Eu costumava dizer que eu era especial porque eu sempre fazia tudo diferente de todo mundo, e eu gostava disso.
Para mim as coisas nunca eram concretas, sempre havia algo que desse alma e asas a tudo. Eu gostava de chamar de propósito. Tudo no mundo era como uma casa, que além de ser um monte de tijolos e telhas, também era lar.
Talvez por isso eu tenha decidido contar a história de um amor, porque além de amor, me foi casa.
A conheci na escola e nos aproximamos melhor quando passamos a estudar juntos à noite em outro lugar.
A gente costumava fazer de tudo juntos. Sentávamos juntos, assistíamos a filmes juntos, corríamos juntos, comprávamos coxinhas juntos, sorriamos juntos e chorávamos juntos.
Existia entre nós uma epécie de elo e claramente éramos ligados por algo muito forte, nossos corações batiam no mesmo ritmo, nossa alma era uma só e conversam uma com a outra enquanto estávamos destraidos um com o outro. Tocá-la era como tocar-me e eu conseguia sentir cada fio de cabelo do braço dela se arrepiando sempre que encostávamos um na pele do outro. Não importava a distância em que estivéssemos, nossos olhares sempre cruzavam nos pontos mais profundos do nosso coração.
Eu sempre fui muito intenso e gostava de pensar que estava sempre à beira de um abismo, e que ele me levaria a outro abismo, mas que no fim eu sempre chegaria até ela.
A gente se gostava mas não podia ficar junto. Era como ter um carro e não saber dirigir.
Eu costumava dizer que eramos perfeitos um para o outro porque nós não mentíamos, sempre fomos sinceros, sempre nos dizemos o que sentíamos e isso nos aliviava, nos dava tempo para morrer mais devagar, sabendo que o dia de nossa morte chegaria. Era viver a espera do momento em que explodiríamos.
– Somos amigos perfeitos um para o outro né? Quer dizer, ontem à noite na hora de ir embora, quando te abracei eu senti uma vontade, ou sei lá, senti uma força que me fez querer te dar um beijo, e eu sei que voce sentiu também. Olha, não podemos, eu sei que é complicado, mas não podemos e ainda assim não existe força nesse mundo que é capaz de me separar de voce, mesmo que não possamos ficar juntos, talvez por isso sejamos perfeitos um para o outro, porque ambos não podemos e sabemos e ainda assim conseguimos fazer funcionar ou coisa do tipo –
Eu não podia dizer nada além disso por que eu tinha uma namorada e além disso, eu era burro. Porque se eu realmente soubesse o que era o amor ou se eu realmente fosse perfeito para ela, eu teria sido sincero comigo mesmo, e com a outra, e lutaria por ela, (EU SEI QUE VOCE ESTÁ ME JULGANDO).
Mas eu amava a outra também, ou achava que amava, e por um momento eu me senti o cara mais sortudo do planeta, porque eu tinha de certo modo as duas das minas mais lindas e doces do mundo, comigo, e depois, me senti o mais filho da puta do mundo porque eu tinha duas das minas mais doces do mundo comigo, e não podia ser de nenhuma de verdade, e depois o mais covarde do mundo porque eu tinha duas das minas mais doces do mundo, mas eu amava mais a que eu não tinha de fato, e nunca tive coragem de seguir meu coração.
E no fim, nunca tive ninguém. Não se pode ter tudo.
Não me odeie, eu era jovem, achava que sabia o que era o amor, pensava que fazia ideia sobre alguma coisa da vida e nunca seguia meu coração, apesar de dar única e exclusivamente esse conselho a todos a minha volta.
Eu queria estar com a mina do campo gramado o tempo todo, pensava nela vinte e quatro horas por dia, e nunca dei uma chance a esse amor e ela sempre esteve lá para mim, se a nossa vida fosse um filme, com certeza ela morreria no final de câncer (deus a livre) e eu seria aquele cara que sabe que vai demorar ainda outra vida para morrer, apenas para poder carregar ainda mais a culpa de não ter amado o seu amor verdadeiro enquanto pode. E hoje aos vinte, talvez eu ainda seja esse cara.
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Por amores Incríveis: a vida é boa no escuro também.
RomanceSe chamaria "por amores incríveis" e seria a história de como uma pessoa tentou recomeçar a vida em outro lugar, sozinho, e redescobriu o amor. Mas não dá, não dá para redescobrir algo que nunca foi perdido, no fim das contas todos os meus textos so...