Capítulo 1 - O caderno achado

10 1 0
                                    

16/04/1950 - Segunda-feira, cidade do Rio de Janeiro.

Eu encontrara você jogado nas coisas velhas de papai. Ele não tinha utilidade para você então logo o peguei para mim. Disse que o usaria para fazer anotações, já que eles não entenderiam o fato de eu lhe ter como diário. Você parece ser bem útil, inclusive, preciso de alguém para dividir meus pensamentos, logo, será de tamanha utilidade. Só não sei por onde começar. Acho que esperarei algo de interessante acontecer.

06/05/1950 - Segunda-feira, cidade do Rio de Janeiro.

21 dias se passaram e finalmente algo de interessante aconteceu. Hoje me deparei com uma donzela. E meu Deus, nunca tivera visto uma menina tão linda quanto ela. Seus olhos são como lindas pérolas negras e seu sorriso é como uma luz no fim do túnel. Fiquei com o peito acelerado e totalmente sem jeito, nunca sentira nada como isso. Em minhas veias corriam total excitação. Essa moça trouxera cor ao meus dias nublado. Espero poder lhe ver amanhã novamente.

07/05/1950 - Terça-feira, cidade do Rio de Janeiro.

Sinto-me meio sem jeito. Hoje tentara me aproximar dela e não fui correspondido, não fui notado. Será que foi por minha fala trêmula, gaga e travada, ou por ela me achar tão desinteressante e invisível a ponto dela não saber de minha existência? Ingenuidade a minha, acreditar que ela amaria alguém como eu.

08/05/1950 - Quarta-feira, cidade do Rio de Janeiro.

Acordei hoje e pensei. Ora, que cabeça a minha. Eu nem me apresentei à você, querido amigo. Me chamo Francês, mas todos me chamam de Fran. Tenho 17 anos e trabalho entregando jornais pela cidade do Rio de Janeiro - foi assim que à vi - eu arrisco escrever algumas poesias, mas não me considero poeta. Guardarei em você meus piores e melhores pensamentos, meus momentos e tormentos, o pior de mim. Lhe chamarei de Trigo. Meu fiel escudeiro amigo.

O diário de Fran Onde histórias criam vida. Descubra agora