capitulo 11 " confiança mutua"

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Felicity

Tive pesadelos durante toda a noite, e acordava a todo momento assustada pensando que Dylan estava ali para terminar o que começou, mas então eu olhava para o lado e via Scott ali, e me sentia imediatamente segura sabia que não era certo, todas essas coisas que ele me fazia sentir, essa era uma relação com prazo de validade eu tinha que ter isso em mente, sabia que assim que ele descobrisse sobre o meu passado me mandaria embora e eu não poderia sequer culpa-lo, ele teria toda razão para me mandar para fora de sua vida, afinal qual seria o motivo de manter esse acordo sendo que poderia ter a mulher que quisesse, e tendo uma carta de opções tão mais ampla porque escolheria alguém como eu? Suja, marcada tanto na alma quanto no corpo.
Levantei primeiro que ele e depois de tomar um banho demorado e colocar um vestidinho soltinho na cor rosa que para mim é um exagero.
Eu saio do quarto e verifico que ainda é cedo, então resolvo ver o que tem na cozinha para fazer o café da manhã, passo pelos corredores observando toda a extensão do apartamento que durante a madrugada quando chegamos não tive a oportunidade e nem no dia do jantar depois que fiz compras já que estava atrasada. Reparo que todo o apartamento é muito bem organizado e decorado em tons de preto e branco tudo muito masculino, nem um pouco de cor em canto algum. Desço as escadas de mármore preto depois de passar pela sala de jantar entro na cozinha observando o cômodo.  Abro a geladeira e vejo que tudo o que tem aqui são comidas congeladas bacon e alguns ovos, encontro também algumas laranjas e constato que estão quase podres, e decido então espreme-las e fazer um suco. Retiro o bacon da geladeira e os ovos preparando-me para frita-los, continuo a preparar o café cantarolando uma música qualquer e dançando animada afinal quem canta os males espanta, enquanto misturo um pouco de farinha que achei escondida nos armários os ovos e a açúcar para fazer panquecas.
— Embora adore a forma que está dançando agora my bunny, eu preferiria mil vezes que estivesse nua! – Dou um pulo devido ao susto e viro-me em direção a sua voz levando a mão suja de farinha ao peito. Ele me encara com aquele sorriso cínico e ao mesmo tempo malicioso e observo que está somente de cuecas.
— Droga Scott, vá assustar a sua mãe! – Brado, ao constatar que o estava observando além da conta. — Bom já que está aqui venha me ajudar com o café! – Digo fazendo sinal para que ele venha me ajudar, e rindo internamente de sua cara de espanto.
— Você só pode estar de brincadeira! – Ele me encara como se duvidasse do que eu disse. — Eu não sei nem ferver agua! – Ele argumenta.
— O que? E o que é que você come Scott? – Pergunto indignada. É sério que ele não faz nada? Deve ter dezenas de empregados.
— Comida ué, Olga faz para mim! – Ele diz como se fosse obvio desde o início. E quem é Olga? — É a mesma que separou roupas para você! – Responde como se lesse meus pensamentos e sorri. — Olha só, você não pode esperar que alguém seja rico, inteligente, gostoso, bonitão, bom de cama e ainda saiba cozinhar! – Fala presunçoso.
— Você se esqueceu de uma característica! – Falo dando um sorriso sarcástico em sua direção.
— Qual? – Pergunta pensativo.
— Modesto, porque você senhor Hamilton é a modéstia em pessoa! – Rio. — E claro tem a parte de ser um idiota também, mas isso não sei se podemos pôr na lista de qualidades! – Completo fechando a cara em sua direção, ainda não me esqueci o que aconteceu no casamento.
— Acho que está na hora de termos uma conversa Felicity! – Ele exclama. Respiro fundo, cinte de que teria esta conversa mais cedo ou mais tarde. — Sobre sua suposta não relação com Dylan O’conner.
Voltei para o armário e comecei a limpar e guardar algumas coisas no lugar. Depois me virei e me apoiei na ilha para observa-lo, enquanto criava coragem para lhe contar a verdade, pelo menos a que eu achava necessária.
Os olhos dele desceram do meu rosto e olharam para o vestido rosa.
Os olhos de Scott continuavam em mim, e eu tive que lutar contra o impulso de sair correndo pela porta e inventar alguma desculpa que explicasse o fato de conhecer Dylan, a realidade é que essa é uma parte do meu passado que eu ainda não estou disposta a revelar, tantos trauma e medos que acho que sucumbiria, ninguém pode me ajudar. Em vez disso suspirei e resignada fui até o fogão e depois de pegar um prato de um conjunto de porcelanas que encontrei, servi o bacon os ovos e o suco de laranja empurrando tudo na direção de Scott.
— Se quer mesmo conversar sobre isso, eu acho...acho que devia comer alguma coisa! – E indico o café da manhã que fiz. — Se quiser fiz panquecas também, é uma receita que aprendi com mamãe e acho que você vai gostar.
Scott finalmente assentiu com a cabeça e sorriu em minha direção, não um sorriso daqueles conquistadores a que me costumei a presenciar, mas um verdadeiro.
— Obrigada, mas você também devia comer depois do que aconteceu ontem! – Assenti, dando a volta no balcão e sentando-me ao lado de Scott, no entanto servi-me apenas de um copo do suco.
— Não estou com fome, além disso não como muito pela manhã! – Respondo diante do olhar severo que me lançou ao constatar que aquilo era tudo que eu comeria, por agora pelo menos.
— Está bem, desde que se alimente no almoço. Agora que estamos nos alimentando acho que é hora de você começar a falar! – Eu permaneci calada diante das suas palavras, abaixei a cabeça fitando o copo meu copo de suco ainda intocado em cima do balcão.
— Tudo bem, se não quiser falar sobre isso agora não precisa! – Ele diz depois de segurar minha mão.
Aperto sua mão na minha e imediatamente sinto-me encorajada a contar tudo a ele, ah deus como eu queria, fecho meus olhos como uma tentativa de afastar esses pensamentos.
—— quanto menos souber melhor será Scott, tudo que precisa saber é que Dylan é muito pior do que imagina, e é alguém que quero deixar no passado. – repondo tomando um gole de suco de laranja.
Seus olhos me encaram cheios de um sentimento que conheço muito bem, eu queria lhe contar mas não posso arriscar.
—— Felicity cedo ou tarde você terá que me contar, não vou me casar com alguém que não confia em mim e em quem eu não confio, my bunny eu posso protege-la sei dos seus medos, sei o que passou mas preciso saber de sua boca.
—— Como é que sabe? – Pergunto desconfiada. —— O que é que você sabe?
—— Conheço pessoas muito poderosas, pessoas que queriam destruí-lo e a quem perguntei coisas, cobrei favores tudo que consegui reunir me deu nojo, preciso saber, preciso ouvir de você felicity. – ele me encara de deixando sem escolhas.
Quando scott terminou de falar, baixei meus olhos para o chão. Eu queria ser capaz de esconder as lagrimas que inundaram os meus olhos e escorreram pelas minhas bochechas, mas não pude. Eu sempre estive sozinha, durante doze anos sempre sozinha, convivendo com a minha culpa e com tudo que ele me fez. Na única vez que contei a alguém sobre o que ouve eu fui taxada como culpada. Foram anos sofrendo sozinha, anos enfrentando os pesadelos, com verdades entaladas na garganta e sabendo que não havia ninguém que pudesse me ajudar, ninguém com quem contar.  E agora de repente, de uma hora para outra eu tinha alguém com falar, para quem confessar o terror que vivi todos esses anos.
—— Fale-me my bunny, desabafe. – ele diz com a voz suave.
Não pude responde-lo por causa do bolo em minha garganta, ele me puxou para seus braços e soluços irromperam de mim e eu chorei tudo o que podia. Acho que se não estivesse sentada  minhas pernas bambas e os joelhos trêmulos não seriam o bastante para me sustentar e eu desabaria com os joelhos no chão frio de mármore. Senti o aperto dos braço fortes de scott ao meu redor e deixei que ele me acalentasse eu precisava de todo o conforto que ele pudesse me dar neste momento.
Scott deixou que eu molhasse seu peito com minhas lagrimas, acariciou meus cabelos e beijou seu topo.
—— Sinto muito, sinto tanto Felicity. –Scott murmurou contra meus cabelos eu percebi que até sua voz estava embargada, como se ele lutasse para não chorar junto comigo. Afastei-me de seu rosto no intuito de olha-lo, e respirando fundo sequei as lagrimas que teimavam em cair por meu rosto. Fui surpreendida quando encontrei seus belos olhos verdes escuros me encarando cheios de lagrimas não derramadas, seu rosto ainda era aquele do homem forte, maciço e puramente masculino, do homem com eu me sentia segura. Mas seus olhos mostravam uma fragilidade que eu nunca tinha visto antes. Fragilidade, raiva e medo.
Levei minha mão até seu rosto acariciando sua bochecha. Scott não fechou os olhos pelo contrário ele passou a me encarar com ainda mais intensidade, a espera do meu relato. Engoli o nó na garganta e respirando fundo preparei-me.
—— Bom, acho que devo começar do princípio. Eu tinha quinze anos quando meus pais resolveram se mudar para florida, lá papai alugou um quarto cozinha para nós, os negócios iam mal e ele não tinha muito dinheiro, mamãe conseguiu um emprego de garçonete e eu passei a ajuda-la depois da aula todos os dias. Acho que quase dois meses depois que nos mudamos eu consegui uma bolsa de estudos para estudar num desses colégios de rico, então passou a ser raro que eu ajudasse mamãe, um dia Dylan apareceu lá, sentou-se no balcão e começou a ver o cardápio, mas reparei que não parava de me olhar. Ele era o capitão do time de futebol do colégio, o mais popular entre os populares e isso me fez questionar o por que dele estar ali e parecer tão interessado em mim. Essa foi a primeira vez que o vi sem os amigos e me notando, claro que passei a sonhar com ele e me iludir, era um garoto bonito e popular que me dava atenção. Ele ia a lanchonete todos os dias e ficava me observando, com o passar do tempo eu acabei entrando para a equipe de torcida e em um dos treinos eu estava ditraida divagando e não prestei atenção ao que fazia, ele me salvou de uma queda bem feia. Foi o dia em que ele me chamou para nosso primeiro encontro. Eu aceitei.
Senti uma lagrima escorrer por meu rosto.
—— Pode parar ai se quiser.
—— Não. – Neguei, respirei fundo e prossegui. —— Fomos ao cinema, ver uma comedia romântica qualquer, e depois ele me deixou em casa na hora de se despedir me roubou um beijo, foi tudo tão perfeito que eu devia ter desconfiado. Quase um mês depois já estávamos namorando. O problema de verdade começou apenas alguns meses depois, primeiro foram as brigas por causa do seu ciúme, depois vieram as agressões, e as ameaças. Dizia que era culpa minha, que eu era uma vagabunda e tantas outras coisa. – conto soluçando. —— Ele me disse que era muito rico e que seu pai era importante e por isso nem adiantava que eu contasse a alguém pois ninguém acreditaria em uma pirazinha que não tinha onde cair morta, eu não acreditei nele no inicio Scott contei a minha melhor amiga da época, mas ela riu da minha cara e disse que era minha culpa e que eu devia agradecer por Dylan não ter largado uma vagabunda como eu. Minha mãe chegou a notar minha mudança, meu jeito que antes era extrovertido se tornou cada vez mais quieto, passei a tentar esconder as marcas com blusas de gola alta e maquiagem. Ela me perguntou diversas vezes o que estava acontecendo, mas eu fugia, tinha medo dele descobrir que falei e fazer mal a eles, meus pais são tudo que tenho. – outro soluço, desta vez mais forte. —— para os outros ele ainda parecia aquele perfeito e romântico do início, certa noite no nosso aniversario de dois anos de namoro eu decidi que terminaria tudo, fugiria para qualquer lugar que fosse longe o suficiente dele. Nessa época os estupros já haviam começado e eu descobri que estava gravida, foi o pé que faltava para eu me decidir e deixa-lo. Armei tudo, comprei passagens para o México fiz minha mala, não me orgulho do que fiz mas era por meu bebe entende? Eu tinha apenas dezessete anos, estava com medo e machucada. Fui até a rodoviária e estava pronto para embarcar e me ver livre daquele monstro mas ele me encontrou, me arrastou até seu apartamento no centro e me bateu, eu implorei a ele. – digo chorando ao me lembrar. —— contei que estava gravida, mas isso só serviu para deixa-lo mais furioso, ele passou a me bater com mais raiva, deu-me tantos chutes na barriga, socos, chegou uma hora em que parei de chorar já não doía mais, o meu sangue que antes escorria pelo chão agora havia secado. Ele deixou-me desacordada, e saiu. Quando acordei estava presa em uma cama de ferro, com as pernas amarradas e totalmente nua, havia sangue por todos os lados e meu corpo inteiro doía.
—— Por deus Felicity pare, não posso mais ouvir. – ele diz com lagrimas nos olhos. E os punhos cerrados em fúria.

                                 📚

PARECE QUE A COISA FOI FEIA HEIN?
Tadinha da nossa ruiva, e que odioooo desse Dylan infeliz. 
Espero que estejam gostando babys e até o proximo capitulo na semana que vem ❤

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