O mundo não tem de ser justo!

Dia 2

- Minha senhora. - disse eu quando já estava perto da rapariga.
- Diz rapaz. - disse ela com um ar aborrecido.
- O que fiz eu de mal? - perguntei pensativo.
- Tens que 17 anos?
- 16 senhora.
- Diz-me rapaz, ela e tua namorada se quer?
- Não é apenas uma amiga.
- O sexo é suposto ser uma coisa intima! Repara rapaz, tu achas que vais casar com alguma dessas "amigas"? Quem sabe se a mulher da tua vida não esteve sempre ao teu lado mas tu nunca vais saber porque ela te julga um abusador que só quer saber de sexo! Tens de parar ou nunca vais encontrar A RAPARIGA!
- Mas como sabia que não ia ter com a minha namorada? - perguntei estupefacto.
- Porque todas as semanas vens a mesma farmácia e sais sempre com a mesma caixinha mas no entanto, eu moro por estes lados e NUNCA te vi de mão dada com uma rapariga.
- Podia ser só uma coincidência...
- Rapaz! Eu já tive a tua idade... Agora nunca te esqueças do que te vou dizer.
- Diga lá.
- "O sexo sem amor é uma experiência vazia." - disse ela passando-me a mão pelo rosto.

Fiquei sem palavras. Apenas fixei no seu olhar e foi como se encontrasse paz interior. Só aí reparei que aquela miúda era tão pura, como linda. Tinha um sorriso que parecia divino. Lábios cortados e o de baixo era extremamente grosso. Tinha olhos azulados limpos, quase como a água do mar quando vista de perto. E aqueles cabelos longos e encaracolados, com um leve castanho claro.

Ela entrou no carro a sorrir e eu fiquei quieto como se estivesse paralisado. Quando ela se foi embora, decidi que devia voltar para casa e esquecer o programa da tarde.
Passei o resto do dia a pensar no que a senhora me tinha dito, assim como no dia seguinte, e no dia a seguir desse... Decidi então ir à procura dela. Passei horas e dias em frente a farmácia e ela não dava um sinal de vida. Procurei então nos prédios das redondezas pois lembro-me de ela ter dito que morava aqui próximo. Nunca mais soube nada sobre ela.
Ela marcou-me de um modo irracional.
Quem me dera encontrá-la de novo e poder ao menos perguntar-lhe....

Quem és tu?