Marcos queria muito ter coragem para se vestir, mas sua cabeça estava doendo tanto da ressaca do outro dia que ele simplesmente não estava com vontade de levantar. Apesar disso ele sabia que precisava, quando Giulia pedia algo para ele, ele sentia que era completamente incapaz de negar aos desejos da morena. Ele olhou os cabelos começando a ficar grisalhos e os bagunçou no espelho.
O homem de branco tinha por volta de quarenta anos, médico há mais de doze, recentemente ele havia sido escolhido para cuidar do governador, que havia morrido durante a noite de quarentena.
Apesar de sua morte, ele não estava nem mesmo um pouco próximo de uma zona de risco, e isso havia chamado muito a atenção de Giulia, uma detetive novata que tentava crescer na polícia da cidade enquanto brincava na montanha-russa de emoções e sexo confuso que ela tinha casualmente com Marcos.
Ela pensou que aquela seria a melhor chance possível para usar daquela relação para conseguir subir na sua carreira. As ruas cinzentas daquela cidade jamais deixariam uma policial que acabou de ser promovida para detetive subir na hierarquia quando haviam tantos homens que trabalhavam menos que ela.
Por isso ela ficou contenta quando saiu com ele para beber na noite anterior, e ansiosa durante a manhã seguinte enquanto esperava a ligação do seu amigo. Já Marcos chegou de manhã sem falar com mais ninguém, indo direto para o necrotério, onde ele ia descobrir tudo que estava acontecendo antes que mais pessoas ficassem sabendo do caso.
Quando entrou na sala branca cheia de gavetas prateadas, ele encarou a garota sentada próxima do cadáver do homem que ele deveria ter mantido vivo. A garota de cabelos pretos tinha piercings no rosto, seu cabelo era raspado de um lado e ela usava um batom preto que dava a impressão de que ela era uma garota saída de um filme.-Quem é você? - Perguntou Marcos.
-Vectora - disse ela se encostando no cadáver e dando uma mordida no sanduíche - a nova médica legista do hospital.Uma sombra estranha andou pela parede, como um monstro prestes a atacar os dois.
-Você tá usando um fone aí? - ele apontou para o comunicador que ela usava no ouvido.
-É, algo assim - Vectora deu outra mordida no sanduíche.
-Você pode me passar suas credenciais?esse caso é realmente muito importante.
-Ainda não tenho o crachá, você pegar com a diretora do RH se quiser, ela deve estar lá para te receber.
-Tudo bem, vou dar uma ligada, você sabe o nome dela?
-Lisandra, o nome dela é Lisandra.As sombras continuaram correndo pela parede, até que Marcos saiu de perto e a sombra também sumiu.
Lisandra estava sentada na mesa do RH ouvindo as palavras que vinham de Marcos no comunicador de Vectora. Por algum motivo às sombras da morte estavam atrás dele e da policial Que o acompanhava em diversos dias.
-Como estamos, todo mundo? - Perguntou Lisandra.
Lisandra era a chefe do RH, Vectora era a médica legista, Ned e Norman trabalhavam no TI e Asriel era o farmacêutico e Savana a técnica do laboratório.
As sombras da morte apareciam em momentos aleatórios do mundo e traziam a devastação de civilizações inteiras. Diziam que elas eram responsáveis por vários ataques como o Katrina e o Vesúvio.
Os dois grupos foram mandados naquela missão para que desesperadamente eles impedissem que as sombras da morte se espalhassem. O hospital era o marco zero da epidemia, mortes sem explicação, e eles precisavam parar isso antes que evoluísse.
No mundo real, a maioria dos poderes não significavam nada, por isso Halessia, Eden, Agna, Shijima e Ryu andavam como novos médicos gerais para atender qualquer consulta nova.
Naquela noite, sem novos pacientes e com a chegada de Giulia, o mundo deles virou ao avesso, principalmente o de Eden, que estava ali para descobrir sua irmã, já que aquele foi o ultimo local onde ela foi vista.
Os comunicadores estavam posicionados.-Você ainda quer saber sobre o corpo? - Perguntou Vectora terminando seu sanduíche.
Marcos coçou a cabeça.
-Claro, vai lá, conta.
-Calamidade - disse Lisandra.
-Tormenta - disse Savana
-Começo da missão - disseram as duas.