Cap. 6 - "Eu te amo"

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Logo de longe, pude ver Mike de costas, com uma caixa. Me aproximei sem muita cerimônia e sentei ao seu lado, cruzando as pernas. Ele logo ergueu a cabeça, olhando pra mim.

- Você veio... - disse Mike, com um sorrisinho fraco no rosto.

- Eu disse que viria, não disse? Tenho palavra, diferente de alguns... - respondi, tirando os olhos dele, que agora estavam em direção ao lago.

- Mas eu nunca te prometi nada, Lyanna

É... Ele realmente nunca prometeu nada. Talvez eu seja emocionada demais e encare o "eu te amo" como uma promessa de cuidado, carinho e atenção, e ele encare apenas como um conjunto de palavras vazias, o que eu acho extremamente incoerente. O "eu te amo" nos romances sempre vem trazendo consigo uma emoção discrepante, pessoas casam, constroem famílias, tudo baseado nessa palavras. Na vida real, as pessoas a repetem como se fosse "bom dia", para qualquer pessoa, por mais que não o sinta. Eu nunca havia dito que amava Mike, e ele me cobrava. Se eu tivesse depositado essas palavras, que são tão significantes pra mim, nele, estaria profundamente arrependida agora.

Voltei a olhar pra ele, bem nos olhos mesmo. E foi bem ali que eu percebi o quão estúpido e vazio Michael Petters poderia ser.

- Michael, você é muito bonito - disse a ele, o que fez com que ele abrisse um sorriso de orelha a orelha. - Mas só. Sua beleza física nunca vai ser o suficiente, pelo contrário, é no máximo 10% do que eu via em você.

Vi seu sorriso desaparecer, e uma expressão triste ocupou seu lugar.

- Você tá dizendo que eu não tenho nada a oferecer? - perguntou, aparentemente indignado.

- Tô dizendo que você não me ofereceu nada.

Dizer essas palavras doeu como se alguém tivesse jogado uma caixa de pregos no meu coração.

- Eu gostava de você Anna, muito, mas era medroso demais para construir algo mais sério e me condeno até hoje por isso... Não mantive o contato quando voltei porque senti vergonha de você, por ser tão imaturo.

- Mike...

O abracei forte, e pude sentir seu coração acelerar. No fundo, o que eu mais queria era acreditar nele, mas eu simplesmente não conseguia. Meu coração criou um bloqueio tão forte que eu simplesmente me tranquei. Naquele momento bem ali, vendo sua imensidão nos seus olhos castanhos, de frente para aquele lago lindo e cheio de pedras, quis beijá-lo mais uma vez, sentir ele de todas as formas possíveis, as quais eu me lembrava com saudade. Mas eu não podia, não conseguia.

-...eu não consigo esquecer o mal que tudo isso me fez. Já disse que podemos ser amigos, e sem passar disso. Espero que você entenda.- concluí, me afastando um pouco.

Logo em seguida, Mike pegou a caixa e entregou em minhas mãos.

- Abre quando chegar no quarto, tá? Já vou subir, preciso arrumar o meu. - disse ele, sorrindo e levantando logo em seguida.

Sorri, levantei e o beijei na bochecha. Muito estranho beijar a bochecha quando os lábios já se conhecem, mas foi o que me permiti fazer.

Quando entrei no quarto, estava vazio. Eram 4:32 p.m, e Gwen não estava lá, provavelmente foi ajudar a comprar as coisas da festa, que vai rolar às sete. Enfim, precisava abrir a bendita caixa.

Nunca esperava por isso. Dentro da caixa, havia um pano preto enrolado com uma carta em cima, que logo abri para ler.

"Anninha,

Como NÃO lidar com mudançasOnde histórias criam vida. Descubra agora