O Cuidador

Dia 1

Não sei exatamente por onde começar, mas sinto que preciso falar sobre o motivo de estar aqui tencionando algo. Estou, neste exato momento (provavelmente pelos próximos 30 dias também), em isolamento social. Estou saindo de casa somente quando necessário e, a princípio, isso significa ir esporadicamente ao supermercado ou à padaria. Todos precisamos nos manter afastados uns dos outros para evitar que o vírus se espalhe rapidamente.

Ainda não sabemos ao certo como tudo começou, mas os primeiros casos de pessoas infectadas com o Coronavírus surgiram na China. Depois disso, ele começou a se alastrar para outras partes do mundo, por meio dos viajantes infectados. Aqui no Brasil, já contamos com mais de 200 casos confirmados e 4 mortes, por isso, os governadores de cada estado estão tomando medidas mais drásticas.

Em Santa Catarina, as aulas foram suspensas por 30 dias, eventos e qualquer tipo de aglomeração de pessoas foram proibidos, o transporte público ficará parado por 7 dias e os comércios estão sendo fechados. Apenas mercados, postos de combustíveis, postos de saúde, hospitais, farmácias e serviços de água e gás estão permitidos continuarem abertos e funcionando.

Ainda são duas horas da madrugada, no entanto, tecnicamente hoje é meu primeiro dia de isolamento, uma vez que não mais irei ao trabalho. Sinto como se as coisas estivessem fora de ordem, suspensas no ar. Normalmente, eu já estaria dormindo neste horário. A despeito disso, hoje me sinto estranho, sem sono. Por isso, resolvi começar a digitar.

Algumas coisas, entretanto, continuam iguais por aqui. Tinguá e Zimba, meus gatos, estão fazendo a rotineira bagunça noturna. Qualquer objeto torna-se uma brincadeira para eles, que só depois de um bom tempo se cansam e decidem que é hora de parar. Já meus olhos estão pedindo um descanso. Vou deitar e tentar pegar no sono. "Amanhã" será um novo dia.