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Meredith PoV

Eu não consigo acreditar que eu estou com um bebê no colo, a única coisa que eu sei sobre a pessoa que me deixou um bebê é que não me conhece de jeito nenhum, eu não faço ideia do que fazer, como cuidar ou como lidar de um modo geral, bebês pra mim sempre foram fofinhos e só isso mesmo. As coisas que eu comprei não demoram a chegar e eu agradeço a internet por me mostrar o que tu devo fazer, enquanto eu esterilizo a mamadeira, o leite esfria, a internet só não me disse o bebê em questão não espera que isso aconteça e chora, como chora, ela só pode estar doente, não é possível que ela chore assim tão alto sem ter nenhum problema de saúde, eu balanço, tento enganar com a chupeta que funciona por uns dois minutos e ela volta a chorar, acho que vou ter que levá-la ao hospital. Depois que a mamadeira esfria, o leite tá na temperatura certa e eu tenho que colocar na mamadeira com uma mão só, eu coloco na boca dela e ela se cala imediatamente, suga rápido e com força e eu entendo, ela só estava com fome, eu sento no sofá e a observo, finalmente calada, ela olha pra mim enquanto come, ela é linda, não dá pra negar que parece comigo, principalmente porquê se estressa com fome, é bom não deixá-la com fome e evitar outro escândalo desse, aqueles olhinhos claros me olham profundamente, como se perguntassem quem eu sou e eu percebo que eu não falei com ela todo esse tempo

- Oi, Ellis, eu sou a Meredith, eu vou cuidar de você, pelo menos até eu decidir o que eu vou fazer, quem será sua mãe, hein?

Ela sorri enquanto toma o leite, com certeza é a coisa mais fofa do mundo

- Você não tem o direito de ser assim tão linda, garotinha

Ela coloca a mãozinha dela em cima da minha, na mamadeira e sorrio e ela sorri de volta, por alguns segundos antes de voltar a tomar o leite.

Depois que ela termina, eu a levanto, eu acho ela grande pra seis meses, eu balanço a cabeça, o que é que eu sei de uma criança de seis meses? E eis que ela faz algo que eu não espera, vomita uma parte do leite que acabou de tomar, eu sabia que ela estava doente, eu espero ela chorar mas não acontece, ela segue tentando alcançar meu cabelo, antes que eu possa pensar no que fazer já que aqui não tem roupinhas, um cheiro horrível de algo podre invade a casa, esse cheiro... tá saindo dessa criança, isso é impossível, totalmente impossível, eu deito ela no sofá e abro o macacão, o cheiro fica mais forte, eu desço a calça que estava por baixo do macacão, a fralda tá muito cheia, ainda bem que eu pedi um pacote eu levanto a perna dela e olho dentro da fralda, eu poderia jurar que era impossível um bebê fazer tanto cocô e agora, como eu vou dar um banho nela sem banheira, sem toalha e sem outra roupa? Mas ela precisa de um banho urgente, eu pego o celular e ligo pro Andrew

- Oi

- Onde você tá?

- Na loja, na fila

- Banheira, roupas, mais fraldas, uma toalha e rápido

- Tem uma fila pra pagar, por isso a demora

- Droga, tá mas não esquece

- Não vou

- Tchau

Eu pego meu celular, entro em um aplicativo de entrega e logo acho uma loja com entrega expressa, peço um kit de higiene pra bebê, dois macacões quentinhos, meias e sapatinhos, enquanto eu espero, pego o pacote de lencinhos que veio com o pacote de fraldas, me arrumo no sofá e começo a "Operação Limpa Bebê", metade do pacote de lencinhos depois, eu termino e fecho a roupa dela, uso mais alguns lencinhos pra limpar o macacão e ela parece quase limpa agora, eu levanto pra jogar a fralda no lixo, teria que ser descartada em um local apropriado pra lixo tóxico mas como não tem, o lixeiro do banheiro vai servir, antes de sair da sala, eu volto correndo pro sofá, na carta dizia que não era deixá-la sozinha porquê ela vira, meu coração bate rápido, que susto, ela poderia ter caído, eu levo ela pro banheiro comigo, é uma luta pra lavar as mãos com ela no colo, mas deu certo, então voltamos pra sala, eu sento no sofá e ela tenta colocar meus dedos na boca, tem uma hora que eu estou com uma essa criança e já cansei, vendo ela assim, brincando com a minha mão, puxando meu relógio, eu fico totalmente dividida entre alguém leva essa criança e ninguém vai tirá-la daqui, eu não sei o que fazer, junto com tudo isso tem o Andrew que agora resolveu que quer conversar, eu não acho que é uma boa ideia ficar na casa dele, são lembranças demais, proximidade demais e eu ainda estou muito magoada com o que aconteceu, quando ele chegar, vou avisar que eu dou um jeito de ficar esse final de semana com a Ellis e vou ficar em casa mesmo.

A campainha toca, me tirando do meu devaneio, eu odeio o som da campainha, levanto com a Ellis e é o entregador da loja, eu recebo as coisas e levo pro meu quarto, fazer as coisas com uma mão só é complicado, ainda mais quando ela desenvolveu uma paixão avassaladora pelo meu relógio e tenta alcançá-lo o tempo todo, eu deito ela na cama e sento ao lado pra que ela não caia, abro as sacolas e sorrio ao ver aquelas miniaturas de roupas, tão fofas, separo uma pra ela usar agora, pego as coisas para um banho, o cheiro do leite que ela colocou pra fora realmente incomoda

- Vamos tomar um banho, né mocinha?

Ela ri, acho que gostou da ideia, eu penso em uma técnica pra dar um banho nela no chuveiro e o único jeito é que eu tome banho também, eu tiro a roupa, depois tiro a dela e nós vamos pro chuveiro, a água quentinha, senti-la contra minha pele assim, ela parece adorar isso, é impossível não sorrir, ela me abraça na empolgação com o banho e eu abraço também, é como se meu coração se aquece, eu suspiro e falo com ela

- Não dá pra ficar só brincando, mocinha, precisamos terminar esse banho

Eu não demoro muito no banho, enrolo ela com a toalha e agora? Como eu vou pegar uma toalha pra mim? Eu não pensei nessa parte, eu coloco minha toalha no meu ombro e saio do banheiro, coloco ela na cama e finalmente posso me enrolar na toalha.

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- Mer, cheguei

Eu to sentada no sofá com a Ellis quase dormindo, já li uns vinte artigos na internet sobre bebês com seis meses , o que precisam, o que comem, o que fazem, to ficando um pouco desesperada com isso, o Andrew bate na porta e a Ellis desperta, eu levanto e vou abrir

- Cadê as coisas?

Eu pergunto quando o vejo sem nada

- Lá em casa, quase não dá mais pra dirigir, tem muita neve

Eu suspiro, dou espaço pra ele entrar

- É melhor eu ficar aqui mesmo, traga tudo pra cá e me diga quanto custou

Ele olha pra mim e parece triste

- Eu quero ajudar, Mer, o que mudou?

- Eu agradeço mesmo, eu não estou dizendo que você não pode vir aqui, inclusive trazer comida, mas... aqui eu estou em casa

Ele parece triste e eu desvio o olhar

- Não é isso, eu sei que não é, mas tudo bem, você que sabe, você mandou arrumar o aquecedor? Vai esfriar ainda mais

Eu odeio o Andrew saber que o aquecedor daqui tá com problema e desliga do nada

- Ok, eu entendi

Eu me aproximo e entrego a Ellis pra ele

- Eu vou arrumar minhas coisas

Eu vou pro meu quarto pegar uma mala com roupas pra passar três dias inteiros com meu vizinho e amigo com quem eu transei e baguncei toda a amizade, como se já não fosse complicação suficiente, acrescente um bebê a mistura.

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