call me by my name • jhs + myg

PART 2 - Him

Naquele dia eu havia acordado atrasado. Eu esqueci de ligar o alarme, então acordei com Jungkook esmurrando minha porta da frente. Ele também estava atrasado.

Ótimo dia!

Nós nem sequer esperamos o elevador. Apenas descemos pelas escadas, pulando alguns degraus. Nosso ônibus estava quase deixando o ponto, quando nós chegamos, desesperados, implorando para o motorista nos deixar entrar.

Foi quando nos lembramos...

"Jungkook..." Chamei o garoto, que parecia aliviado ao sentar na cadeira. Ele jogou a cabeça para trás e fechou os olhos, respirando pesadamente.

"Oi?" Perguntou.

"E o Jin...?" Seus olhos se abriram, arregalados, e olharam para mim.

Porra.

Não tinha muito o que fazer, não podíamos voltar, tentamos ligar mas ele não atendeu. Hyung, se algum dia você ler isso, eu sinto muito, foi um sacrifício necessário.

Chegamos no campus da faculdade faltando exatamente 5 minutos para a tolerância de atraso, então corremos pelos corredores como loucos.

Como Jungkook estudava comigo, fomos juntos na mesma direção, descíamos dos obstáculos (as pessoas) e finalmente chegamos, bem na hora que a senhorita Kim havia se levantado para fechar a porta.

Ela nos deixou entrar, talvez por pena do nosso estado deplorável. Estávamos suados de tanto correr, mas valeu a pena, não poderíamos faltar. Então, nós sentamos nas mesas, prontos para a aula.

Algum tempo se passou, tivemos um pequeno intervalo, e mais uma aula se passou, agora era a última.

Foi quando aconteceu...

Eu senti uma dor nas costelas, a pressão no meu peito aumentou, eu estava sem ar. Tudo estava doendo.

Foi quando eu pensei. "Merda", disse mentalmente. Eu me lembro de virar para o lado e encarar o olhar preocupado de Jungkook. Talvez eu tivesse falado alto.

"Yoongi, você tá bem?" Seu tom preocupado soou pelo meus ouvidos, mas foi como um borrão.

"Eu já volto."

Eu pedi licença ao professor e me retirei da sala de aula, fui até o banheiro mais próximo, vendo que estava vazio. Entrei em uma das cabines e comecei a tirar o casaco, a camisa, depois a camiseta, e então... O binder, com certa dificuldade.

Abaixei a tampa do vaso e sentei nele por alguns minutos, alongando os braços, sentindo algumas pontadas de dor. Naquela hora, pensei em como a mãe de Jungkook ficaria brava em saber que dormi com aquilo.

Mas, ao mesmo tempo, pensei em... Mim. Encarei meu torso descoberto. Meu corpo parcialmente nu, e em como eu odiava olhar para ele, mas não conseguia parar.

De repente, a dor desapareceu, dando lugar a outro incômodo: eu.

Senti meus olhos matejarem. Minha respiração ficava pesada, mas por outro motivo. De repente, fui inundado. Não por lágrimas, mas por pensamentos deploráveis.

Meus olhos pesavam e, a essa altura, não me importava mais em chorar, então apenas deixei sair. Encolhi o corpo, abraçando minhas pernas, e chorei. Chorei como um bebê.

Senti meu peito arder, minha respiração ainda mais dificultada pelos soluços altos. E agradeci por estar sozinho, mesmo que isso fosse um problema, pois deixava um vazio ainda maior em mim.

Havia apenas uma voz em minha cabeça, uma assustadora e fria voz, que me dizia que, no final de tudo, eu acabaria exatamente como estou agora: sozinho.

As lágrimas aumentaram. Mas eu não estava mais sozinho.

Ouvi a porta do banheiro se abrindo, alguns passos e, então, eu ouvi sua voz pela primeira vez.

E ela era como um farol no meio do oceano agitado pela tempestade.

"Oi? Tem alguém aí?" Ouvi, próximo a cabine que eu estava.

Embora quisesse muito responder, eu não conseguia, eu não conseguia dizer nada, apenas chorar.

"Ei, você... Precisa de ajuda?" Agora, ouvi sua voz em frente à porta.

Pude ver seus pés pela festa debaixo, e vi seus tênis ridiculamente coloridos pela primeira vez.

Mas de novo, eu não conseguia responder.

"Hum... Okay... Apenas... Respire, tá bom?" Eu não respondi, mas ele continuou falando. "Você... Quer ouvir uma história engraçada?"

Ele perguntou, mas parecia uma idéia idiota, confesso, tão idiota que me deixou intrigado.

"Eu estava na cafeteria agora a pouco, matando aula, e fui buscar um café... Fui andar no corredor e, sem querer, trombei com alguém e acabei derrubando todo o café na minha blusa." Ele contava, sem se preocupar em ouvir uma resposta.

Mas, por mais idiota que parecesse, meu choro diminuiu um pouco.

"Quer adivinhar quem era a pessoa?" Ele perguntou, mas eu, novamente, não respondi.

"Nah, você não ia adivinhar mesmo... Era o meu professor. O professor da aula que eu estava matando. Você acredita na minha sorte?"

Ele terminou de contar, e riu, fazendo um sorriso pequeno surgir em meus lábios e, a essa altura, apenas algumas lágrimas grossas caíam dos meus olhos.

"Aí ele percebeu que era eu e perguntou porque eu estava nos corredores, eu juro que me desesperei, mas sabe o que eu disse?"

Dessa vez, ele não esperou uma resposta minha, apenas continuou falando.

"Eu disse que havia ido comprar um café pra ele, mas que acabei derrubando quando a gente se tombou." Ele começou a rir de novo. "E ELE ACREDITOU."

Sua risada era alta, e eu acabei rindo também, mas baixo e contido, ainda estava triste. Ele continuou rindo, até sua risada cessar, então eu notei, mesmo sem olhar, que ele havia ficado sério.

"Me desculpa, eu... Tenho essa mania de achar que todo mundo quer ouvir o que eu falo... Me desculpa se eu te incomodei ou... Algo do tipo."

Ao contrário de antes, seu tom agora era inseguro, sua voz estava denunciando toda a sua insegurança.

"Quer dizer, eu nem sequer sei seu nome, e... Enfim, me desculpe... Por favor, fique bem. Eu vou... Sair agora..."

Ele continuou, e agora sinto que ele realmente esperava uma resposta minha, mas minha boca estava travada. Por que ele estava pedindo desculpas?

"Então tá... Tchau..." Vi seus pés se afastando da porta da cabine, e me desesperei.

Mas, antes que ele saísse, eu disse, em alto e bom tom:

"Yoongi."

Eu ainda não o ouvi fechar a porta, então deduzi que ainda tinha sua atenção.

"Meu nome é Yoongi."

Ainda nada... Até que ele disse:

"O meu nome é Hoseok, e é um prazer te conhecer... Yoongi."

E foi assim que eu o conheci.