Onze

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Ponto de vista de Xamã

— Sônia me convidou para almoçar na casa dela? — eu perguntei curiosamente.

Marisa segurando o telefone na mão balançou a cabeça na minha frente e eu continuei a observá-la por alguns segundos. Eduardo e Sônia não tinham o hábito de me convidar para ir lá, se não estivessem para me desejar um favor.

Fiz que sim com a cabeça e observei-a devolver o telefone ao ouvido e dar uma resposta positiva à mulher na ligação. De volta ao meu quarto, vi Maria Beatriz sentada na cama, com as pernas cruzadas, brincando com o celular. Eu realmente queria levá-la comigo, mas não sei como eles reagiriam, então achei melhor não.

— Vou almoçar na casa de Eduardo hoje, mas vou deixar você na casa de sua mãe antes. — eu já falei com uma toalha no ombro e roupas limpas nas mãos. — Eu queria te levar, mas sempre acabo brigando com Sônia no final do dia e não quero que você tenha essa visão sobre minha família.

— Tudo bem, eu entendo. Vou aceitar algumas faxinas hoje. 

Eu adorava que ela era tão compreensiva com tudo. Até parecia mentira que alguém entendesse tudo de uma maneira tão normal. Ou talvez eu tenha me envolvido com mulheres loucas a vida toda.

— Você é de verdade? Vou cancelar o almoço, ficar com você é mil vezes melhor. 

— Pode ser importante, você terá o resto de seus dias comigo ainda.

— Que privilégio o meu. — sorri saindo do quarto em seguida. 

[...]

Desviei meu caminho depois de deixar Bia na casa da mãe dela e ter recebido uma mensagem em meu celular. 

Virei Uber e nem sabia, porque aparentemente todos estavam procurando uma carona. 

Buzinei na frente da simples casa de tijolos cinza e não demorou muito para que a senhora de cabelos castanhos saísse e viesse ao meu carro.

— Oi, Jason. Você está bem? Nunca mais veio me ver. — ela era legal, mas eu ainda não entendia o motivo de eu estar lá ou dela ter me mandado mensagem. — Nicole já está chegando, ela ficou feliz que seus pais a convidaram para almoçar na casa deles.

Merda. Mil vezes de merda. Talvez eu tenha esquecido de dizer a Eduardo que Nicole e eu terminamos de novo e foi de verdade. Não acredito que teria que levar ela comigo.

— Estou tão animada para ver o bebê, você já está decidindo nomes? — a mãe dela indagou e eu a olhei confuso. Nicole estava aprontando alguma coisa. 

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, a própria cobra apareceu no portão e beijou a bochecha de sua mãe antes de dar a volta no meu carro e entrar nele como se ainda tivesse permissão espontânea para fazê-lo. Acenei para minha ex-sogra antes de sair com o carro.

— Agora me diga o que diabos você está fazendo? — indaguei sem olhá-la.

— Eu disse que não iria facilitar as coisas, não é? Só acho que você não contou ao seu pai que nós terminamos também, então tecnicamente eu ainda sou sua namorada e estou grávida de seu filho. Você não tem muita escapatória.

— É só eu desmentir.

— Vamos lá, Jason. Você já foi mais esperto, acho que sair com os pobres está fazendo sua cabeça. Sônia me ama, é claro que ela vai acreditar em mim.

— Que droga você quer de mim? — bati as mãos no volante. — Se for dinheiro, eu lhe darei o quanto você quiser, se forem roupas novas, também enviarei um cartão para você. Só não foda minha vida.

All Star | XamãOnde histórias criam vida. Descubra agora