Corte Da Estrela Caída

Capítulo 1 - Ayla

Cheguei de volta no meu reino, sangue e sujeira de dias estavam por todo meu corpo. Atravessei para minha cabana, sentindo uma sensação estranha e ao mesmo tempo boa, talvez os meses fora tenham me feito sentir saudades.
As luzes estavam apagadas e não me dei ao trabalho de acender, não me lembro ao certo em que momento apaguei mas o fiz e pela primeira vez em muito tempo não fui acordada por nenhum pesadelo.
4 horas depois já acordei, o sol brilhava forte pela minha janela, me levantei olhando ao redor, o sorriso no meu rosto era estranho como se algo estivesse prestes a acontecer, e ao olhar para as estantes grandes e o armário aberto o sorriso se desfez e agora eu tinha certeza que algo estava prestes a acontecer mas não ia ser nada bom, tudo havia sumido.
Depois de um longo banho e de colocar a armadura curta de um tipo de couro bege e que estava ainda mais curta e apertada considerando que foi minha primeira "armadura", graças a mãe eu havia escondido, era uma boa recordação do melhor presente que minha irmã poderia me dar e também algo para que eu não aparece pelada em público, eu saí da minha cabana, desci a montanha com fúria estampada na minha cara, segurei minha espada com tamanha força que meus dedos estavam brancos mas mesmo brava aquele sentimento persistia, como se algo estivesse me puxando.
Passei por alguns dos meus soldados, eles me olharam de cima abaixo mas não ousaram falar nada, no entanto eu precisava saber onde o Grão senhor estava.
- Soldado Mirk. -minha voz era alta e autoritária.
- Sim General? -o garoto ruivo estava em formação de sentido, mas parecia aterrorizado.
- Sabe me informar onde está o Grão senhor? -se me lembro bem, ontem ele não estava no palácio.
-Esta na sala do trono general!
- Obrigada Mirk.
Vi o olhar dele sobre minha espada e seus olhos se esbugalharam mais quando dei as costas andando na direção do trono.
Andei rapidamente até lá e fiz barulho suficiente para que ele soubesse o que estava por vir, abri a porta violentamente com meu poder encontrando o grão senhor sentado no trono, eu sabia que ele não estava sozinho, sentia o cheiro da escuridão e de sombras além do aroma cítrico mas eles não queriam ser vistos então continuei, rapidamente estava perto do trono.
-O senhor invadiu minha cabana? - falei alto e parece que tudo ficou em silêncio, nem uma respiração do lado de fora. - e roubou meus livros e todas as minhas roupas?Queria que eu viesse pelada?
-Eu não roubei, elas me pertencem. -falou simplesmente.
-Eu fui em uma caçada ridícula e o Senhor me rouba? -fiz uma pausa mas continuei mantendo um auto controle que só precisava usar com soldados. - Eu comprei tudo aquilo com meu dinheiro. -minha voz deixava claro o que eu sentia.
- Dinheiro que eu pago a você, além disso eu deixei os vestidos.
-não tinha nenhum vestido, e os outros quartos estavam vazios também... -falei enquanto pensava. E então lembrei que só duas pessoas podem entrar na minha cabana e apenas uma e idiota para deixar o rei entrar e mais idiota para me deixar sem nenhuma roupa, e parece que o rei teve o mesmo pensamento.
- ALEF - falamos em uníssono.
Mas ao me virar vi ele no canto da sala rindo.
-Eu vou arrancar suas bolas primo! -falei alto fazendo ele rir mais.
Alef olhou para o grão senhor antes de vir na minha direção e me abraçar forte, eu amava seus abraços e como me sentia pequena perto dele mas nunca falaria isso para ele já que em todo caso eu odiava abraços, mas sorri verdadeiramente e só então lembrei dele e da princesa Suri e como sentia saudades deles, minha família.
O pensamento durou pouco antes de eu sentir estar sendo observada e aquele cheiro de sombras -como eu poderia sentir cheiro de sombras?
Usei meus poderes para anular aquele na sala, foi fácil até demais e então os vi, Corte Noturna eles estavam lá, o Grão senhor parecia em choque pelo que fiz com seu poder e talvez algo mais, fiz uma curta reverência antes de me virar para o meu senhor.
-Resolveu realmente criar uma aliança com Prythian ?
-Pensei na sua ideia durante esses meses e você tinha toda a razão.
Sem mim, ele estava fazendo uma reunião sem mim, criando uma aliança que foi minha ideia.
-acho que vou cuidar do acampamento Illyriano já que Alef está aqui descumprindo minhas ordens.
- O grão senhor acha que eu sou mais bonito para receber convidados. -Alef falou sem permissão como sempre.
- Isso é porque eu não estava aqui Primo. -falei dando as costas a todos na sala e sentindo seus olhares me queimarem.
- Venha cá, você sempre foi melhor conversando do que eu. -meu grão senhor falou no meio de um suspiro, e eu dei a volta.
- Você tem razão velhote - o olhar dele brilhou com diversão enquanto os outros do círculo íntimo da corte Noturna pareciam curiosos.
- Se apresente! -ele falou com um tom que a séculos eu não via mas antes de eu conseguir falar a porta se abriu violentamente e uma figura magra e baixa apareceu correndo para os meus braços, Suri era graciosa.
Ela quase me derrubou mas como sempre eu segurei firme.
-Tudo bem Princesa? -falei delicadamente.
-achei que você tivesse morrido - ela mal conseguia falar enquanto chorava.
- me entristece que você ache que monstrinhos poderiam me matar -um sorriso de lado surgiu em meu rosto mas ao olhar para o lado vi que os convidados iriam reverenciar Suri.
Era de se esperar que o fizessem já que nosso reino diferente do deles costumava usar tanto grão senhor como rei.
-Não precisam fazer isso- o grão senhor interveio calmamente - é apenas o apelido da dama de companhia.
Então eu me levantei e Suri me acompanhou indo para o lado de uma das poltronas e ficando parada como uma estátua.
-Meu nome é Ayla e eu sou a general do acampamento Illyriano do reino e a comandante dessa terra.
Olhei para eles com um olhar destemido e sorri falsamente mesmo ao me curvar, sempre com a cabeça levanta e a postura ereta, mas assim que meus olhos encontraram os olhos avelã, algo dentro de mim aconteceu, talvez as sombras dele fizesse com que meu poder acordasse mas logo desfarcei e olhei para os outros, eu já os vi, não tão de perto e não deixei que eles me vissem mas eles eram tão... Familiar era essa a palavra, e ao olhar para o grão senhor pude jurar ler essa palavra também, Morrigan não parecia interessada em mim e sim em Suri, se ela estava planejando atacar minha irmã nós teríamos um grande problema.
- Não esse -meu pai falou depois de alguns segundos.
A quanto tempo eu não falava esse nome... Mãe me ajude.
- Meu nome é Valery, eu sou a Herdeira do reino de Moonlight. -minha voz possuía confiança e meu rosto como sempre que não estava com meu círculo íntimo era a máscara de frieza e determinação mas como sempre era uma fachada. -... A princesa escondida.
Quatro deles me olhavam com fascínio, incluindo Morrigan, mas ao olharem em meus olhos eles pareciam... decepcionados?
- É um prazer, Princesa Valery - a grã senhora foi a primeira a falar, com um tom que só podia pertencer a uma humana.Sorri para ela em agradecimento e fui me sentar no trono enquanto uma calça magicamente apareceu no meu corpo.
-Por favor me chame de Ayla. -olhei para meu pai e recebi um olhar triste que logo sumiu. Então senti uma pontada na cabeça e fiz com que minha parede acertasse quem tentou ver meus pensamentos e lembranças. -É feio tentar entrar na cabeça de alguém sem permissão. Não faça em mim e não farei em você.
Eles me olharam estranho mas continuaram.
Eu fiquei quieta no meu acento tentando descobrir o que tinha perdido e pelo que eu soube a corte Noturna estava adiantada e pela noite chegaria outra corte a Diurna e no outro dia o restante chegaria, meu pai resolveu fazer a aliança com o intuito de ajudar depois do rei que destruiu o murro, algumas vezes dava a minha opinião como general até que outras coisas foram postas em pauta mas sinceramente sinto que vou desmaiar de fome.
Senti o olhar do mestre das sombra em mim e olhei igualmente para ele, suas sombras pareciam contar algo para ele, fascinante era a única forma de descrever, meu poder era oposto, brilhante, de todos os homens ali sua beleza clássica me deixava maravilhada.
E então ele pareceu se comunicar com o grão senhor que o olhou e levantou.
-Acho que podemos terminar essa conversa mais tarde.
E então me levantei mantendo a postura.
-Concordo, podemos continuar essa conversa a noite em um jantar informal.
-Jantar? -A voz de meu pai era curiosa e tinha algo mais ali, algo que não soube decifrar.
-Desculpem meu pai ele não está acostumado com hóspedes tão importantes. -falei simplesmente.
-O jantar será formal... -meu pai falou se levantando e me olhando de lado com uma expressão que parecia um desafio.
Uma risada abafada podia ser ouvida onde Alef se mantinha em posição de sentido mas eu sinceramente não me importava com nada além da comida de Kenana na cozinha.
Nós despedimos dos convidados, ajudamos a encontrarem seus aposentos e então fui comer algo antes de uma possível discussão com meu pai.