>2k17
>25 de março
>sábado
>bigfuckingday
>o dia finalmente chegou
>todos nós já havíamos sincronizamos o relógio com Alyssa
>que havia sincronizado com o relógio de ponto da joalheria
>assim nosso time seria perfeito
>colocamos algumas regras que todos deveriam seguir a risca
>1° ninguém falaria o nome de ninguém, nem dos reféns, Exceto de Antonio Cabral
>2° tentaríamos mudar a voz o máximo possível
>3° ninguém iria falar nada caso não fosse realmente necessario
>4° não falaríamos com a Alyssa
>assim iniciamos o plano
>eu e Josias havíamos nos separados do resto do grupo
>o trabalho de Henrique, Brian e Thiago inicialmente era esperar pela hora certa dentro do carro
>eles deveriam estacionar no lugar combinado
>perto do portão para o beco
>com o carro virado de trás para a câmera que havia em uma loja de roupas próxima dali
>que estava apontada em direção a joalheria
>para que ela conseguisse pegar a placa do carro
>Thiago iria ficar esperando no carro enquanto o roubo acontecia
>seria nossos olhos na rua
>caso algo desse errado
>ele iria nos avisar
>eram 18:30 a Joalheria começou a fechar
>eles fechavam as portas primeiro
>depois as cortinas bloqueando a visão de tudo la dentro, e então depois
>eles desciam aquelas portas de enrolar
>eu havia visto aquilo tantas vezes se repetir
>que eu sabia exatamente como e em que ordens eles faziam
>então na mesma hora que a Joalheria começava a fechar
>eu e Josias iniciamos nossa parte do plano
>nos vestimos como entregadores do ifood
>nós dois usávamos o capacete de motocicleta para esconder o rosto da câmera que havia na entrada
>e aquelas mochilas enormes nas costas
>aonde escondíamos todas as ferramentas necessárias
>entramos normalmente como qualquer entregador entrava ali
>presenciei tantas vezes
>que era como se eu já fosse parte daquilo
>naquele prédio em especial
>pediam tanto Delivery que entregadores pareciam ter passagem grátis
>sem precisar dar nenhuma satisfação a ninguém
>sem contar que a segurança era uma piada
>o prédio havia apenas um porteiro
>que nem ligava
>passa o dia lendo suas revistas e conversando
>ele nos cumprimentou
>falamos que havia duas entregas ali
>ele liberou
>e seguimos caminho para o segundo andar
>a parte mais tensa do plano
>os apartamentos começavam no segundo andar
>dava para ver pelo lado de fora
>por causa das janelas
>ali seria nosso único acesso aquele beco
>pois como era um lugar meio movimentado
>pular o portão era visível demais
>como o beco não tinha muita iluminação
>então era nossa entrada perfeita
>nosso único problema
>era chegar até essa janela
>por isso
>tínhamos que invadir a casa de alguém
>que não tinha nada haver com a historia
>porem, era necessário
>planos são planejados até certo ponto
>após isso você tem que arriscar
>e foi o que fizemos
>batemos na porta
>assim que a pessoa abriu
>entramos com tudo
>Josias entrou tapando a boca do homem
>era um cara de meia idade
>deveria ter uns 40 anos para mais
>entramos e trancamos a porta
>e pela primeira vez na minha vida eu apontei uma arma para uma pessoa
>era um revolver calibre 32
>"tem mais alguém na casa?"Josias perguntou cochichando
>"é só você não gritar que vai ficar tudo bem" não viemos roubar aqui
>"apenas precisamos da sua janela"
>lentamente ele soltou o homem e ele falou que havia sua mulher e sua filha
>ambas estavam no quarto
>"você vai la buscar sua filha e sua esposa"
>"se vocês gritarem ou tentarem qualquer gracinha, vai azedar para o lado de vocês"
>e assim o homem fez
>todos estavam nervosos para caralho
>e precisávamos manter eles em silencio até o plano acabar
>então demos para os 3 Flunitrazepam
>se forçaram a tomar no inicio
>mas nada que um revolver apontado pra eles não resolvesse
>tapamos a boca deles com uma fita
>e os colocamos em um quarto
>procurando o comodo aonde havia a janela para o beco
>ficava na cozinha
>ela era protegida por uma tela de arame
>não era uma janela muito grande mas dava para passar
>tínhamos alguns minutos para cortar aquilo
>por pior que fosse aquele porteiro
>em algum momento vai perceber que não voltamos
>então tiramos a tesoura daquelas mochilas de entrega
>começamos a cortar
>eu e Josias juntos
>em apenas alguns minutos havíamos cortado o suficiente para passarmos
>tiramos uma corda de escalada que já tínhamos preparado
>havíamos juntado 3 delas e a cada um metro, demos um nó, para que conseguíssemos descer mais tranquilamente
>e não haver o risco de algum de nós ter uma queda livre
>pois tinha mais ou menos uns 4 metros e meio até o chão
>por sorte
>a mesa da cozinha deles
>era feita de mármore
>presa ao chão e a parede
>muito comum em apartamentos
>então amarramos na mesa e jogamos a corda pela janela
>acho que era suficiente
>já que não somos tão pesados
>eram 18:49 quando terminamos tudo
>tínhamos pouco tempo para as 19hrs
>a aflição aumentava cada vez mais
>honestamente
>não estava nervoso
>mas o fato de que meu plano poderia dar errado
>me causava uma agustia inexplicável
>pegamos uma outra corda mais simples
>jogamos o capacete e a tesoura dentro
>descemos primeiro as mochilas
>colocamos nossas mascaras
>como estávamos de luvas não precisamos nos preocupar com digitais
>começamos a descer
>a descida foi super suave
>como os nós eram grande
>dava para segurar bem
>chegando no chão escondemos as mochilas em um canto
>ficamos em posição
>eram exatamente 18:57 quando já estávamos la em baixo
>a aflição e incerteza me dominavam
>19hrs
>é agora
>ouvíamos os funcionários conversando do outro lado
>o som do relógio de ponto funcionando
>até que o primeiro que ia sair abre a porta
>já estávamos esperando com a arma apontada
>um dos seguranças estava saindo primeiro
>a expressão de espanto dele ao ver 2 caras encapuzados
>apontando uma arma para ele foi no minimo, interessante eu diria
>ele congelou na hora
>"Mão na cabeça grandão, se eu ver qualquer gracinha o bagulho vai ficar loko pro lado de vocês"
>"caminha devagar para trás devagar e manda todo mundo ficar calmo" Josias falou em um tom baixo
>apesar de ser um grande merda como líder
>Josias já tinha o costume de fazer isso
>era calmo
>e o melhor de tudo, não gritava
>o segurança começou a andar para trás, com as mãos na cabeça
>começou a pedir calma para os outros
>segundos depois
>todos perceberam
>quase entraram em panico
>a merda quase acontece
>"não quero ninguém gritando, se não o negocio vai ficar feio"
>o outro segurança conseguiu assegurar a calma dos outros
>no total eram 6 funcionários
>2 seguranças
>3 Atendentes
>e a gerente
>coloquei as duas mochilas de entrega para dentro
>e como estavam saindo
>a chave estava na porta
>tínhamos como tranca-la
>ninguém sairia dali
>Josias mandou os dois seguranças colocarem a arma no chão e jogarem para mim
>enquanto Josias ficava cuidando com a arma apontada para eles
>me agachei e falei
>"joguem todos os celulares naquela pia"
>"depois vão para o canto da sala e se mantenham ajoelhados, em silencio"
>"quero que essa moça de cabelo preto do canto"
>"vá té a gerente e pegue a chave do portão"
>ela apenas acenou com a cabeça
>tava visivelmente nervosa
>assim que peguei a chave
>caminhei até a pia e liguei a torneira
>Antônio entra na sala
>segurando sua maleta
>mexendo em seu celular, não fazia ideia de nada
>a cozinha era um ponto cego
>ao entrar na porta dos fundos e passar pela cozinha toma um susto
>obviamente fica em choque
>"o que ta acontecendo"
>quando ele se virou
>para tentar correr
>largando sua maleta
>Josias gritou
>"HEY HEY"
>"volta aqui tio, se não vai tomar bala"
>ele travou na hora
>eu corri até ele
>peguei o celular da sua mão
>trouxe ele para dentro da cozinha de novo
>e dei uma olhada no seu celular
>era uns arquivos pdf
>não faço a menor ideia sobre o que era
>mas com certeza, eram coisas de trabalho
>joguei o celular dele com os outros
>"se junte a eles"
>assim ele o fez, afinal
>que escolha essas pessoas aqui tinham?
>quando se tem um revolver apontado para a própria fuça
>por pessoas que você não faz ideia se atirariam em você ou não
>você não tem a menor escolha a não ser se submeter a eles
>não importa se você é um vendedor
>ou um policial
>você apenas obedece
>não vale a pena tentar dar a sua vida para defender o local de trabalho
>que na maioria das vezes, te da um salario medíocre
>o único que realmente tinha coisas a perder aqui
>era Antônio, que obviamente era o mais nervoso
>desde que se ajoelhou
>só escutava suas preces a Deus
>suas mãos tremiam
>podia até vê-lo suar
>agachei ao seu lado e sussurrei a ele
>"seu Deus não vai te ajudar, a unica coisa que você pode realmente fazer aqui,é ficar calmo e em silencio"
>agora alem de nervoso, estava com medo
>levantei e dei continuidade ao plano
>corri até o portão destranquei e dei o sinal para os outros dois entrarem, eles correram la para dentro
>eu tranquei o portal rapidamente e guardei a chave comigo
>os dois traziam as mochilas que levaríamos as joias
>assim que Henrique e Brian entraram
>foram diretamente para dentro da Loja
>com as latinhas de tinta spray
>pichar as lentes das 4 câmeras
>foi coisas de segundos
>assim que voltaram
>amarramos e cobrimos a boca de todos eles, incluindo Alyssa, com a pequena exceção de Antônio é claro
>quando estávamos para subir
>Josias percebeu que pelo menos um daqueles seguranças tentariam, ou até mesmo conseguiriam se soltar das fitas
>me chamou para o canto e pediu a droga
>apesar de não querer usar o comprimido de novo
>não tive escolha
>dei o Flunitrazepam para Josias para que drogasse os seguranças
>feito isso
>Josias pegou as chaves e abriu as quatro vitrines principais
>e os outros dois começaram a limpar a loja
>pedimos para que Brian e Henrique mantassem atenção nos clientes apos terminarem de limpar a vitrine
>Josias pega uma das três mochilas que havíamos trago
>e subimos com Antônio e a gerente para sua sala
>assim que chegamos na frente da porta
>ajoelhamos a mulher
>"seguinte"
>"você tem duas opções, ou você entra nessa sala, tira esse teu paletó de boiola e joga ele na frente daquela câmera, e essa moça vive"
>"ou matamos ela, e entramos de qualquer jeito" Josias o ameaçava encostando o cano da arma na cabeça da mulher
>que nesse momento estava até chorando de nervosa
>"como você sabe que ali tem câmera?" questionou Antônio
>"você não faz perguntas aqui, você só obedece, vai" falei
>a mulher tentava falar
>mas estava com a boca tapada
>entretanto dava pra ver em seu olhar o desespero
>"Vamos velho" falou Josias engatilhando o revolver
>Antônio então cedeu, tirou seu paletó
>e entrou
>essa câmera em especial
>foi algo que intrigou
>pois não havia sentido ele manter uma câmera em sua própria sala
>se não fosse para monitora-la fora dali
>como não tenho como ter certeza disso
>e nem se ele mantinha as gravações no mesmo local
>decidi ser cauteloso
>deu alguns segundos
>ele falou que tinha feito
>levantamos a mulher
>colocamos ela para dentro
>pedimos para ela confirmar
>ela confirmou acenando a cabeça
>colocamos ela do lado de fora da sala
>dei uma conferida rápida
>como estava realmente feito
>entramos com tudo
>mandando ele abrir o cofre
>mas ele recusou
>obvio que recusaria
>sua vida inteira deve estar aqui
>"vamos logo, não temos a noite inteira, abre logo esse cofre porra" Josias pediu novamente
>"vocês podem me matar, mas eu não vou abrir" falava quase chorando
>Josias me olhava sério
>com um olhar de que porra é essa mano, ele não ia abrir essa merda?
>"ABRE LOGO ESSA MERDA" Josias tava ficando puto
>meteu um bicudão no velho
>"VAMO PORRA"
>mas o desgraçado se recusava a abrir
>eu sabia
>eu sabia que ele não abriria
>até porque
>isso aqui é a sua vida
>tirando os funcionários que jamais bancariam o herói aqui
>com Antônio era diferente
>tudo isso aqui, era dele
>ele tinha motivos para defender
>talvez, sem isso nem capaz de sustentar sua família ele seja
>ele provavelmente dedicou tudo para ter isto aqui
>dar de bandeja aquilo que significa tudo pelo qual você batalhou é algo inaceitável
>se fossemos brutos
>com umas boas porradas
>e infinitas ameaças
>faríamos ele abrir esse cofre
>gastaríamos tempo, e fazíamos uma bagunça aqui até ele ceder
>existem métodos mais eficazes que violência
>"eu entendo você antônio, sei que no momento você não esta bem com sua família"
>"sei que você e e sua filha não estão bem, por mais que você queira obter a atenção e o mesmo amor que sua filha tem pela mãe"
>"você nunca vai conseguir desse jeito"
>"focando toda sua atenção ao trabalho"
>"você só vai perder sua família" falei no tom mais calmo possível
>"co..como você sabe disso?" Antônio me olhava pasmo
>ele obviamente não entendia
>como que um bandido o conheceria tão bem
>"quem é você?" perguntava perplexo
>nesse momento deveria se passar tanta coisas na sua cabeça
>uma delas seria se eu era alguém que ele conhecia
>"sei tudo sobre você"
>"então façamos assim" falei retirando umas fotos as fotos impressas que eu tirei da casa dele
>jogando-as nas mãos dele
>"não faça eu tirar sua família de você, antes mesmo de você conseguir o amor deles de volta"
>"se você acha que ninguém aqui vai matar você, pode ser que você esteja certo"
>"mas se você conhecesse as pessoas que eu deixei em frente sua casa, tenho certeza de que você não duvidaria de que eles o fariam"
>evidentemente eu estava blefando
>não havia deixado ninguém na frente de sua casa
>era um puta de um blefe
>a expressão que antônio fez de desamparado
>foi o suficiente para saber que ele abriria aquele cofre
>"basta uma ligação que sua família já era"
>"caso você se recuse a abrir, eu tenho uma serra elétrica la em baixo, vou demorar um pouco a mais do que eu pretendia"
>"mas certamente vou levar oque tem ali dentro"
>"e você? vai ficar sem Maria"
>"nunca mais a levara a suas aulas de balé para tentar se aproximar dela"
>"apenas faça como eu pedir e tudo vai ficar bem"
>ao ouvir o nome da sua filha
>ele acreditaria em qualquer coisa a partir dali
>leitura a frio
>é um truque sujo que qualquer um com boa intuição e observação consegue fazer
>usada geralmente por charlatões como videntes e cartomantes para enganar as pessoas
>criando uma ilusão superficial de que você realmente conhece elas
>nesse caso em especial
>seu medo não o deixava raciocinar
>os sentimentos cegam as pessoas de formas surreais
>apenas de falar quaisquer coisas vagas nesse momento
>faria-o ligar automaticamente a momentos de sua vida
>o golpe baixo disso tudo foi eu comentar sobre os pequenos detalhes que percebi nessa relação de pai e filha
>a expressão que ele fazia ao deixa-la nas aulas
>como se fossem distantes
>o fato de nem saber o que a própria filha gosta
>seu trabalho duro para construir tudo isso aqui o afastou de sua vida
>um blefe com pitadas de verdades
>geralmente funcionam bem
>"tudo bem, tudo bem, eu abro, não machuque minha filha por favor"
>ele se levantou devagar
>colocou a senha do cofre
>e la estava
>nosso tesouro
>uma porrada de joias
>alguns envelopes
>alguns bolos de dinheiro
>Josias colocou a mão na cabeça
>surpreso com a quantidade de joias que tinham ali dentro
>apesar da quantidade absurda de diamantes entre outras pedras que eu estava presenciando
>tive a satisfação de ver aqueles 3 HDs Externos enormes
>fiquei tão surpreso que tive que perguntar
>"porque não uma nuvem?" perguntei, pois sinceramente para mim fazia muito mais sentido
>"eu optei investir em HDs porque seria um investimento melhor, do que ficar pagando todo mês em uma nuvem, é um investimento melhor a longo prazo"
>"porque você os mantinha aqui?"
>ele pareceu um pouco incomodado com a pergunta
>"em?" pressionei
>"bem, eu guardo algumas coisas pessoais também, achei que seria mais seguro que uma nuvem" disse meio envergonhado
>dei uma breve risada
>"obrigado antônio, você é um homem inteligente"
>"quantos tb tem aqui?" perguntei
>"ao todo 18tb"
>mandei ele ligar o computador
>precisava conferir se as imagens da câmera estava mesmo ali
>nesse meio tempo, Josias já estava limpando aquele cofre
>pouco tempo depois
>eu comecei a checar as filmagens
>era tudo organizado
>em pastas
>separados em mês
>tinha vários arquivos zipados, com senha
>provavelmente "eram suas coisas pessoais"
>mas nem me preocupei sobre isso
>porque tudo o que me interessava estava ali
>e como esperava, toda semana, nos sábados, ele movia os arquivos da gravação do computador para o HD externo
>provavelmente hoje ele fez o mesmo
>se toda semana ele passa os arquivos do computador para o HD externo
>quer dizer que as imagens são salvas em tempo real nesse pc
>caso ele desligue as câmeras
>basta eu levar o HD desse pc para ter as filmagens de hoje
>"quero que desligue as câmeras agora, terminamos por aqui"
>assim que ele desligou
>eu abri o pc e removi o HD
>Josias já havia tirado tudo do cofre, inclusive os HDs externos
>joguei o HD do pc dentro da mochila e terminamos por aqui
>hora de vazar
>puxei Antônio pelo braço
>levei para baixo e amarrei junto aos outros
>"tudo certo" perguntou Josias para os outros dois
>estávamos com duas bolsas cheias de joias e dinheiro
>Brian e Henrique se seguravam para não se acabar de rir
>hora de ir embora
>são exatamente 19:21
>tudo terminou tão rápido
>que nem parece que precisou de um mês de planejamento
>conferimos se a boca de todos eles estavam com a fita
>os seguranças estavam sobre o efeito da droga
>saímos da joalheria
>"boa sorte para vocês" falei acenando para eles e fechando a porta
>saímos e deixamos o portão do beco aberto
>com certeza eles seriam encontrados rápidos
>tudo foi perfeito
>entramos e saímos como se fossemos invisíveis
>roubamos uma porra de uma joalheria sem ninguém perceber
>sem usar uma munição
>mas ainda faltava a ultima parte do plano
>para o ciclo se fechar perfeitamente
>entramos naquele carro
>e disparamos
>nesse ponto já nem ligávamos mais para ser discretos só queríamos chegar no local da troca o mais rápido possível
>"CARALHO NEM ACREDITO" gritavam Brian e Henrique
>todos riam e gritavam
>até mesmo Thiago deu um sorriso com aquela cara de drogado dele
>"PORRA VELHO NINGUÉM NEM PERCEBEU, MEU DEUS"
>"NEM ACREDITO QUE DEU CERTO ESSA PORRA MEU DEUS"
>comemoravam que nem doidos
>me empurravam
>exaltavam o plano perfeito que eu havia feito
>"TU É UM GÊNIO MLK, TU É UM GÊNIO PQP" Brian e Henrique mesmo esbanjavam felicidade
>até mesmo eu
>acredito que pela primeira vez
>estava feliz
>sorria como eu nunca sorri antes
>no fundo
>não estava feliz por mim ou pelos outros
>mas sim pelo o que eu havia criado
>havia feito algo incrível
>nem eu achei que eu fosse tão bom nisso
>naquela noite
>algo nasceu em mim
>se foi algo bom ou ruim
>só o tempo vai dizer
>chegamos na cabana aonde estava o segundo carro
>ali finalizaríamos a segunda parte do plano
>naquela noite
>em que sai com Josias
>eu fiz um pedido meio peculiar a ele
>precisava comprar uma arma
>mas o objetivo em si não era possuir a arma
>e sim
>as digitais nela
>Josias disse que existia uma certa gangzinha
>onde eles vendiam coisas ilegais
>e usavam mulas para isso
>caso essa mula se envolvesse em problemas, principalmente com a policia
>eles sumiam com ela
>para que ninguém chegasse nos chefões
>Josias já havia aceitado sacrificar essa mula pelo bem da sua mulher
>chegamos no local
>era uma porra de um biqueira
>fomos em um local mais reservado
>o garoto mostrou algumas armas
>"quero essa mesmo" disse Josias
>pegou nelas varias vezes
>Josias então puxou um saco
>o garoto jogou a arma dentro
>ele pagou o mlk
>e falou
>"ai mlk, ta afim de comprar esse carrinho ai"
>"consegui em um rolo, to precisando de uma grana a mais"
>"ja que gastei tudo que eu tinha nisso aqui"
>"te faço 400 pau a vista"
>"caralho, só isso?"
>"só preciso usar ele pra fazer um esquema amanha e eu te trago ele, bota fé?"
>mlk ficou faceirão
>"vai la, pode dar uma volta"
>o garoto entrou no carro e deu umas bandas rápidas
>"vou pegar, vou pegar" falou o mlk
>poucos minutos depois
>entramos no carro e vazamos
>paramos em um lugar aleatório
>para não perder tempo
>Josias começou a trocar o volante
>que o garoto havia deixado suas digitais
>quando terminou de remover, jogou no mesmo saco que a arma
>e assim forjamos as provas do crime
>infelizmente
>as coisas terão de ser assim
>aqui estamos
>logo após o roubo
>estamos limpando qualquer vestígio deixados nos bandos de trás
>nas maçanetas
>janelas
>limpamos tudo
>em seguida implementamos nossas provas
>trocamos o volante
>deixamos a pistola no carro
>ambos com as digitais do garoto
>por fim colocamos a cereja no bolo
>pegamos algumas peças de ouro e prata
>deixamos duas peças dentro do carro, no chão
>do lado de fora da porta do motorista
>como se tivéssemos 'deixado cair' na fuga
>aquilo iria servir para confirmar que eram as joias daquela joalheria
>entramos no outro carro
>e partimos
>voltamos para o centro da cidade e dessa vez
>seguimos ao sul
>chegamos em um local aleatório
>aonde havia uma ponte
>quebramos todos os HDS
>com as tesouras que usamos para cortar as telas de arame
>literalmente picamos eles
>colocamos os restos em um saco com o volante e as tesouras
>e jogamos no rio
>voltamos pro carro e vazamos
>comemorando pra krl
>agora é definitivo
>nosso primeiro roubo
>havia chego ao fim
>
>
>uma semana havia se passado desde o roubo
>até então a policia só havia suspeitos
>algumas provas não divulgadas ainda
>tudo que eles sabiam
>eram que os bandidos haviam levado 267mil reais em joias
>e as filmagens das câmeras
>após o roubo, Antônio teve de dispensar alguns funcionários
>e Alyssa pediu para ser mandada embora
>hoje a noite, iriamos nos encontrar para resolver oque faríamos com as Joias
>peguei o carro do coroa
>e fui para o nosso local de reuniões
>cheguei la
>ja tava todo mundo
>geral curtindo
>bebendo
>havíamos enterrado as Joias em um local ali por perto
>apenas por alguns dias até decidirmos
>se dividíramos as joias baseado nos preços, ou se venderíamos todas e dividíramos o dinheiro
>basicamente aquela reunião foi apenas para comemorar
>coisa que não curto muito
>eles estavam la dentro
>bebendo e conversando
>senti que não havia oque fazer ali
>fui la para fora
>encostei no carro e fiquei olhando para o céu
>sei la
>passei esse ultimo mês tão entretido nesse roubo
>sempre pensando
>me foquei tanto nisso
>ao ponto de até mesmo esquecer o que eu passei pela minha vida toda
>nesse ultimo mês
>não me senti vazio
>senti que fazia parte de algo
>senti tantas coisas
>coisas das quais eu sempre busquei
>não dou a minima para esse dinheiro
>apenas não gostaria que acabasse
>"sera que eu poderia ficar aqui?"
>olho para o lado
>Alyssa
>com aquele maldito sorriso no rosto
>algo nela me incomodava
>a forma como me olhava
>era desconfortável
>ela se encostou no carro ao meu lado
>"obrigada" dizia olhando para o céu, com um sorriso bobo em seu rosto
>"você foi brilhante"
>"graças a você vou ter dinheiro o suficiente para o tratamento da minha mãe"
>"descobri que ela estava com câncer a 7 meses"
>"meu pai durante os 3 primeiros meses, trabalhou duro e vendeu muitas coisas da nossa casa"
>"para pagar a fisioterapia dela"
>"mas teve um dia em que ele saiu para trabalhar e não voltou"
>"a partir dali, era apenas eu e minha irmãzinha"
>"obviamente as contas da minha mãe chegavam e se acumulavam e não tínhamos como pagar"
>"meu emprego não era o suficiente"
>"então eu conheci Josias, ele me ajudou muito"
>"acabei me envolvendo demais com ele e suas coisas, e acabei nesse grupo aqui"
>"felizmente, espero que tudo se ajeite, graças a você"
>durante todo o tempo que Alyssa contava sua historia, ela se manteve sorrindo
>mas ao mesmo tempo parecia nervosa
>esfregava seus dedos entre si, e balançava seu corpo de forma bem suave e repetidamente para frente e para trás
>"você não precisava ter me contado sua historia, principalmente se você fosse ficar tão nervosa"
>"enfim, Obrigado por ter me impedido aquele dia"
>"graças a isso, encontrei algo que eu buscava a muito tempo"
>acredito ter sido uma das poucas vezes que fui tão sincero
>mas não posso negar, graças a ela e sua empatia pelas pessoas que estou aqui agora
>"Não me agradeça por te arrastar para o mundo do crime" gargalhou por alguns segundos
>conseguiu até mesmo arrancar um pequeno sorriso meu
>após isso, ficamos em silencio
>aquele silencio aconchegante que nos acostumamos
>apenas os dois, observando aquela noite estrelada
>e então, sem tirar os olhos do céu
>ela segurou uma de minhas mãos
>o sorriso bobo em seu rosto havia sumido
>sua expressão ao olhar para mim, parecia triste
>ela colocou uma de suas mãos em meu rosto
>se inclinou em minha direção, e me beijou
>seus lábios eram suaves, sua boca era levemente doce e por alguns segundos
>depois de muitos anos, eu havia beijado uma garota novamente
>afastou os seus lábios devagar e nesses poucos milésimo nossos olhares se cruzaram
>ela abaixou sua cabeça
>se virou rapidamente, e sussurrou
>"obrigada John"
>então seguiu seu caminho junto aos outros
>a cena de Alyssa andando de volta aquela casa
>não saia de minha mente
>acho que pela primeira vez senti algo por alguém
>por mais que odiasse admitir
>ela me atraia
>não sei exatamente o porque
>talvez
>seus longos cabelos ruivos
>seus olhos cores de mel
>seu jeito estranho de se vestir
>talvez por possuir tantos sentimentos dos quais eu procurei toda a vida
>sinceramente, eu não sei
>tudo o que posso afirmar agora
>é que este momento deixou o gosto amargo de uma despedida
>e assim terminou minha noite
>depois de toda a farra
>todos chegaram a um consenso
>de vendermos as joias antes e depois dividir o dinheiro
>Josias disse que iria ver se conseguiria agilizar as vendas com um dos seus contatos
>e assim nos separamos
>em 3 dias todos voltaríamos aqui
>para ver se tudo ia bem, caso não dividiríamos as joias mesmo e cada um dava seu jeito de vender
>assim fomos para casa
>oque ninguém poderia imaginar
>é que esta noite
>era apenas a calmaria antes da tempestade começar
>dois dias depois
>havia voltado a minha rotina de merda
>estava deitado em meu quarto
>até que tudo começou
>"JOHN" minha mãe gritava la de baixo
>"sua amiga esta aqui"
>amiga?
>q
>olhei pela janela na rua
>vi o carro de Alyssa
>coloquei o tênis e uma camisa
>desci correndo
>O QUE CARALHOS ESSA MINA FAZ AQUI
>só pela cara dela
>ja vi que tinha dado merda
>meu deus
>"mais tarde eu volto mãe"
>peguei ela pelo braço
>e vazei dali
>"O QUE CARALHOS TU TA FAZENDO AQUI, PERDEU O JUÍZO?"
>"John, deu errado, deu errado"
>"que como assim" tava muito confuso
>Alyssa tava nervosa pra caralho
>apenas voamos para o local de costume
>ela não me falou nada, ta totalmente alterada
>assim que chegamos
>sair vazadão do carro
>corri la para dentro
>Josias só de por o olho em mim
>pula no meu pescoço
>tomo um cruzado de direta
>despenco no chão
>sem entender porra nenhuma
>Alyssa empurra ele
>"PARA COM ISSO CARA, NÃO É CULPA DELE, PARA" gritava empurrando Josias
>"DEFENDE ELE MESMO"
>tava todo mundo em choque
>"oque que ta acontecendo, não to entendendo nada" falei
>"o que ta acontecendo vou te mostrar"
>Brian pega o celular dele
>passa para mim
>um vídeo de uma reportagem que tinha passado na tv no dia anterior
>aparentemente tinham identificado as digitais que deixamos no carro
>era um dos principais suspeitos do assalto
>um garoto chamado Vinicius souza, estava foragido
>havia outro suspeito que tb tinha sido identificado
>segundo a repórter
>''a investigação teve inicio pois depois do assalto uma ex funcionaria foi até o dono da Joalheria e os dois abriram uma queixa contra
>uma suposta ameaça feita a ela pelo facebook, avisando o furto algumas semanas antes
>a vitima diz não te dito nada antes pois estava com medo, e apos o primeiro alarme falso, achou que não aconteceria nada
>uma equipe da área de inteligencia tecnológica policial identificou o IP e localizou o mesmo
>após obterem a informação, a policia civil encontrou a família do suspeito que seria o dono do celular e acreditam que ele também pode ter participado do roubo
>Josias Pacheco dos santos''
>"TA VENDO ESSA MERDA, EU FALEI QUE AQUELA MSG IA DAR RUIM CARA"
>"É SUA CULPA CARA, SUA CULPA"
>Josias tava completamente em choque, morrendo de medo
>afinal, seu rosto estava estampado nos jornais
>não só ele como todos os outros, pois todos acreditavam que se pegaram o Josias em tão pouco tempo
>logo eles serão descobertos também
>honestamente até eu tava em choque
>tava quase surtando
>"não não não, não tem como eles terem rastreado essa merda"
>meu deus
>meu deus
>meu plano perfeito
>"não tem como ter dado errado" tava quase surtando
>eu pensei em tudo, impossível
>....
>"o que você fez com o celular que enviou a msg?" questionei Josias
>"ISSO IMPORTA AGORA? CARA, QUE CELULAR"
>"o celular que eu mandei você comprar pra enviar a msg, onde ele ta? você se desfez dele,né?"
>"EU NÃO COMPREI CELULAR NENHUM CARA, FODASE ESSE CELULAR"
>"COMO ASSIM VOCÊ NÃO COMPROU?"
>"QUE CELULAR VOCÊ USOU?"
>Josias ficou em silencio
>"QUE CELULAR VOCÊ USOU SEU MERDA?" nesse momento ja tinha metido o loko
>esse pedaço de lixo arruinou tudo
>"o meu" Josias respondeu colocando as mãos na cabeça
>"QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA?"
>"SÉRIO QUE VOCÊ REALMENTE NÃO IMAGINOU QUE ISSO ACONTECERIA?"
>"VOCÊ NÃO COGITOU NENHUM SEGUNDO O PORQUE DE SER UM CELULAR NOVO?'
>"VOCÊ SIMPLESMENTE MANDOU A MERDA DA MSG E DEIXOU O PERFIL AI NA PORRA DO CELULAR QUE VOCÊ USA PRA TUDO?"
>"VOCÊ FODEU COM TODO MUNDO AQUI, QUE GRANDE LÍDER VOCÊ É"
>Josias apontou a arma pra mim
>"acho melhor tomar cuidado com o jeito que você fala"
>como sempre Josias tinha que tentar bancar o fodão
>a essa altura do jogo
>já o conhecia muito bem
>era só um medroso
>que grita e usa uma arma para tentar se impor
>olhei nos olhos dele e falei
>"vai fazer oque, atirar em mim?"
>"acho melhor pensar duas vezes, me matar agora não vai te fazer menos merda"
>Brian se meteu na frente
>"calma ai calma ai Jô, que isso aqui ja ta saindo do controle"
>"você vai ter que resolver isso mlk" Josias falou
>"ta me culpando por você ser um merda?"
>"não posso fazer nada se você é incapaz de fazer algo tão simples" respondi e virei as costas para sair da casa
>"ESCUTA BEM, SE EU FOR PEGO EU ENTREGO VOCÊ"
>parei
>respirei fundo
>"não precisa me dizer isso, eu sei o quanto você é patético"
>"é obvio que se você for pego, você entrega todos"
>"sinceramente, não sei como te consideram Líder aqui"
>continuei andando para fora da casa
>Alyssa veio atras de mim
>segurou um dos meus braços
>"ajuda ele John"
>"eu sei que você consegue, por favor"
>porque eu tenho que ajudar esse merda, não fode
>apenas puxei meu braço das suas mãos
>entrei no carro e vazei
>cheguei em casa
>estava com tanta raiva
>que tinha até problemas para pensar
>não importa o quanto eu tentasse pensar em uma forma de reverter isso
>mas era completamente impossível
>pensei
>pensei
>andava de um lado para o outro
>inquieto
>até que fui ao banheiro lavar o rosto
>na tentativa de me acalmar
>e por algum motivo ao ver meu reflexo no espelho
>explodi de raiva
>e o quebrei com um soco
>me encostei na parede
>fiquei observando o sangue da minha mão direita escorrer...
>pensando
>não vai demorar até chagarem na Alyssa
>afinal ela era namorada dele, todos sabiam
>logo vão perceber que não foi por acaso que ela foi trabalhar la
>ela ainda me faz o favor de aparecer na minha casa para a minha mãe paranoica
>com certeza minha mãe vai falar dela para meu pai
>e se meu pai se meter nisso
>não vai demorar muito até ele chegar em mim
>se eles pegarem Josias, já era
>e só tem um jeito de impedir isso
>Josias precisa morrer.
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RandomJohn é um garoto que faz parte de uma pequena parcela de pessoas que tem certo desencanto pela vida, após falhar em todas as suas tentativas de buscar algo que lhe faça querer continuar vivendo, não consegue se libertar do vazio que o consome , entã...