Estrela Alfa: Colisão em 3,2,1...

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– Andrew, por favor.

– Não insista, Thomas. Está decidido – considerado um homem sábio e experiente, Andrew Wright, não se valia de discussões ou palavras duras. Entretanto, Thomas Walker, o conduzira ao limite da paciência.

– Você não pode fazer isso. Também sou proprietário desta empresa. Meu pai a fundou.

– Sinceramente, é vergonhoso assistir um homem de 28 anos se comportando como uma criança mimada e rebelde – ele suspira – Meu amigo, imagino o quanto é difícil enfrentar essa situação. Mas, os médicos foram claros, sua carreira de piloto acabou.

– Eu sei – sua voz é fria – Não estou pedindo para voar, novamente. Porém, pelo menos, me permita retornar à oficina. Atuar como engenheiro aeroespacial será infinitamente melhor do que permanecer como um inválido inútil.

– Você pode voltar... quando obtiver liberação do psicólogo.

– Aquele homem é um incompetente. Estou, plenamente, apto a cumprir minhas funções. Suspeito que ele insiste com as sessões para nos tirar dinheiro.

– Foi o que disse dos últimos três profissionais.

– Retenho, firmemente, a premissa.

– Thomas, você ganhou uma segunda chance após o incêndio. Ninguém compreende como você sobreviveu.

– Preferia ter morrido.

– Não diga asneiras. Sua vida não pode se resumir ao trabalho. Você é jovem. Precisa criar memórias... laços – Thomas revira os olhos, diante da milésima tentativa do amigo em convencê-lo a travar um relacionamento. "Como se alguém desejasse um deformado" – Talvez, assim, conquiste o seu emprego de volta – Repentinamente, sua mente é consumida por uma ideia desvairada. Ele precisava tentar. Traria seu passado ao presente, nem que para isso fosse necessário...

– Na verdade, já estou namorando – o olhar de descrença de Andrew é evidente.

– Não seja ridículo, acha que vou cair nesse golpe?

– Por quê? Sou tão repugnante, assim?

– Deseja, realmente, que eu acredite, que sem sair de casa, você conseguiu uma namorada?

– Metade do mundo não faz isso?

– Você não é como metade do mundo... infelizmente.

– Primeiro, seu comentário foi, gratuitamente, ofensivo. Segundo, a conheci no último congresso que participei.

– A Conferência de Astronomia e Astronáutica?

– Exatamente. Ela é... astrônoma.

– Achei que só namorasse com moças que partilham das suas crenças...

– Sim. Ela é cristã. Por quê? Isso é algum crime? Há alguma regra contra ser astrônomo e cristão, simultaneamente, que desconheço?

– Não, meu caro. Apenas, estou... surpreso. Essa moça é de Tashfield?

– Não, mora em Manchester.

– Do outro lado da Inglaterra... que conveniente. Uma dama perfeita, que não pertence ao nosso condado.

– Ironia não lhe cai bem, Andrew. Além disso, não lembro de ter assinado um contrato que restringe meus sentimentos românticos às senhoritas de Tashfield.

– Está bem, Dom Juan, quando conhecerei a princesa das galáxias? Não pense que me convencerá com palavras vazias.

– Assim que ela me fizer uma visita.

Entre o Céu e a TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora