wish

seven

  Engraçado como existem tantas formas de dizer "eu te amo", mas as pessoas fazem questão de esquecer todas elas.

  Às vezes não precisa nem mesmo de palavras, e mesmo assim, ninguém sabe muito bem o que fazer.

  Sana não sabia o que fazer quando encontrou Dahyun na chuva na volta pra casa.

  A garota segurava um guarda-chuva amarelo e de longe acompanhava a loirinha apressar os passos para casa enquanto a chuva caía em si. Estava abraçada ao seu próprio corpo, provavelmente porque fazia frio e havia esquecido o seu casaco em uma das mesinhas do refeitório.

  A Minatozaki estava desesperada, não sabia como se aproximar da outra antes de morrer de nervoso.

  Mesmo assim correu com suas botas amarelas até a Kim, tocou em seu ombro com a pontinha dos dedos e ofereceu seu guarda-chuva.

  Sana nunca esqueceria daquele dia, quando andou abraçadinha na chuva com Dahyun.

  A garota sempre reclamava de seu casaco de frio ser grande demais para o seu corpo pequeno, mas não naquela noite quando o casaco gigante cobriu ela e Dahyun enquanto voltavam para casa.

  Mas quando Kim entrou em casa e se despediu de Sana com um daqueles sorrisos tão bonitos, a morena se sentiu triste. Porque sabia que Dahyun continuaria ali com seu livro e Sana em sua escrivaninha com os desenhos, sabia que não teria coragem de se aproximar novamente.

  No entanto, naquela noite fria, ao voltar sozinha o resto do caminho para casa, Sana tropeçou em uma estranha caixinha deixada no chão. Era pequena demais para uma caixa de sapatos e grande demais para uma daquelas caixinhas onde as mulheres costumam colocar suas jóias.

  Como a chuva começou a ficar mais forte, apenas teve tempo de colocar o objeto debaixo do braço por entre o casaco e correr para casa.

  Ao chegar no lugar, foi direto para o cômodo de costume, tirando o objeto prateado do casaco e depositando com cuidado sobre a cama. A caixa em si era pesada, continha pequeno galhos com algumas pétalas entalhadas na prata, mas não parecia conter algo muito grande em si.
 
  Claro que Sana, como a garota boazinha que era iria procurar o dono ou a dona daquele objeto no dia seguinte ou talvez até deixar um bilhetinho no lugar onde achou a caixa caso alguém lembrasse de ter a deixado por ali e resolvesse voltar para buscar.

  Mas sua curiosidade gritou mais alto e talvez não fizesse mal abrir a caixa só um pouquinho para espiar.
 
  O que havia lá dentro no entanto não era nada esperado pela Minatozaki. Uma caixinha de fósforos e uma vela azul.

  Na parte de cima da caixa, não havia nenhum nome, nada que se parecesse com uma marca industrial, apenas o desenho do que parecia ser uma fada segurando uma estrela. Era um desenho minúsculo, os detalhes pareciam vindos de algum quadro renascentista, lembrava uma criatura mitológica, seu olhar no fundo tinha algo sombrio, parecia encarar Sana o tempo todo.

  A vela era normal, parecida com aquelas que as crianças botam em seus bolos de aniversário. Notou que havia cravadas na cera azul quatro letras na diagonal formavam a palavra "Wish". " Desejo".

  Não havia mais nada na caixa.

  Sana abriu a caixinha de fósforos, percebendo que havia um único palito ali. Estranhou ainda mais toda aquelas situação quando seu nome apareceu no interior da caixinha.

  Sana não estava entendendo mais nada, não podia ter só aquilo na caixa, não fazia sentido algum.

  Pegou o objeto prateado e procurou com mais atenção. Nada.

  Virou de ponta cabeça e lá estava, mais uma vez entalhada em detalhes metálicos, uma única frase:

"Você ganhou um desejo."

  Abaixo seguiam pequenas instruções bem claras.

"Use o desejo com sabedoria"

"Você não pode pedir dinheiro, nem fama"

"Não pode desejar o amor de outra pessoa"

  Mas afinal, "tudo o que Sana mais desejava era a atenção de Dahyun".