaria pagando.

Eram quatro dígitos na minha conta...

Foco, Helena...

Estaciono o carro e desço, cansada, apenas afim de uma cama para dormir.

Eliara estava indo bem na escola enquanto eu me virara nos trinta para pagar as contas. Ela era uma boa menina e bastante obediente.

Abro a porta e escuto o barulho da tevê ligada. Não acredito. Certo, nem tão obediente assim.

- Já não disse para não me esperar acordada? - Digo depois de fechar a porta, vendo-a comer alguma coisa em um pote.

Ela vira para mim e sorri quando estreito os olhos.

- Feliz aniversário, Helena. - Contente, levanta do sofá e se joga em mim.

O quê? Era... meu aniversário? Mas...

- Eliara, meu aniversário é...

Hoje. Esqueci do dia que nasci.

- O-obrigada, meu Deus... vinte e dois...

- Fiz bolo. - Me dá um beijo na bochecha e com pulinhos, segue para a cozinha atrás de mim.

São três e meia da manhã e ela quer comer bolo?

- Não faça essa careta, Lena. Eu que fiz, poxa.

Certo, eu ia ceder desta vez por causa do horário, mas só por causa do horário.

- Eu sei que fez com o maior carinho, Eli. Obrigada. - Sorrio e mesmo cansada, sigo-a e fico de frente a ela, na bancada, esperando ver meu precioso bolo.

***

Oito da manhã e estamos colando nossos nomes impressos em uma etiqueta adesiva na roupa. Hoje, sábado, era o dia que visitávamos nosso pai. Na verdade, Eliara o visitava mais vezes depois da escola enquanto eu conseguia apenas nos finais de semana como sábado e domingo.

- Ele está com a aparência mais abatida. - Minha irmã diz antes de entrarmos e vejo que a mesma paralisou no corredor.

Era uma situação difícil e ela estava encarando como a pior coisa do mundo. Certo, era uma das, já que era nossa família.

Encarando-a, me aproximo dela, voltando metade do caminho.

- Vai ficar tudo bem, tá? Confie em mim, por favor...

Ela encarava o nada, como se estivesse tudo vazio. Levanto seu rosto e ela finalmente parece voltar a si, acenando com a cabeça e juntas, de mãos dadas, voltamos a andar.

- Bom dia, pai. - Digo a ele, que sorri assim que me vê na porta.

Seu rosto pálido - assim como Eliara mencionou - parece ganhar um pouco mais de vida. Já sabia do seu histórico de alucinações por causa do medicamento e por isso, tínhamos que redobrar os cuidados e paciência.

- Bom dia, minhas filhas! Que saudade de você, minha Helena. - Sua voz sai fraca.

Sorrio para ele e dou-lhe um beijo.

- Bom dia, tia! - Me aproximo, mas a mesma se afasta com certo... nojo?

- Vou dar uma volta e pegar um ar. Depois, conversaremos, Helena. - Se retira do quarto sem nem conversar com Eliara.

Encaro Eliara que dá de ombros, não entendendo o que houve com a mesma também.

- Hoje você está de aniversário, querida? - Pergunta para mim e me viro, confirmando sua pergunta.

- Sim, pai, é hoje. - Sorrio e ele sorri junto, estendendo a mão para mim. Eu a seguro, me sentindo ainda melhor.

Converso com ele e digo como foi minha semana. Papai diz que ficou orgulhoso de mim e pelas minhas conquista. Perguntou sobre as dívidas e o enrolei dizendo que estava tudo certo e que estávamos dando um jeito aqui e ali. Não queria o preocupar sobre o modo como estava fazendo as coisas.

***

- Queria falar comigo, tia? - Chego perto dela, acanhada por conta do modo como havia falado comigo mais cedo.

- O que seus pais fizeram de errado, Helena? - Me encara com aqueles olhos frios. Nunca havia a visto daquele jeito. Sabia que ela jamais gostou de minha mãe assim como de mim e Eliara, mas nunca havia sido olhada daquele modo por ela.

- O que disse? - Franzo a testa.

- Seu pai está doente e você... na gandaia, se prostituindo? Que tipo de filha é você? Virou puta?

Certo, aquilo havia me pego de surpresa.

Como ela sabia? A única que tem conhecimento é Eliara por que tive que conversar com ela quando a mesma me abordou sobre minhas saídas tarde da noite todos os dias. Minha irmã entendia o peso do assunto e eu tinha total certeza que ela não havia contado para ela.

- Com soube? - Pergunto.

Não tinha mais o que esconder, então poderíamos ir adiante com o assunto.

- Tive que pagar um detetive. As contas estão sendo pagas aos poucos e sei que aquele estágio não lhe paga muito, então, tive que dar meus pulos para saber, já que a matraquinha menor não abre a boca.

Sabia que Eli não tinha contado.

- Estou fazendo isso para conseguir basicamente sobreviver e dar um jeito nas contas, tia.

Ela fecha os olhos e em seguida os abre, apontando o dedo para mim.

- Não me chame de tia, sua puta. - Cospe. - Estou aqui apenas por seu pai, não por vocês. Amo muito meu irmão e aquela piranha da sua mãe arruinou a vida de...

Minha mão arde no mesmo segundo que seu rosto vira para o outro lado com seus cabelos sendo espalhados. Meu corpo ardia em raiva. Suas palavras não me atingiram quando a mesma falava de mim, mas a partir do momento em que ela citou minha mãe, meu sangue ferveu.

- Você lave sua boca antes de falar assim dela. Ela sempre foi uma mulher batalhadora. Eram um casal amoroso e você nunca irá mudar isso. O fato dele estar numa cama debilitado não muda o fato de que ela foi a melhor coisa na vida dele. Diz isso por que o único homem que a amou fugiu com outra e agora odeia ver amor nas outras pessoas, tia?

Sem esperar sua resposta, volto para dentro do hospital, encontrando com o médico responsável dele no meio do caminho.

- Doutor?

- Olá Helena, como vai? - Sorri.

- Bem, doutor, e você?

Ele era um senhor que sempre estava sorrindo, mas hoje... não.

- Estou bem Helena, obrigado. Precisamos conversar sobre seu pai.

Duas faces de Hedonê [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora