04 • o conforto adquirido

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#51Girassois 🌻

Música do Capítulo:
My Time - BTS
"eu não preciso saber para onde vou,
mesmo que seja para longe do sol
uma vez para o presente, duas para o passado
feliz que nos conhecemos, daqui até o fim"

Quando Jungkook acorda, a primeira coisa que sente é uma onda de dor.

Em um primeiro momento, ainda despertando, não consegue distinguir de onde exatamente vem a sensação de estar sendo pisoteado por uma manada. À medida que seus olhos se acostumam com a luz, no entanto, sua consciência traz de volta tudo o que as poucas horas de sono levaram embora.

Na verdade, nem dormir direito conseguiu. No começo da noite, pegar no sono era equivalente a pesadelos que o fizeram ter medo de sucumbir ao cansaço; até que, perto de amanhecer, seu corpo não aguentou mais e desligou sozinho.

Ficar acordado na enfermaria de madrugada o deu bastante tempo para pensar.

Certa vez, quando era criança, Jungkook disse à mãe que queria ser um super-heroi quando crescesse. Acreditava firmemente, em sua mente inocente, que era capaz de salvar o mundo mesmo em uma idade na qual não tinha noção do que exatamente o destruía para começo de conversa.

A mulher, sempre doce e gentil, o disse que ele poderia fazer o que quisesse desde que desse tudo de si naquilo. Porque sucesso e realização de sonhos nunca se tratou de poder e dinheiro, e sim de princípios.

Antes de entrar no Programa, Jungkook carregou essas lembranças com um peso enorme no coração. Quando a mãe e a irmã morreram, não pôde salvá-las mesmo sendo a coisa que mais queria no mundo; não pôde ser o super-heroi delas.

E então cresceu rejeitando qualquer sentimento que pudesse lembrá-lo das duas. Amor e apoio, por exemplo, foram coisas que Jungkook só permitiu-se experimentar superficialmente.

Mas ao chegar ao Complexo, sozinho e sem ter em quem confiar, não desejou outra coisa além de alguém que pudesse dar-lhe o conforto que precisava.

Conforme a noite foi passando, a mente de Jungkook o pregou peças aliada ao organismo enfraquecido e à exaustão. Ouviu vozes na escuridão: da mãe, de Jisung e até mesmo de Jimin, todas dizendo palavras que ele tinha que ouvir.

Quando a manhã chegou, Jungkook tomou uma decisão que seu inconsciente já havia resolvido no meio de sua Partida no dia anterior: que lutaria até o fim para ser o que a mãe esperava dele, e esperava que ela pudesse vê-lo de algum lugar.

Um guarda abre a porta da enfermaria e entra, encarando Jungkook por um momento antes de dar espaço para que uma mulher mais velha entre.

"Bom dia." A enfermeira diz quando percebe que ele já está acordado.

"Bom dia, Sra. Kim." Jungkook retribui, educado como sua mãe gostaria que ele fosse.

"Jungkook, certo?" A mulher pergunta apenas para ter certeza, ao que o Jogador assente. "Não suponho que queira tomar mais medicamentos?" Confirma enquanto abre armários e reúne tudo o que precisa para dar assistência a ele.

"Não, são fortes demais." Jungkook responde com uma careta, como uma criança contrariada.

"Tudo bem, mas se estiver com muita dor, eu aconselho que tome." Sra. Kim sugere gentilmente enquanto retira o curativo antigo de seu braço, ao que Jungkook sorri minimamente, agradecido.

Jogador 51 [jjk+pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora