capítulo 1.

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Já parou para pensar que mesmo que a gente não perceba sempre estamos sendo falsos com nós mesmos? Mesmo que a gente não queira,vamos ao menos uma vez na vida tentar agradar alguém. Não que isso seja ruim,mas talvez essa pessoa nem mereça tanto assim sua atenção,o seu esforço ou o seu carinho.
Ninguém nos entregou um bilhetinho dizendo que a vida iria ser fácil,esse é o mundo,portas se fecham e outras se abrem,faz parte de um ciclo,todos vivem por isso,um único objetivo... Viver bem,ou mal,para no fim todos morrerem. Muitas pessoas não aceitam o fato disso,se apegam a vida e a trata como um bichinho de estimação,mas já me acostumei com esse fato e sei que ele uma hora tem que acontecer.

Não vou dizer que odeio ou que amo este lugar, mas sim que apenas sobrevivo nele. Queria poder ir embora,conhecer pessoas,comidas e lugares novos,e não ter que ser obrigada a viver todos os dias da minha vida na mesmice,rodeada dos mesmo rostos inúteis desta cidade,aonde um circulo de colegas parece mais uma competição para julgar quem é o melhor,do que um simples encontro de pessoas que realmente se gostam,colocando os assuntos em comum em dia,de pessoas que se querem bem acima de tudo.Uma falsidade que cai como chuva,aonde sempre tem que se estar protegido contra ela.

Não posso reclamar nada da minha vida,mas logo depois de eu completar nove anos,minha mãe sofreu um acidente de carro a caminho do trabalho,porém não suportou e acabou falecendo antes que conseguissem socorrê-la,e logo passei a morar com minha avó materna.
Talvez o fato de meu pai ter nos abandonado quando eu ainda tinha quatro anos,deva ter piorado tudo,não tenho lembranças com ele,só sei quem ele é por conta de fotos,ninguém consegue me explicar o motivo de sua partida,mas isso já não me incomoda mais como antes,afinal,eu e minha mãe conseguíamos viver muito bem sozinhas em nossa pequena casa antes dela vir a falecer.

As vezes me sinto sozinha,deslocada,sem um motivo para correr atrás,sem um sonho... Mas depois reflito e vejo que é algo que não posso reclamar, pois isso é uma opção minha,pois prefiro mil vezes ficar trancada em meu quarto ouvindo músicas das minhas bandas e cantores preferidos,desenhando ou lendo um bom livro,do que fingir interagir e tentar ser alguém que não sou para agradar outras pessoas.
Uma luta interna quase todos os dias para ir a escola,me sentindo obrigada a cumprir algo que não quero,mas me pergunto,será que existe alguém que não se sente assim? O fato é que eu gosto de estudar,o meu problema são as pessoas habitando no local,parece tão clichê,mas eles agem todos iguais,como se fossem um programa de computador.
A única pessoa que eu conseguia me dar bem naquele lugar,era um garoto totalmente geek que era excluído pelo os outros alunos por sempre dizer coisas do tipo fantasiosas,como fadas,dragões,sereias,reis e rainhas de reinos mágicos.Confesso que eu também achava estranho,ainda mas pela forma dele dizer tudo aquilo com total convecção da verdade,mas que no final era o que fazia as histórias talvez fictícias ficarem ainda mais interessantes,mas ele foi embora a um ano e meio da cidade,sem se despedir,sem avisos,simplesmente desapareceu,o procurei por todos os lugares da cidade,mas tudo foi em vão já que nunca o encontrei,e assim surgiu mais um motivo para eu querer me isolar,e não querer me misturar com os outros por achar as pessoas muito padronizadas,e de mente fechada.
Hoje ja era quarta-feira,o que faz amanhã ser quinta-feira,o que já me animava de certa forma,pois terei que passar só mais dois dias na minha "cela de tortura" chamado colégio,e então finalmente estar livre no final de semana para ficar jogada no sofá.

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-TRIIIIIIIIIIIIIIM!!!!

Acordo com o barulho do despertador as 6 horas da manhã,desligo ele,viro para o outro lado da cama,e cubro novamente a cabeça com o cobertor,ouço o grito diário e fino de minha vó vindo do andar de baixo.

- ALANA,ANDA LOGO VOCÊ VAI SE ATRASAR!!!

Me levanto cuidadosamente,pois a claridade entrando pela janela machuca um pouco meus olhos e me dirijo até as escadas,desço até a cozinha e tomo um bom café da manhã ainda vestida com minha camiseta velha do Coldplay que a batizei como pijama. Logo depois de terminar de comer,me arrasto até o banheiro e tomo meu banho,percebo que as mechas grossas no tom de turquesa espalhadas no meu cabelo loiro escuro precisam ser retocadas,escovei meus dentes e voltei ao quarto para trocar de roupa.
Apesar de ser liberado ir sem uniforme,prefiro ir com pelo menos a camiseta dele,afinal vou a escola estudar e não participar de um desfile de moda,não tenho frescura nesse quesito. Coloco minha calça jeans escura surrada de costume,e meu All Star preto,pego minha mochila com vários botons de bandas e de alguns poucos animes a decorando,e já estou pronta.

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