Capítulo 7 - Az

114 10 3
                                    

Cassian parecia tranquilo do outro lado de Elain, ele podia fazer piadas ruins e ser completamente irritante mas era um ótimo General e um grande estrategista então consegui relaxar ao ver o semblante descontraído que ele possuía. Senti um pequeno movimento irritadiço de Elain ao meu lado e vi Lucien voltar ao seu acento de frente para ela, também consegui ouvir que a General novamente puxava um assunto descontraído, entre todos da mesa ela parecia ser quem mais estava realmente tentando parecer amigável eu apenas estava querendo descobrir se tentar tanto assim era um bom sinal.
Talvez afinal Rhys e Cassian estivessem certos, eu estava trabalhando muito, com a queda da muralha as coisas ficaram um tanto caóticas, pequenas batalhas entre fericos que iam contra uma nova muralha e aqueles que iam a favor, eu também tentava espionar do outro lado apesar de não acreditar que os humanos viriam a nós atacar, e é claro tinham aquelas merdas de sonhos que mais pareciam visões, as sombras costumavam sumir no entanto enquanto acontecia, os sussurros que as vezes eram cruéis ficavam quietos. Talvez eu devesse apenas aproveitar o jantar afinal.
-Eu desafio você e seu primo como da última vez - O homem falou mais alto animado. - Mas dessa vez serão contra 220 soldados! -Isso parecia um tipo de massacre.
-220 ? Da última vez eram 100...
-Na verdade - O mais velho interrompeu - serão 220 dele e 50 dos meus.
Os sorriso dela era astuto, convivi o suficiente com meus irmãos para saber que ela sabia o que estava fazendo, alguns minutos depois ela chamou seu "primo" Alef e então a fêmea intitulada "princesa" que viera com a mesma semblante de humor, por um segundo lembrei de um dia no chalé, talvez devêssemos ir lá de novo.
Logo o desafio foi aceito, uma batalha de dois contra 270 por... doces? Olhei para o Círculo Íntimo mas parecia que não foi só eu que senti estranheza, até mesmo Hélion que até o momento era pura frieza parecia curioso. Pelo que parece eles iriam nós demonstrar um pouco de sua força já que nos convidaram. Vi o momento que a Princesa General pós suas mãos abaixo da grande mesa e olhou para Mor com certo receio mas logo estendeu seu braço para o homem que a desafiou, ela segurou o antebraço dele e ele fez o mesmo com ela em algum tipo de acordo. Olhei para a mão dela, sua pele era clara mas ao mesmo tempo quente como eu já havia notado mais cedo e em sua mão uma cicatriz branca descia do dedo médio e ia ficando um pouco mais larga a medida que chegava ao pulso que estava tampado, ela tirou o sorriso do rosto quando notou que observamos e pegou seu bracelete para colocar no lugar, até o momento eu não prestei tanta atenção nele, ele era prateado e tinha desenhos dourados com várias linhas em espirais, meu coração errou a batida, eu já vi eles e tinha certeza disso.
- é ela - sussurram as sombras
Foi só nesse momento que notei que estava olhando sem parar, desviei o olhar ao mesmo tempo que notei Cassian me observando com interesse.
Porra, meus pensamentos pareciam correndo em direções opostas e as sombras sussurram coisas demais para entender, ela poderia ter feito algo comigo? Não, ela parecia alheia a isso... Mas talvez fosse algum plano mirabolante, e porque ela mandaria imagens estranhas? Merda, merda, merda!
-Então General. -ela chamou e só então notei que Cassian ainda me encarava, ele então desviou para ela. -Já conseguiu ver nossos soldados? Estou curiosa para saber como são os Illyrianos em Prythian.
-Bem, -disse ajeitando a postura. -vi um pouco mas notei algumas mulheres por aqui, nos ainda estamos com dificuldades nesse ponto.-Eu não sabia como Cassian comandava eles, Illyrianos nunca gostaram de nenhum de nós e para mim o sentimento é mútuo.
-As mulheres que você viu devem estar aqui apenas visitando, a maioria das guerreiras não quer fazer parte desse campo, só temos duas Illyrianas. - Cassian pareceu contido. - Illyrianos são meio difíceis. -Olhei para ela mas uma vez alheia a minha confusão.
-Mas estamos tendo bastante avanço sobre a proibição de cortes. -A raiva não era evidente na voz dele mas eu via quando ele chegava do acampamento. -Alguns ainda cortam clandestinamente no entanto.
-No nosso reino o corte foi a muitos séculos proibido, -Olhei de novo para a suas costas, ela possuía poderes então poderia esconder talvez. - temos um lugar especial para quem não aceitar as proibições.
Pensei em questionar mas ao mesmo instante uma voz se fez ouvir.
-O que houve com as suas asas? -Rhys foi quem perguntou.
Vi a dor por trás de sua voz, eu não precisava olhar para onde ele estava para saber que ele ainda sofria com o que havia acontecido em Sob a Montanha, ele mais do que qualquer um amava voar e no entanto escondia suas asas apenas para mantê-las.
-A muito tempo eu fui brincar na floresta perto do palácio, ninguém viu. -sua voz não possuía emoção alguma -Lá acabei encontrando um homem, um rei de um reino também escondido, ele cortou elas e me deixou para morrer, um soldado me encontrou antes do pior. -dando de ombros fingiu não se importar, já o rei parecia prestes a chorar e eu fiquei com vontade de protegê-la , uma pequena sombra minha parecia estar tentada a ir até ela.
-Sinto muito. -Feyre falou com tristeza.
-A Senhora não precisa sentir, eu era uma criança e nem sabia usá-las ainda. -e então acrescentou -Além disso não preciso voar para lutar melhor do que esses aqui.
Ela sorriu apontando para os homens a sua frente, novamente notei que aquele sorriso não chegava aos olhos.
As estrelas que faltavam em seus olhos foram tomadas pela escuridão, eu sabia disso, eu via isso a algum tempo ao olhar para os meus próprios.
Enquanto a conversa fluía tranquila, me perguntei se aquela era toda história, o rei podia esconder a princesa por medo mas isso iria contra deixar ela como General, em uma batalha ela estaria na linha de frente. Uma coisa era certa, amanhã antes da reunião eu iria investigar.
Olhando pelo canto dos olhos vi que a Princesa se movimentava desconfortável e então sussurrou com o rei e logo pediu licença, antes de conseguir passar pela porta ela foi cercada de soldados até que finalmente saiu. O rei ficou olhando por onde ela saiu por alguns segundos como se para ter certeza de que ela não ouviria e então pediu a Ferg, o velho ranzinza, para buscar o melhor vinho.
-Ela possuí asas. -falou recebendo um silencio em troca. -Ayla não mentiu quanto ao corte, ele ocorreu, lembro do soldado me trazendo ela no colo, não se lembrava direito nem do próprio nome e estava toda ensanguentada. -abaixando a cabeça ele continuou. -Eu tentei mante-la presa aqui, então o desgraçado a roubou em plena luz do dia e torturou ela por dias, então devolveu como se jogasse na nossa cara que não podiamos proteger. -Ele olhou nos olhos de Rhys, dor e culpa serpenteando neles. -Ayla sempre foi obstinada e então quis aprender a se defender, eu no entanto achei uma ideia horrível, pedi que um guarda ficasse de olho nela mas ela foi mais esperta e fugiu, foi onde acabou encontrando um bastardo Illyriano cabeça oca...
-Adiciona a historia que ele também era irresistível. -Interrompeu alef, me perguntei se ele era algum parente distante de Cassian.
Mor riu de sua piada me deixando um pouco incomodado, já o rei o olhou com uma ameaça, alheio a isso ele sentou no braço da cadeira que era de ferg com um grande sorriso.
-Continuando, a nossa querida e delicada Suri que sempre foi um exemplo a ser seguido não contou sobre isso para ninguém.
-Desculpe. -A voz rouca dela soou baixa. -Mas eu faria de novo. -Sussurou, fazendo a sombra de um sorriso surgir em mim.
-O soldado que estava de guarda sempre acompanha de longe e também não achava um problema, logo ele ajudou Alef a ensinar lutas para Valery e também ajudar ele a melhorar.
-Posso contar a próxima parte senhor? -Questionou alef com uma mão para cima.
Respirando alto o rei fez um gesto para que ele o fizesse.
-Bem, apesar de alguns me culparem -falou apontando com o dedão para o rei que apenas revirou os olhos. -Valery foi quem teve a ideia de fugir e mudar seu nome para Ayla para ter treinamento e fazer o ritual, como um bom amigo eu apenas dei uma história de uma prima distante e minha mãe nos ajudou. -Fazendo uma pausa ele apenas concluiu. -Pode continuar senhor.
-Como ele disse, ela mudou seu nome. Ela fez o treinamento e juntamente com alef se tornou destaque, fez o ritual de sangue antes do esperado para se tornar um soldado junto com o bastardo, foram os primeiros a conseguir fazê-lo em tão pouco tempo mesmo que muitos os odiassem e quisessem eles mortos.
-Ainda não consegui entender sobre as asas. -Helion parecia frio, como na reunião com os grão Senhores e totalmente diferente de uma hora atrás.
-A história ficou maior do que o esperado mas estou chegando lá. -Com concentração extra ele continuou. -Assim que o ritual terminou Ayla desapareceu, nos a procuramos mas não encontramos nada. Aquele desgraçado a pegou de novo, torturou ela por 227 anos com seus soldados, -raiva fervilhava dentro de mim com a lembrança dos anos que Rhys foi torturado fazendo minhas sombras me cobrirem. - a gente não sabe muito do que aconteceu lá e nem sabiamos onde ficava, ela se esquiva sempre, só sabemos o que conseguimos ver. Foi la que seu poder apareceu e onde asas surgiram em cima de suas cicatrizes. Apesar de amar voar ela repudia suas novas asas, elas parecem com as suas mas são brancas e grandes demais. Ela conseguiu acabar com grande parte do reino junto com uma humana e voltou para nós -como um pensamento continuou. - mas tem uma parte dela que ficou a muito tempo perdida na floresta. -Ajeitando a postura falou simplesmente. -Ela foi quem quis a aliança, foi para protege-la que eu aceitei, vocês parecem confiáveis, me lembram das pessoas que mais admiro.
-Por que só quis a aliança agora? -Rhys falou ajeitando a túnica. -Por que não quando sua filha estava sendo torturada ou quando tiveram uma gurra a alguns anos?
O rei acenou para mim com orgulho pelo meu trabalho bem feito, mas ele continuou calmo quando respondeu.
-Seu pai nunca gostou muito de bastardos, caso não tenham notado na nossa maioria somos bastardos e por isso almejamos a paz. Quando falei com seu pai pela última vez ele me mandou nunca voltar para Prythian, disse que não importavamos.
Rhys sibilou mas se manteve impassível, todos a mesa pareciam pensar em cada pequena palavra da história, até as partes que não foram contadas mas apenas agradecemos e continuaram falando.
No entanto o que foi contado me deixou ainda mais curioso, aquela fêmea parecia estar brincando comigo, talvez aqueles sonhos era para mostrar que ela era poderosa para passar pela minha parede mental, não pensando sobre nada mais acabei pedindo licença para poder ir ao banheiro.
Não notei quando um Illyriano ficou me encarando durante o jantar, nem quando ele me seguiu.

Corte Da Estrela CaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora