Capítulo 2

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Cordilhéus - MG

Robin,

Ela respondeu! Tomara que Dominic ainda não tenha encontrado alguém. É segunda-feira e seguimos sem moradia até agora.

Apesar do pavor que sinto em me arriscar em algo assim, as garantias de Mari são suficientes. Além disso, se ela for muito espaçosa, festeira ou algo pior, podemos nos mudar quando eu começar a receber.

Respondo com o máximo de informações possível para assegurar a necessidade urgente.

"Meu nome é Robin. A empresa em que trabalho me transferiu para Lagos e preciso me mudar na quinta-feira, mas ainda não consegui um apartamento. Procuro por alguém de confiança para isso e me indicaram você..."

A resposta chega instantes depois.

"Bom, Robin, não vou dizer que não me sinta desconfortável em dividir a casa com alguém que não conheço. Mas a ideia não parece ruim, levando em conta as despesas e os cinco quartos..."

Se ela se sente assim em dividir o espaço, será que vai aceitar fazer isso com alguém que tenha um filho? Sei bem como crianças tendem a ser bagunceiras.

Bernardo já está dormindo no sofá-cama ao meu lado. Passo a mão por seus cabelos claros e suspiro, um pouco desanimada. Acho difícil Dominic estar disposta a isso.

Como será que ela é? A foto no perfil é o brasão de psicologia. Tomara que não seja cheia de frescuras, porque com certeza não daríamos certo.

"Claro. Também acho estranho tudo isso, mas te garanto que sou alguém fácil de lidar e conviver. Só que tem uma coisa... Não sei se tem alguma ressalva, mas meu filhote vai comigo. O Bernardo precisa de um lugar separado também, sei que em um apartamento, um quintal para correr e brincar seria pedir muito, mas o espaço geral é bom? Você teria problemas em ceder um quarto pra ele?"

Dessa vez a resposta demora a vir e já estou roendo as unhas de ansiedade quando vejo que ela começou a digitar.

"Sem problemas. Posso inclusive preparar o cantinho dele pra te dar uma mão. Vamos precisar depositar o valor referente a três aluguéis, para segurar o imóvel. É um valor que podemos resgatar ao final do contrato, acha que consegue enviar a metade?"

Huuum. Não sei se o que eu tenho guardado pode suprir isso e mais os móveis, e ainda durar o mês todo. Mas antes metade que tudo.

"Acredito que sim. Até que eu receba meu primeiro salário vou estar um pouco sem dinheiro, mas tenho algumas economias para o aluguel e móveis novos. Preferi vender os antigos por aqui e comprar aí, para não ter que lidar com mudança de uma cidade para outra."

Nem acredito que esteja mesmo acontecendo. A Mari é um anjo. Além de todo apoio de sempre, ainda me arrumou uma pessoa confiável e compreensiva, quando eu mais precisava.

"E se você pagar o valor dos aluguéis no total e eu comprar os móveis para a casa? Mesmo porque já estou em Lagos e posso preparar tudo pra quando chegar."

Ai meu Deus! Mais uma santa na minha vida.
Só de pensar que vou chegar e tudo vai estar pronto, sinto que um peso foi retirado de mim.

Apesar que... E se for um golpe? Eu deposito o dinheiro e essa mulher some no mundo? Em questão de segundos estou enviando uma mensagem pra Mari, perguntando outra vez se Dominic é mesmo confiável.

Ela não demora um segundo para responder:

"Já te coloquei em enrascadas? Confia em mim!"

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