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Se alguém perguntasse a Jungkook qual era o pior lugar do mundo, ele definitivamente responderia que era a cidade onde morava. Um mero pedaço de terra em uma província afastada e praticamente rural na qual apenas os seus residentes ouviram falar. Nada acontecia. Nada era novo. Nenhuma sensação. Nenhum rosto. Uma monotonia que cercava até mesmo crianças. O garoto achava até mesmo um milagre o acesso a Netflix e outros serviços de streaming na cidade.
Havia um ditado que dizia que quem nascia em Jinhae, morria cedo. Não fisicamente, mas a alma. Poucos eram aqueles que conseguiam sair de lá e menores eram os números daqueles que sonhavam com algo. Às vezes, Jungkook precisava se lembrar dos sonhos que tinha para não os perder, mesmo com seus pais lhe dizendo que seus desejos eram grandes demais para onde ele vivia, persistia. Mas era bem difícil manter esse pensamento sempre. Ainda mais em uma segunda-feira em que deveria ir à escola.
Nem mesmo uniforme ele tinha. Colocou uma calça de lavagem clara, uma camisa preta, uma jaqueta mais fina e o mesmo par de All Star surrados. Tudo isso obviamente depois de tomar um banho. Desceu as escadas da pequena casa para encontrar sua mãe sentada na mesma cadeira bamba de sempre e o irmão mais velho cozinhando. Jungkook nem se surpreendia mais com a presença de Yoongi em sua casa, sabia que aquilo era tão normal quanto a neve no inverno; ele apenas se perguntava quando o irmão iria perceber os sentimentos do melhor amigo. Cumprimentou o mais velho com um aceno, a mãe com um beijo na testa e Hoseok com um tapa na nuca, rindo quando este murmurou algo sobre o Jeon perder o respeito.
Hoseok fora adotado pelos pais de Jungkook quando tinha apenas 10 anos de idade. Foi muito bem recebido por todos da família, incluindo o pequeno Jeon, que estava fascinado por finalmente ter um hyung com quem brincar. Eram muito felizes, isto é, até o pai os abandonar por uma mulher de Seoul que havia começado a trabalhar no mesmo escritório de contabilidade que o pai dos meninos. Minji, a mãe dos garotos, aceitou tudo com uma condição: que a casa ficasse para ela e os meninos. Ao ver dos filhos, ela foi uma heroína por aguentar tudo de cabeça erguida e cria-los sozinha depois de tudo.
O mais novo do recinto acordou dos pensamentos quando seu irmão colocou um prato com o café da manhã em sua frente. Comeu em silêncio enquanto lia um dos livros necessários para fazer as provas cabulosas do professor Seokjin, já estava perto de terminar "Madame Bovary" e se desafiou a terminá-lo naquela manhã para já devolvê-lo à biblioteca quando voltasse da escola.
— O que está lendo, querido? – A mãe perguntou com a voz baixa que sempre tinha.
— Madame Bovary, já leu esse, mãe?
— Ah, já. Essa mulher era uma doida, arranja amante porque estava entediada. Minha filha, vá aprender uma costura, uma receita de bolo, sei lá.
Os três rapazes começaram a rir da mulher indignada com a história. Era justamente por esse motivo que o Jeon gostou tanto do livro. Quando Madame Bovary foi lançado, existiu um processo contra os capítulos publicados alegando que a história era um atentado às morais francesas e à religião. Nada agradava mais Jungkook do que fundamentalistas religiosos incomodados.
Observou o velho relógio cafona na parede da cozinha e se tocou de que precisava ir. Colocou o prato na pia, escovou os dentes no banheiro do andar de cima e se despediu dos outros três conforme encarava o Sol um tanto quanto forte para o horário. O andar de Jungkook era moderado e os passos eram tranquilos. Gostava de apreciar o cheiro da floresta que cercava sua casa e a cidade toda praticamente. Nos fones de ouvido gastos, uma banda australiana cantava uma música sobre a possibilidade de paredes terem ouvidos. O garoto amava a tal banda.
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o menino que morava na lua ♥︎ jikook
Fanficpreso a uma cidade pequena em que absolutamente nada acontecia, ninguém chamava sua atenção e seus sonhos pareciam grandes demais, jeon jungkook tinha como seus únicos refúgios a música e a floresta que praticamente era seu quintal. porém a monotoni...