COLD WORLD

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Eu sei que vocês já sabem o que aconteceu, mas vale reforçar: Guzman me traiu com a Miss Palestina novamente, mesmo com todas as minhas tentativas de ser a namorada perfeita, cansei de ser a segunda opção dele e dei um fim em tudo. Alguns dias depois, os dois idiotas não conseguem se controlar e transam no vestiário, Valério vê, grava e mostra para mim. Eu mando para todos os alunos da escola e conhecidos na tentativa de dar a eles a vingança que merecem.
Esperava ter Valério como um aliado depois de tudo, mas fui repentinamente surpreendida quando ele ficou ao lado de Nadia e me julgou, como se ele não tivesse alguma parcela de culpa por ter gravado o momento íntimo dos dois.
E o pior de tudo, sua raiva (ou sei lá o que ele estava sentindo) fez com que estragasse tudo o que tínhamos ao mostrar para nosso pai o tipo de coisa que fazíamos quando ele saia de casa.
Pela primeira vez na vida, senti meu mundo desabar.
Eu estava cada vez mais distante de Carla, já que não reconhecia mais a minha melhor amiga em meio as suas atitudes.
Perdi Guzman sem nem poder fazer algo para mudar a situação, já que não pedi para que ele deixasse de me amar.
E o pior de tudo, perdi Valério, que sempre apoiou e incentivou meus planos e travessuras, eu jamais imaginaria que a pessoa mais brincalhona e que deixa a minha vida mais divertida pudesse virar as costas para mim do dia para noite.
Eu estava sozinha. Não havia alguém para conversar verdadeiramente. Não havia um ombro amigo para apoiar a cabeça.
Porque sim, por mais que eu mostre para o mundo o quão independente sou, sempre tive o apoio de Carla, Guzman e Valério.
Agora era a hora de caminhar sem o apoio de ninguém. De ser a minha própria luz, o meu próprio ombro amigo, por mais complicado que isso fosse (e também de esquecer Valério, já que ser deserdada da minha família não era uma opção).
Tudo o que restou foi me dedicar ainda mais aos estudos, era isso que me ocupava nas últimas semanas, já que o máximo que eu fazia era trocar algumas palavras com o pessoal da minha sala e manter um sorriso forçado para que nenhum deles percebesse tudo o que acontecia.
Continuava indo a festas para manter a aparência, e passei a beber o dobro do que costumava ingerir, inclusive, era exatamente isso o que estava fazendo agora.
Omar terminou de preparar meu sexto drink depois de muita insistência minha.
- Lu, é melhor você parar – Ele sugeriu novamente.
- Não, querido. Eu sei cuidar de mim mesma – Respondi enquanto cruzava as pernas no banquinho do bar.
Eu realmente estava controlada, pelo menos um pouco.
Mas Valério, diferente de mim, estava longe de qualquer tipo de controle. Perdi a conta da quantidade de vezes que o vi cheirando algo, tomou diversas bebidas, além de estar dançando como um animal, desconhecendo o significado da palavra limite.
Em uma situação normal, eu estaria ao lado dele, fazendo com que tivesse o mínimo de controle, obviamente sem impedir que se divertisse. Em festas como essa, ele fazia joguinhos que deixavam meu coração palpitante (por mais que eu jamais admitisse), sei que dançaria de forma sensual comigo, fingindo que era apenas efeito das drogas e da bebida, por mais que fosse muito mais do que isso, no final da festa, quando todos estivessem praticamente inconscientes do que viam ou faziam, eu deixaria que ele roubasse alguns beijos meus no banheiro.
Mas, infelizmente, não estávamos em uma situação normal.
Tentei me distrair com algumas colegas da sala, depois de passar algumas horas coladas em Omar, todos pareciam estar bem com as mudanças. Guzman e Nadia não se desgrudavam, Rebeka garantia que todos permanecessem drogados, Cayetana fazia de tudo para agradar Polo, Carla fazia sua cara de cachorro sem dono na tentativa de chamar a atenção de Samuel.
Tudo o que eu mais queria é voltar para os bons velhos dias.
Quando estava prestes a ir embora para casa, já que a festa não estava nada agradável para mim, percebi algo estranho. Valério sumiu de uma hora para outra.
Eu disse para mim mesma que não deveria ser nada. Mas algo inquieto dentro de mim me fez procura-lo.
Desci da área VIP, ele não estava lá.
Voltei para o bar, sem sucesso.
Então entrei no banheiro.
Lá estava ele.
Valério encontrava-se desacordado no chão. Praticamente joguei-me no chão quando o vi naquele estado.
Chequei seu pulso, era extremamente fraco. Tentei ficar calma, mas percebi que meus olhos estavam cada vez mais pesados tentando segurar as lágrimas.
Merda. Merda. Merda.
Eu preciso chamar a emergência agora.

Lu & Valerio (one shots)Onde histórias criam vida. Descubra agora