Capítulo 5

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Vifrith estava novamente em seu trabalho, fazendo coleta de memórias. Dessa vez era um pedido extenso de memórias longas, fazendo com que durasse mais de duas horas, preenchendo a manhã inteira. Após organizar e classificar, conseguiu enfim separá-las para depois juntá-las ao arquivo de pedidos. O cliente saiu satisfeito, e ela aguardou que o próximo entrasse.

Nesse ínterim, o salvaBot avisou sonoramente que havia um aviso importante para Vifrith, que apontou seu dedo para o robô para ativar a mensagem e ouvir o que tinha a dizer. Ele começou o aviso dizendo que vinha de seu superior, Connak. Em tom neutro, o salvaBot repetiu as palavras de Connak, que consistia: "Vifrith. Estou enviando a mensagem mais difícil do nosso relacionamento amigável. A Base, por algum motivo, comunicou o seu desligamento da Memcorpore, sem informar qual seria o motivo. Meu papel é apenas de comunicador dessa má notícia. Saiba que na sua ficha de desligamento será incluída todas as referências necessárias, e indicação para cursos de reciclagem específicos da Samocorp. Tenho certeza que não demorará a conseguir uma colocação à sua altura, uma grande profissional. Me despeço com muito pesar, e que nos encontremos numa outra oportunidade.

Vifrith gostava verdadeiramente de Connak. Era um ótimo supervisor, que deixava à vontade e sabia lidar com diferenças que surgiam pela dinâmica do trabalho. Mas ficou muito intrigada pela ausência de motivo que a Base a demitiu. Tentou acessar pelo seu móvel e não conseguiu. Enviou uma mensagem para a Base exigindo resposta pelo acontecido, e esperou o retorno enquanto arrumava suas coisas para ir embora. Emery estava sentida pela saída de Vifrith, assim como os outros que diariamente mantinha contato. Vifrith preferiu não ter uma despedida , apenas cumprimentos.

— Vou ligar para você.

— Obrigada, Emery.

— Estou realmente sentida. Não tinha motivos para o seu desligamento.

— Nós sabemos, mas a Base sabe de algo mais.

— Como assim?

— Não posso contar aqui agora, na hora certa nos falamos.

— Até mais, e se cuide.

Vifrith se despediu de Emery com um abraço prolongado, e partiu sem olhar para trás.

Como já havia terminado os dias necessários para o monitoramento da recuperação, Vifrith seguiu para o hospital a fim de devolver o capacete que não aguentava mais usar. Coincidentemente era sua última consulta, e não via a hora de se livrar do aparelho.

— Vemos que a recuperação teve êxito, Vifrith.

— Significa que não preciso mais do capacete?

— Significa que terá vida normal a partir de hoje.

"Vida normal, vida normal... não sabia o que era isso há muitos dias".

— Agradeço, Doutor. Agradeço também por não ter sequelas devido à intervenção.

— É difícil ter sequelas com uma cirurgia tão sensível e tão precisa como essa. Fique tranquila que não terá sequelas daqui por diante.

— Fico mais tranquila, sendo assim.

Vifrith entregou o capacete e se despediu do médico. Com tempo de sobra, resolveu ir ao aquário de fractais para ver se meditava um pouco. Ela lembrou que na adolescência passava um tempo considerável no aquário para tentar se tranquilizar, e dava certo. Não sabia como seria agora que estava na vida adulta. E também estava com bastante tempo de sobra para aproveitar o momento.

Encontrou um banco vazio, e começou a observar o movimento dos fractais pela sala escura, passando um longo tempo se concentrando neles. Começou a pensar na interrupção abrupta do seu trabalho, e nas coisas que já tinham acontecido, que saíam da normalidade e que não tinham explicação plausível até agora. Sentiu que sozinha talvez não daria conta, que precisaria da ajuda de alguém. Só não sabia quem. Foi quando atendeu uma ligação da sua mãe.

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⏰ Última atualização: Apr 26, 2020 ⏰

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